Com o mesmo princípio ativo do Saxenda, a
liraglutida Olire traz a promessa de democratizar o uso de análogos de GLP-1 no
combate à obesidade, mas especialista alerta: o uso exige prescrição,
acompanhamento médico e atenção à dosagem.
A partir de hoje, 4 de agosto, as farmácias brasileiras passam a contar com a
primeira caneta injetável de emagrecimento produzida integralmente no país.
Desenvolvida pela EMS, a Olire é uma versão nacional da liraglutida, mesmo
princípio ativo do Saxenda, primeiro análogo de GLP-1 aprovado para o
tratamento da obesidade. Com a fabricação local, a expectativa é ampliar o acesso
ao medicamento, reduzindo os custos (valor: a partir de R$ 307,26) para os
pacientes e fortalecendo o arsenal contra uma das doenças crônicas mais
prevalentes do mundo.
“A
liraglutida age no cérebro, diminuindo a fome, a compulsão e aquela busca constante
por comida, e também no estômago, retardando o esvaziamento gástrico. Ou seja,
é uma medicação que atua em múltiplos pontos do apetite e da saciedade”,
explica Dra. Tassiane Alvarenga endocrinologista e metabologista, membro da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Segundo
a especialista, embora tenha menor potencial de perda de peso média do que
moléculas mais modernas — como a semaglutida (Wegovy) e a tirzepatida
(Mounjaro), a liraglutida ainda representa uma alternativa eficaz para muitos
pacientes. “Estudos mostram que a perda de peso média com a liraglutida é de 8%
a 10%, mas há pacientes que respondem muito bem e podem chegar a 20%. Obesidade
não tem uma causa única, e por isso precisamos de opções diversas e acessíveis”,
reforça.
Um
alerta importante é a contagem dos “cliques” da nova caneta. Ao contrário dos
dispositivos importados, a Olire exige atenção na dosagem:
- 0,6mg = 10 cliques
- 1,2mg = 20 cliques
- 1,8mg = 30 cliques
- 2,4mg = 40 cliques
- 3,0mg = 50 cliques
“Não
é uma caneta de ‘apertar e pronto’. É um medicamento que requer ajuste,
estratégia e acompanhamento. Estamos falando de um tratamento para uma doença
crônica, que exige prescrição médica, orientação nutricional, movimento, sono e
rotina adequada. Não existe solução mágica”, afirma Dra. Tassiane.
A
chegada da Olire representa mais um passo na luta contra a obesidade, condição
que afeta quase 7 em cada 10 brasileiros com sobrepeso ou obesidade. Além da
perda de peso, a liraglutida também tem benefícios associados à redução de
colesterol, da circunferência abdominal, do risco cardiovascular e até da
melhora nos níveis de testosterona em pacientes com obesidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário