Com um montante superior
a 60 milhões de residências, o Brasil atualmente possui uma cobertura de
seguros que protege apenas algo próximo de 14% dessas habitações. Na Europa e
nos Estados Unidos, por exemplo, além das diversidades culturais, bem como, por
terem enfrentado períodos dramáticos como guerras, terremotos e furacões, estas
regiões desenvolveram um maior senso de necessidade de proteger seu patrimônio.
Neste sentido, o isolamento social causado pela pandemia do Covid-19 é um
evento que nunca enfrentamos antes na história recente, capaz de despertar nos
brasileiros um nível de atenção parecido.
O Superintendente de
Produtos Massificados da HDI Seguros, Jefferson Silvestrin, afirma que ao
permanecerem mais tempo em suas casas, as pessoas automaticamente começarão a
perceber a importância de assegurar que toda a estrutura de funcionamento do
local esteja em plena forma. “Não adianta você estar seguro na sua residência
se a sua casa ou apartamento também não estiver seguro. Uma caixa d´água suja
ou um problema na instalação elétrica, por exemplo, podem trazer transtornos ou
doenças nesse momento particularmente difícil”, diz.
De acordo com ele,
tradicionalmente, o mercado segurador tem feito uma abordagem que privilegia a
proteção no caso da ocorrência de grandes eventos como incêndios, para
convencer o consumidor, mas isto tem feito com que a grande maioria não entenda
o seguro residencial como uma necessidade imediata.
Neste sentido, o home office
durante o cenário atual de isolamento já está contribuindo para mostrar a
relevância de ter um suporte das seguradoras para assuntos considerados
corriqueiros. A necessidade de interação e resolução de problemas de maneira
remota, por exemplo, já tem mudado a forma como os consumidores têm interagido
com as seguradoras.
“Tivemos um crescimento
das solicitações para o serviço de help desk remoto, em função das pessoas
terem dificuldades de acessar aplicações como o Hangouts, por exemplo, ou
problemas no funcionamento de alguma coisa em seus computadores, notebooks ou
tablets”, disse Jefferson.
Em geral, o seguro
residencial tem como serviços mais requisitados a instalação e retirada de
caçambas para entulhos, limpeza de caixas d´água, revisões elétricas,
desentupimentos de tubulações hidráulicas e consertos de eletrodomésticos, mas
os especialistas alertam para o fato de que sempre haverá possibilidades de
incrementos nas coberturas.
A opinião é compartilhada
por Daniel Gusson, gerente da área de seguros da Neurotech. O executivo chama a
atenção para algumas possibilidades onde a tecnologia pode ajudar, como a
substituição de vistorias presenciais dos imóveis feitas por engenheiros e
técnicos, pelo envio de fotos por meio de programas especializados. “A análise
de dados e de hábitos do consumidor tem promovido também uma transformação no
mercado de seguros. Tendo como base o CEP de uma residência, por exemplo, a
inteligência artificial pode ajudar a desenvolver planos personalizados, mais
aderentes às necessidades das residências de cada região “, diz.
Segundo ele, com a atenção despertada para os cuidados com seus imóveis
e serviços adaptados às necessidades corriqueiras do seu dia-a-dia, o brasileiro
vai gradualmente passando a viver uma nova relação com o seguro residencial. A
situação que o mundo passa já mudou a interação da sociedade com as empresas.
Não sabemos até quando a pandemia perdurará e o mercado deve ficar atento às
novas formas de relação e necessidades dos consumidores, durante e pós-crise.
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