O quiet quitting tomou conta da web nas últimas semanas. Em uma tradução ao pé da letra, o termo significa "desistência silenciosa”, demonstrando as atitudes de colaboradores que buscam fazer o mínimo necessário para não serem demitidos. O que pouca gente sabe é que já há um novo termo à caminho, o unrecognized effort, que é exatamente o oposto, quando há total falta de reconhecimento de um colaborador.
Obviamente,
todos nós gostamos de ser reconhecidos em nosso ambiente de trabalho. A
importância desta valorização para a satisfação e produtividade dos
profissionais é um tema padrão nas empresas, mas, nem sempre colocada em
prática de maneira adequada. Nos últimos anos, constantes índices de demissões
vêm afetando o mercado, justificadas especialmente por esta falta de retorno
sobre as responsabilidades individuais. Nesse cenário, aquelas que permanecerem
desmerecendo esta relevância, certamente correrão riscos graves para sua
perpetuidade.
Existem
diversos motivos presentes no dia a dia corporativo que podem desencadear
o unrecognized effort.
Na maioria dos casos, é muito comum observar companhias que, devido à correria
na entrega de projetos ou acúmulo de responsabilidades, acabam deixando de lado
os feedbacks positivos
a seus times por não conseguirem conciliar ambas as tarefas. Ainda, em casos
mais questionadores, ainda existem muitas marcas que não compreendem tal
importância, ao ponto de não ser uma prática fundamentada em sua política
interna.
Já
em níveis de experiência profissional, essa lacuna também é acentuada naqueles
que já estão no mercado há algum tempo e, dessa forma, são erroneamente
entendidos como trabalhadores que não necessitam mais de reconhecimento por
suas conquistas. Em seu lugar, apenas aqueles mais jovens e recém-formados
costumam receber maior atenção, alegando como uma ação essencial para seu
crescimento na empresa.
Seja
qual for a situação, deixar de reconhecer até mesmo as mínimas conquistas dos
profissionais, podem desencadear uma insatisfação crescente com um risco
perigoso de se tornar irreversível até seu pedido de demissão. Para comprovar
essa relação, um estudo realizado pelo Office
Team constatou que cerca de 66% das pessoas provavelmente deixariam
seu emprego caso não se sintam apreciadas. Nos millenials, esse número chega a
73%.
Independentemente
de idade, perfil ou área de atuação, o unrecognized
effort é um dos descuidos mais perigosos que uma empresa pode ter
com seus times. Sem o devido marco de reconhecimento sobre comportamentos ou
ações corretas, fica fácil se perder e sentir confuso perante a eficácia de seu
trabalho – levando a um aumento inevitável de desorientação nas equipes,
desmotivação e, assim, redução da performance em um efeito cascata.
Ao
reconhecer as vitórias de cada um, a companhia reforça constantemente o esforço
individual e coletivo, ressaltando o caminho certo percorrido até então e
estimulando que este comportamento permaneça progressivamente no
desenvolvimento profissional. Muito além do que um incentivo emocional, o
reconhecimento no trabalho é um direcionamento corporativo, indicando o que deu
certo e que deve permanecer sendo aplicado.
Um
bom relacionamento entre líderes e equipe deve ser composto por uma remuneração
justa, estímulo ao aprendizado das habilidades e conhecimentos, sentimento de
realização em suas funções e, acima de tudo, capacidade de equilibrar a
satisfação dos membros da empresa conforme suas necessidades. Afinal, enquanto
alguns profissionais possam precisar de uma atenção à mais sobre suas tarefas,
outros não sentem tamanha importância deste retorno constante.
Mesmo
sendo uma prática teoricamente enraizada em diversas companhias, o
reconhecimento dos esforços dos profissionais deve se tornar algo natural na
rotina das empresas. É preciso aprimorar um olhar diferenciado para os times,
compreendendo a importância de um feedback
positivo sobre suas conquistas para sua satisfação, produtividade e bom
desempenho.
Caso
não se sintam realizados neste quesito, é papel do profissional buscar
compreender o motivo – seja pela quebra de expectativa com as entregas
desejadas pela empresa, não inciativa da contratante ou falta de conhecimento
sobre tal essencialidade. Todo negócio de sucesso é formado por equipes
engajadas e motivadas, e aqueles que fugirem desta relação, certamente terão
dificuldades em construir e gerenciar verdadeiros talentos rumo ao sucesso.
Ricardo Haag - sócio da Wide,
consultoria boutique de recrutamento e seleção.
Wide
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