Embora o
crescimento de 600% na tomada de financiamentos, número de pessoas endividadas
por conta do serviço também cresce
Com a taxa de juros básica (Selic) em seu maior
patamar dos últimos cinco anos, tomar crédito no mercado ficou mais caro dado o
custo de capital. Porém, apesar dessa alta nos últimos 18 meses ter sido
superior a 600%, o custo médio de um financiamento imobiliário no Brasil
aumentou pouco menos de 40% no mesmo período. No Ceará, por exemplo, o aumento
do custo desses financiamentos refletiu numa queda de apenas 22,5% no número de
novos financiamentos na comparação de 12 meses, de acordo com a Abecip. Diante
desse cenário contraditório que é observado no país inteiro, segue crescente o
número de pessoas endividadas com financiamento imobiliário.
Para Daniel Gava, CEO e cofundador da Rooftop -
proptech que conecta proprietários em situação de estresse financeiro e sem
acesso a capital a negócios imobiliários singulares -, a resiliência está
inserida em outro contexto. “As pessoas já haviam comprado seus imóveis na planta
quando a Selic ainda estava em torno de 2% e a resiliência também se deve ao
fato de elas terem que realizar o repasse agora na entrega da obra, em função
dos vários lançamentos imobiliários ocorridos nos últimos anos. Além disso, os
bancos estão aumentando as carteiras de crédito imobiliário, o que faz
parecer também um cenário firme”, explica o especialista.
“O Brasil é um país estressado economicamente, com
mais da metade da população com algum tipo de pendência financeira ou
restrição. E, cada vez mais, com a força das instituições financeiras querendo
aumentar constantemente o volume de crédito imobiliário no Brasil, é natural
que os problemas relacionados à inadimplência de contrato de empréstimo com
garantia imobiliária e financiamentos imobiliários cresçam na mesma velocidade
que as carteiras de crédito”, complementa Gava. “No entanto, é preciso cautela
para analisar os indicadores, uma vez que o mercado de imóveis usados têm
sofrido mais com a situação atual”, analisa.
A Rooftop tem registrado um crescimento de 400% ano
após ano em números de transações. Rogério Mescolote é um exemplo de cliente da
proptech. Diante da dificuldade de honrar o financiamento que ele e a esposa
contrataram para abrir uma empresa em 2019, pré-pandemia, o programa InCasa foi
a solução para regularizar este e outros débitos. “A Rooftop contribuiu com
rapidez, sem que fosse preciso sair do imóvel. Obtive o valor necessário para
me reorganizar financeiramente usando a minha casa”, conta o cliente. “Dá um
certo medo, diante da situação econômica do país e do mundo, mas acredito que
dentro do prazo conseguiremos recomprar a casa pelo valor combinado com eles”,
conclui.
Na opinião de Fabio Silva, country manager do alt.bank - fintech brasileira focada em
levar justiça financeira por meio de práticas justas - é momento de cautela
devido aos juros, exceto se for para uma aquisição à vista, quando podem surgir
boas oportunidades. “Este não é o momento ideal para financiar imóveis dado os
juros altos. Tendo o recurso parcialmente, é melhor investir em renda fixa que
paga 100% do CDI. A tendência é uma recuperação na economia nos próximos anos,
e a queda da taxa de juros pode representar um sinal positivo para o
financiamento”, explica o executivo.
Rooftop
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