O
cérebro humano desenvolveu-se pelas ações do homem. Assim, em tempos de
pandemia, há de se fazer um projeto de vida cotidiano. Programar, no dia
anterior, as atividades que poderão ser desenvolvidas no dia seguinte: uma
rotina em família para mudar o foco da atenção, desde o acordar até o
adormecer.
Horário
do café matinal; tempo para arrumar a casa; momento para a leitura prazerosa;
programar filmes divertidos; estipular um horário para atualizações de
noticiários (evitar o estresse ficando o tempo todo em frente à TV tomando
conhecimento contínuo sobre os efeitos do coronavírus no mundo); atividades de
lazer com as crianças, como pinturas e ginástica laboral; reservar um tempo
para as redes sociais para comunicar-se com os amigos; escutar músicas que
levem às boas lembranças do tempo de infância; um tempo para refletir sobre os
acontecimentos no mundo; lembrar-se de dedicar um tempo para a espiritualidade
para se falar de vida e não de morte... Enfim, cada um a seu modo e com
criatividade poderá fazer a sua própria programação. E, em caso de severidade
da realidade psíquica individual desencadeada pela quarentena, procurar ajuda
profissional.
No
final de cada dia, enumerar três acontecimentos que trouxeram alegria. Escrever
sobre eles num caderno e por que eles causaram este sentimento alegre — uma
espécie de diário de bordo. O impacto na saúde mental desta atitude positiva é
de fundamental importância nestes tempos de pandemia.
Pode-se
tirar algo de bom do coronavírus?
Ouve-se
seguidamente que o mundo acabou ou vai acabar. É de se refletir sobre tais
previsões catastróficas. Observe-se que o planeta Terra continuará a girar em
torno de si (movimento de rotação) e em torno do Sol (movimento de translação).
Então
o mundo não acabou e não se tem previsão de que o mesmo acabe tão logo.
Provavelmente o mundo individual de muitos sofra mudanças ou mesmo acabe após o
coronavírus. Acabou o mundo do “eu” para surgir o mundo do “nós”, da
solidariedade, da empatia e da teoria da mente, no qual cada um imagina o que o
outro sente diante dos apertos ou das injustiças da vida. Terminou o
mundo do individualismo e da indiferença para surgir um mundo das comunidades,
da família, da solidariedade, do respeito às individualidades. Findou o mundo do
silêncio, como a quietude angustiante das ruas durante a quarentena, para
ressurgir o mundo da palavra escutada e falada que ameniza os conflitos dos
espíritos angustiados e difunde a paz e a esperança entre os homens, a mesma
esperança que impulsiona os voluntários nos tempos de
pandemia.
Brevemente
a primavera surgirá com seus encantos coloridos, pois a Terra, silenciosamente,
continuará na sua trajetória com seus movimentos infinitos. Como as ondas do
mar que surgem no horizonte e se findam na praia, a onda do coronavírus também
passará. Apenas os humanos não serão os mesmos depois que esta realidade se
abrandar, porque eles sentir-se-ão mais fortes pelas experiências vividas, pois
não se consideraram vítimas das circunstâncias, mas aprendizes eternos na
infindável peregrinação pela vida.
Que
se pense nisto.
Ivo Carraro - psicólogo do
Centro Universitário Internacional Uninter.
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