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No próximo dia 8 de agosto, é celebrado o Dia
Nacional de Combate ao Colesterol — uma data que chama atenção para os perigos
do acúmulo de gordura no sangue, geralmente associado a doenças
cardiovasculares. Mas o que pouca gente sabe é que o colesterol alto também
pode afetar diretamente os olhos, provocando alterações visíveis nas pálpebras
e silenciosas dentro da retina.
Sabe aquela manchinha amarelada próxima ao canto dos olhos, que
parece inofensiva e que muita gente trata apenas como uma questão estética?
Pode ser mais do que isso. “O xantelasma é um acúmulo de gordura e colesterol
sob a pele, que aparece nas pálpebras e deve servir como um alerta”, explica a
oftalmologista Dra. Cristiane Okazaki, gestora da especialidade de plástica
ocular do H.Olhos, Hospital de Olhos, da Vision One. Embora muitas vezes
indolor e discreto, ele pode estar apontando para um colesterol descontrolado,
mesmo quando os exames parecem normais.
Além do xantelasma, outras alterações podem aparecer dentro do
olho, sem que o paciente perceba de imediato. “O colesterol alto pode provocar
oclusões vasculares na retina, que são bloqueios nos vasos por placas de
gordura e podem causar perda súbita da visão. Também pode gerar exsudatos —
depósitos amarelos que indicam vazamento dos vasos e aparecem em doenças como
retinopatia hipertensiva ou diabética”, explica a médica do H.Olhos.
Os exsudatos são um sinal de que algo não vai bem nos vasos da
retina. “Eles se formam quando o colesterol alto danifica as paredes dos vasos
sanguíneos, facilitando o extravasamento de lipídios e proteínas. Isso causa
edema e pode comprometer a visão se não for tratado”, afirma Okazaki.
A retina, que funciona como um filme sensível à luz dentro dos
olhos, é altamente vascularizada — por isso, qualquer alteração no sangue pode
afetá-la diretamente. Segundo a oftalmologista, o colesterol elevado está
associado a uma série de doenças oculares, como o xantelasma palpebral, o arco
senil precoce (um anel esbranquiçado ao redor da córnea), oclusões vasculares
da retina, exsudatos e, em casos mais graves, até neuropatia óptica isquêmica,
que pode causar perda irreversível da visão.
“Em algumas situações, a pessoa só descobre que está com o
colesterol alto porque apareceu um problema visual”, alerta a Dra. Cristiane.
“Visão embaçada por edema na retina, perda súbita da visão ou o surgimento do
xantelasma podem ser os primeiros sinais clínicos do descontrole lipídico,
completa a oftalmologista.”
Mesmo quem não tem queixas visuais deve ficar atento. “O xantelasma,
por exemplo, não desaparece sozinho, mesmo com o colesterol controlado. Ele
pode ser removido cirurgicamente, mas seu aparecimento deve ser encarado como
um marcador de risco cardiovascular. Estudos mostram que pessoas com xantelasma
têm mais chance de infarto e AVC, mesmo com exames normais de colesterol”,
alerta a médica do H.Olhos.
A boa notícia é que o exame oftalmológico pode identificar
precocemente essas alterações. “Durante a consulta, conseguimos observar o
xantelasma externamente, o arco senil com o uso da lâmpada de fenda, e as
alterações vasculares ou exsudatos no fundo do olho, por meio do mapeamento de
retina. Em casos de oclusão vascular, o paciente costuma procurar o consultório
com perda visual repentina”, explica a Dra. Cristiane.
Outros fatores de risco, como hipertensão, diabetes, sedentarismo,
tabagismo e obesidade, também aumentam a probabilidade de surgimento dessas
lesões oculares. “O colesterol não afeta só o coração. Ele deixa marcas
visíveis — nos olhos e na nossa saúde geral”, reforça a oftalmologista.
A principal recomendação para quem já tem diagnóstico de
dislipidemia — nome técnico para o desequilíbrio nos níveis de colesterol e
triglicerídeos no sangue — é manter acompanhamento regular com cardiologista e
oftalmologista. “Mesmo sem sintomas, é fundamental controlar os níveis de
colesterol e triglicerídeos, ter uma alimentação saudável, praticar atividade
física e parar de fumar. Além disso, fazer exames oftalmológicos periódicos
ajuda a detectar precocemente essas alterações silenciosas”, orienta a Dra.
Cristiane Okazaki, do H.Olhos.

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