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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Tratamento oncológico aumenta risco cardíaco em homens diagnosticados com câncer de próstata

Estima-se que cerca de 30% dos pacientes já possuam doenças cardiovasculares preestabelecidas

 

O músculo mais importante do corpo também pode sofrer com os efeitos das terapias utilizadas para o tratamento do tumor de próstata. A redução da testosterona causada pela terapia de privação androgênica, pode acarretar aumento dos níveis de glicose (tendência a diabetes), colesterol e gordura corporal, aumentando também o risco de eventos cardiovasculares. 

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), indicam que o câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais incidente em homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, com mais de 65 mil novos casos para cada ano do triênio 2020-2022. 

A próstata é a glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, o canal responsável pela ligação entre a bexiga e o orifício externo do pênis. 

“A faixa etária de maior diagnóstico para o câncer de próstata, acima de 55 anos correlaciona-se com a faixa etária de maior risco cardiovascular. Estima-se que 1/3 desses pacientes já tenham doenças cardiovasculares pré-estabelecidas ou já tiveram um evento cardíaco, como o infarto ou convivam com fatores de risco para doenças cardiovasculares”, explica Ariane Vieira Scarlatelli Macedo, coordenadora de cardio-oncologia do Americas Centro de Oncologia Integrado. 

É importante que o estado geral de saúde do paciente seja avaliado no início do tratamento oncológico, já que a terapia de bloqueio hormonal à qual os pacientes com o câncer avançado podem ser submetidos pode agravar as doenças cardíacas. Na maioria dos casos, o paciente apresenta múltiplos fatores de risco que são comuns às doenças do coração e ao aparecimento do câncer: histórico familiar, obesidade, sedentarismo, colesterol ou pressão alta, diabetes e tabagismo. 

A terapia de privação androgênica consiste na redução dos níveis de testosterona no sangue, na maioria dos casos por meio de medicamentos com o objetivo de inibir o crescimento de células cancerosas. A redução da quantidade de testosterona pode levar a alterações dos níveis de glicose (tendência a diabetes), aumento de colesterol e aumento da gordura corporal. 

Por isso, pacientes com diagnóstico de câncer de próstata e que estão tratando a doença, deveriam realizar uma avaliação e se necessário também o acompanhamento com um médico cardiologista. “É necessário aumentar o alerta para esse acompanhamento conjunto, uma vez que pacientes diagnosticados podem precisar de avaliação cardíaca, realização de exames, checagem do perfil lipídico, sempre incorporado a alimentação saudável e atividade física”, destaca a especialista. 

Entretanto, pacientes oncológicos com problemas cardiovasculares também podem ter qualidade de vida, com acompanhamento médico concomitante e prezando pela realização de atividades físicas e uma alimentação saudável. “A privação androgênica frequentemente causa perda de massa magra, que é substituída por gordura, por isso estimulamos exercícios físicos supervisionados ou reabilitação com fisioterapeuta para que esse paciente tenha qualidade de vida e passe por esse período com hábitos saudáveis que perdurem por sua vida”, finaliza Macedo. 

Estudos indicam que doenças cardiovasculares ainda são uma das principais causas de morte no Brasil. O Ministério da Saúde estima que, até 2040, haverá um aumento de até 250% destes eventos.


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