Abril é o mês da conscientização da doença, que
afeta principalmente jovens; um tipo de câncer com alto índice de cura mesmo
quando já há metástases
Abril
é o mês da conscientização do câncer de testículo, doença que quando comparada
aos ‘famosos’ cânceres de mama e próstata, tem muito menos exposição na mídia.
Este tipo de tumor já teve em evidência quando atletas famosos como os
jogadores de futebol Ederson, Magrão e Arjen Robben, além de Nenê Hilário, do
basquete, e de Lance Armstrong, do ciclismo, diagnosticaram a doença. De
acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença representa de
1% a 5% do total de casos de tumores em homens no Brasil. É o principal câncer
sólido (com exceção das leucemias e linfomas) diagnosticado em homens entre 15
e 35 anos. “É um tumor raro e cercado de muitos tabus por acometer o órgão
masculino. O que pouca gente fala e é o mais importante, é que o câncer de
testículo tem altíssimas taxas de cura, mesmo quando já há metástases”, afirma
Higor Mantovani, oncologista do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia.
O
câncer de testículo geralmente se apresenta como um nódulo (caroço) no órgão,
que pode ou não doer, alterar a consistência e a cor do mesmo, e que quase
sempre é percebido pelos homens quando eles tocam a parte genital. “Como
alterações no testículo são facilmente perceptíveis, a doença é descoberta em
estágios ainda iniciais, na maioria das vezes. Não incomumente, a parceira do
paciente pode ser a responsável por notar tais alterações. O mais importante é
reconhecer os sinais e sintomas mais frequentes da doença, assim como
identificar homens com fatores de risco para o seu desenvolvimento. Dessa forma,
é possível procurar auxílio médico no momento correto”, explica o médico.
De
acordo com o Dr. Higor, muitos homens (jovens, como se espera para a faixa
etária alvo desta doença) veem o exame do testículo como um tabu ou motivo de
vergonha e, por isso, hesitam em procurar auxílio médico no início dos
sintomas, o que acaba atrasando a detecção precoce de um possível tumor.
“Vale lembrar que outras doenças benignas também podem acometer o testículo
(orquite, epididimite, hidrocele, torção testicular, outras). Sendo assim, o
exame do testículo por um profissional médico e a realização de exames
complementares (ultrassom, exames de sangue específicos e até tomografias)
certamente vão auxiliar no diagnóstico exato para cada individuo. Conversar,
discutir, quebrar tabus e (o mais importante) estimular a busca pelo
diagnóstico precoce são práticas que tendem a aumentar ainda mais a chance de
cura desse tipo de câncer”, alerta.
Fatores
de riscos
Existem
algumas condições de saúde que são sabidamente fatores de risco para o
desenvolvimento de câncer de testículo. É o caso da criptorquidia, popularmente
conhecida como testículo que não desceu ou testículo mal posicionado. “A
criptorquidia é definida pela ausência ou a não localização do testículo na
bolsa escrotal. Nesta condição, o testículo que durante o desenvolvimento fetal
é gerado e se localiza dentro do abdome pode se apresentar no trajeto de
descida até o escroto, mais comumente na região inguinal, ou até mesmo na
dentro da cavidade abdominal. Para alguns homens portadores desta condição,
faz-se necessária a monitorização deste testículo mal posicionado e,
eventualmente, a abordagem cirúrgica para correção ou retirada do mesmo”,
explica Dr. Higor.
Segundo
o oncologista, estudos sugerem que homens com criptorquidia têm 3% mais chance
de desenvolver câncer de testículo do que aqueles sem esta condição. “Mas a
literatura sugere um risco maior de câncer testicular para pacientes com
familiares com histórico da neoplasia em questão. Filhos e parentes próximos como
irmãos e primos de primeiro grau de indivíduos portadores de câncer de
testículo parecem ter um risco maior (2 a 5 vezes maior) de desenvolver a
doença”, afirma.
O
médico alerta: indivíduos que tem um histórico familiar de câncer testicular ou
criptorquidia, é importante manter um seguimento regular de saúde com um médico
para monitorar possíveis alterações suspeitas. “O diagnostico precoce
possibilita o adequado tratamento e aumenta ainda mais a chance de cura”,
finaliza o especialista.
Higor
Mantovani - formado em Oncologia Clínica pela Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP. É mestrando na área de Oncologia Clínica pela UNICAMP. É
membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Higor faz parte do
corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e
atua no Instituto Radium de Campinas, no Hospital Santa Tereza, Santa Casa de
Valinhos e do Hospital Madre Theodora.
Grupo
SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia
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