Mês mundial de combate à doença promove ações de conscientização para homens, com incentivo à quebra de estigmas machistas sobre o exame de toque retal, essencial para o diagnóstico da doença em fases iniciais
Um dos maiores desafios no combate ao câncer de
próstata é cultural: homens se cuidam menos e muitos têm preconceito em relação
aos exames de rastreamento. Dentro desse cenário, conforme dados do Instituto
Nacional do Câncer (INCA), a cada 38 minutos no Brasil, um homem morre devido à
neoplasia. Ainda segundo o instituto, por ser um tumor silencioso, a grande
maioria dos casos é apenas diagnosticado em fase avançada.
O câncer de próstata deve atingir 65.840 pessoas
até o final de 2022. Cerca de 75% dos casos atingem homens com 65 anos ou mais
e a doença mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos. E com o atraso
ainda maior nos exames, que ocorreu durante o período da pandemia, o cenário
tende a se agravar, com uma tendência no aumento de diagnóstico apenas em
estágios mais avançados.
O problema, apontam médicos e especialistas, é
que muitos deixaram de detectar o câncer nos estágios iniciais, quando as
chances de cura são mais altas e os tratamentos menos agressivos. Por conta
disso, a conscientização do Novembro Azul se mostra ainda mais importante,
comenta o oncologista Paulo Lages, do Grupo Oncoclínicas. “Ações informativas e
práticas que estimulem os homens a buscarem o aconselhamento para diagnóstico
do câncer de próstata, o segundo mais comum do Brasil, ainda em estágio inicial
são sempre importantes, mas nesses dois anos se tornaram ainda mais
fundamentais por conta da pandemia”, acredita.
“A grande barreira para os homens é fazer esse
acompanhamento médico de prevenção. Há grupos que precisam ficar ainda mais
atentos, como aqueles com parentes de primeiro grau que tiveram a doença ou
afrodescendentes devem fazer a partir dos 45 anos, por terem propensão maior ao
risco de desenvolver tumores de próstata”, acrescenta o médico.
Mesmo quando os sinais de problemas se tornam
inegáveis, em muitos casos o diagnóstico efetivo da doença só acontece após
insistência de parceiras ou mulheres próximas aos pacientes. Não à toa, 70% das
mulheres comparecem às consultas médicas do companheiro, segundo levantamento
realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de São Paulo.
“Um dos principais objetivos do diagnóstico
precoce, além de permitir a adoção de tratamentos menos invasivos e promover
chances de cura que podem passar de 90% em cinco anos na doença localizada, é
evitar que o paciente tenha outros impactos à saúde em geral. Pacientes que têm
o diagnóstico precoce de um câncer de próstata sem nenhuma dor podem ter apenas
acompanhamento médico, poupando-os de possíveis efeitos colaterais do
tratamento cirúrgico ou radioterápico. Por outro lado, quando o câncer de
próstata tem características mais agressivas e é identificado em estágios mais
avançados, o tratamento indicado acaba sendo mais intenso, requerendo cirurgia,
radioterapia, bloqueio hormonal ou quimioterapia. O bloqueio hormonal, é o
pilar principal do tratamento da doença avançada e reduz a testosterona. A
falta desse hormônio pode gerar elevação no risco de doenças cardiovasculares,
impotência sexual e distúrbios cognitivos”, explica a oncologista Mariane
Fontes, do Grupo Oncoclínicas.
Entenda o Câncer de Próstata
No Brasil, de acordo com o Inca, o tumor de
próstata é o segundo mais comum entre homens -- ficando atrás apenas do câncer
de pele não melanoma. No começo, pelo fato dos sintomas serem silenciosos, o
câncer de próstata é de difícil diagnóstico, já que a maioria dos pacientes
apresentam indícios apenas nas fases mais avançadas da doença.
Casos familiares de pai ou irmão com câncer de
próstata, antes dos 60 anos de idade, podem aumentar o risco de três a dez
vezes em relação à população em geral.
“Quando aparentes, os sintomas detectados como
dificuldade para urinar, presença de sangue na urina e parada de funcionamento
dos rins indicam a presença de doença avançada, além de sintomas decorrentes da
disseminação para outros órgãos, tal como dor óssea nos casos de metástases
ósseas”, destaca Mariane Fontes.
Por apresentar sintomas mais evidentes quando a
doença já apresenta evolução, é recomendável que homens a partir de 50 anos (e
45 anos para quem tem histórico da doença na família) façam anualmente o exame
clínico (toque retal) e a medição do antígeno prostático específico (PSA) -
feita em unidades de nanogramas por mililitro (ng/ml) por meio de um exame
simples de sangue - para rastrear possíveis alterações que indiquem
aparecimento da doença. Quando há suspeita da doença no organismo do homem, é
indicada uma biópsia através de ultrassonografia transretal para a confirmação do
diagnóstico.
Como o câncer de próstata é tratado
O tratamento depende do estágio e da
agressividade em que a doença se encontra. Eles devem ser projetados
individualmente para cada paciente de acordo com o seu quadro clínico pessoal.
“No caso em que a doença se encontra no estágio inicial e com características
de baixa agressividade, o acompanhamento vigilante com consultas e exames
periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupar os
mesmos de algumas toxicidades que o tratamento causa”, pontua Paulo Lages.
“Nos outros casos de doença localizada, a
cirurgia, a radioterapia associadas ou não a bloqueio hormonal e a
braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna) pode ser realizada
com boas taxas de resposta positiva”, completa Mariane Fontes.
Quando os pacientes apresentam metástases,
diversos tratamentos podem ser realizados, como o bloqueio hormonal, a
quimioterapia, novos medicamentos que controlam os hormônios por via oral e
também uma nova classe de remédios que são conhecidas como radioisótopos,
partículas que se ligam no osso e emitem doses pequenas de radioterapia nestes
locais.
Pesquisas mostram novas frentes de
enfrentamento da doença
Entre as boas notícias para os pacientes, os
especialistas apontam importantes avanços no tratamento do câncer de próstata
por meio de novas pesquisas e tecnologias. Segundo Paulo Lages, as principais
conferências mundiais sobre câncer do mundo trouxeram estudos mostrando novas
opções de tratamento para estes tipos de tumores. Entre as análises, ele
destaca uma opção de tratamento até então indisponível para pacientes
metastáticos que não respondem mais à terapia hormonal e que já fizeram
quimioterapia, através de uma estratégia única.
“A maioria dos tumores de próstata produz PSA.
Além do exame de sangue, existe atualmente uma modalidade de imagem que se
baseia em encontrar os locais onde existe a produção desse antígeno, através de
um exame chamado PET-PSMA. O que essa estratégia apresentada em estudo trazido
durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) faz
é associar um radiofármaco (o Lutécio), que irá se ligar exatamente nesses
lugares que estão produzindo o PSMA (PSA de membrana), funcionando como uma
estratégia direcionada de tratamento para aqueles pacientes que são candidatos.
Já havia dados mostrando que essa estratégia é capaz de reduzir o PSA, mas não
sabíamos ainda se ela aumentava a sobrevida dos pacientes, e isso foi
evidenciado neste estudo”, finaliza o Paulo Lages.
De novembro a novembro, é preciso estar sempre alerta aos sinais do câncer
A informação é ferramenta determinante para desmistificar o câncer de próstata e incentivar a descoberta da doença em estágios iniciais. Não à toa, no Novembro Azul a tônica central das ações de conscientização traz o reforço da necessidade de um olhar atento para a realização de exames preventivos e consultas com especialistas.
Como estímulo a esse movimento, o Grupo Oncoclínicas promove a
campanha De Novembro a Novembro, com uma série de ativações em plataformas
digitais voltadas a um olhar positivo para o retorno das rotinas médicas no
combate ao câncer de próstata. Nas mídias sociais e por meio do hotsite
especial Link, são disponibilizadas informações gerais sobre prevenção,
diagnóstico e tratamento do câncer de próstata e outros que afetam amplamente a
população masculina, direitos dos pacientes e outras dúvidas frequentes.
A iniciativa conta ainda com uma programação de conteúdos
desenvolvidos por médicos especialistas voltados ao esclarecimento das
principais dúvidas da população em geral, sobre os diferentes temas que se
referem ao câncer.
Oncoclínicas
https://grupooncoclinicas.com/
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