Hoje, inovar não soa mais como uma opção, mas
como um dever de quem está a bordo deste século. A aceleração mental, física e
emocional tem tomado conta do nosso dia a dia e o relógio está correndo na
mesma velocidade. Contudo, a nossa percepção é outra. Durante esse caminho,
algumas frases permeiam o nosso dia a dia: “Precisamos nos reinventar, criar
coisas novas”, “É preciso fazer diferente, sair da zona de conforto”, “É
preciso olhar para fora da caixa”, “Reprogramar nossos hábitos”, “Desenvolver
mais nossas habilidades”, “Conhecer mais, transformar” e por aí vai. É uma
avalanche de conceitos que nos cercam e nos fazem pensar nessa aceleração,
nessa percepção de que temos desenvolvido sobre a vida, sobre o tempo, sobre o
passado, presente e o futuro.
O tempo é cada vez mais escasso ou será que é a gente que não está conseguindo
organizá-lo? Como inovar utilizando o tempo que temos? Pode até parecer que
não, mas essa quantidade de demandas que nos são apresentadas e a necessidade
urgente de inovar a cada manhã que nasce, nos faz refletir sobre a seguinte
questão: como fazer tudo isso de forma equilibrada, estruturada e eficiente?
Essa é a grande questão que eu levanto e reflito todos os dias. E acredito que
com você também não seja diferente.
Uma pesquisa feita pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das
Empresas Inovadoras (ANPEI) e Fundação Dom Cabral (FDC), focada em entender os
desafios e oportunidades, desenvolvimento e inovação em vários setores, com
percepções de executivos e grandes empresas e startups, aponta que em 51% das
empresas houve um impacto negativo nas atividades de inovação, devido à
pandemia.
Segundo o professor de Inovação e Competividade e gerente do Núcleo de
Inovação, da FDC, Carlos Arruda, algumas empresas chegaram até mesmo a
paralisar seus projetos de inovação. Empresas de tecnologia e saúde, por
exemplo, precisaram adotar novar soluções de forma muito rápida.
Por isso, podemos concluir que: “inovação não é ter aquilo que ninguém tem, é
fazer aquilo que ninguém faz com o que todo mundo tem.” É preciso usar o que
temos, e fazer o melhor, de forma ainda mais detalhada e customizada. A
inovação começa quando olhamos para um propósito, um objetivo, uma dor, um
problema.
Inovar não é inventar uma nova roda, criar um produto que não se pareça com
nada. O novo pode estar bem diante dos nossos olhos. Como explicita Nick
Balding, “Inovação é a exploração com sucesso de novas ideias”. Todo nós
podemos olhar para a mesma coisa, no mesmo momento, mas cada um terá um olhar
diferente sobre aquele mesmo objeto. E caberá a você a decisão sobre como
enxergará isso.
Por isso, o processo de inovar é customizado para cada empresa, para cada
segmento. Cada projeto inovador trará demandas especificas e é necessário ter o
processo de inovação muito bem estruturado. Quando vejo esta necessidade de
inovar versus os desafios do mercado, penso em um funil de inovação que começa
com a definição do propósito e depois passa por traçar uma série de ações para
atingir o objetivo.
Inovar é uma prática de olhar e fazer o que ninguém faz com as ferramentas que
todo mundo tem.
É preciso trazer diversidade, vozes diferentes, pensamentos diferentes. O maior
bloqueio da minha inovação chama-se eu mesma, porque é normal voltarmos para o
paradigma, para o convencional. É errado fazer mais do mesmo? Manter o mesmo,
do mesmo? Não!
Essa é uma inovação tímida, mais conservadora, porém o mundo nos pede a cada
dia uma inovação disruptiva que nos coloca em outro patamar. Empresas que têm
visão, têm aberto espaços e possibilidades para a experimentação, e buscam
pessoas com este espírito inovador com a competência de conectar soluções com
os problemas. Não esqueça de que inovar é uma prática insistente e contínua que
o mundo nos apresentou e nos apresenta todos os dias.
Assim, eu deixo a seguinte reflexão: o que eu entendo efetivamente por inovar e
o quanto eu tenho me permitido abrir as portas, para este mundo inovador?
Shirley Fernandes - sócia-diretora Comercial e de
Marketing da N1 IT, empresa do Grupo Stefanini.
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