A cada dia vemos mais
e mais pessoas comuns, de trabalhos estáveis e famílias bem estruturadas,
adoecerem psicologicamente. Não é preciso ser um especialista para notar isso.
Até quem está lendo este artigo pode estar passando por isso neste exato
momento.
O que antigamente, a
partir de um pensamento mais tradicional, poderia ser considerado como uma
"frescura", hoje a Psicologia já consegue diagnosticar problemas
psicológicos gerados pelo trabalho excessivo e/ou exaustivo. Como depressão,
ansiedade, pânico, a famosa síndrome de Burnout, entre outras.
À medida que tais
problemas crescem, aumentam também as soluções paliativas. Como evitar que a
depressão invada minha empresa? Basta contratar um palestrante motivacional. Se
ele for bom, a motivação irá surgir por um par de dias e depois irá
desaparecer. Não basta o coach quântico, não basta aquela palestra que
emotiva.
Tudo isso, na
verdade, é um sintoma. E muitas vezes, é proveniente de um ambiente sem
empatia, altamente concorrido e hostil. É contra a natureza humana ser
individualista, ou melhor, ter a percepção de que todos são concorrentes. Desde
que a espécie humana pisou neste planeta, entre seus grupos de pertencimento,
eles foram colaborativos.
Primeiro, temos que
parar de entender a depressão, a ansiedade, o pânico e tudo o que tem surgido
na psique humana como uma doença. Mas sim, como um alerta de que é necessário
transformar algo em nossas vidas. Se elas vêm ligadas às questões do trabalho,
devemos olhar no que, como e o quanto estamos trabalhando.
Como experiência
própria, é difícil entrar em uma empresa, a pedido da chefia, para resolver o
problema de comunicação e de inter-relação da equipe, se não existe um espaço
na empresa que seja interacional, de troca de experiências, de ócio. Hoje, pelo
custo/benefício, estamos vendo mais e mais pessoas trabalhando em lugares sem
vida, sem cor, sem criatividade. Como ser criativo para resolver os problemas
da empresa assim?
Recentemente, tive a
experiência de visitar um coworking chamado C.O.W., na Lapa, em São Paulo, e me
surpreendi com o projeto. Escutei de um dos clientes que "quando entrei eu
pensei que deveria tomar cuidado, pois o meu concorrente poderia estar do meu
lado, porém, percebi com o tempo que poderíamos crescer juntos”.
Senti no coworking um
espírito de empatia, de leveza, que muitas empresas perderam e estão tentando
resgatar de maneira superficial. Talvez seja interessante olharmos para esse
movimento de colaboração – afinal, "cowork" e "colaborar"
são a mesma coisa – para que possamos dar o pontapé em um novo modo de estar no
mundo e servi-lo. Como diria Gandhi: "quem não vive para servir não serve
para viver".
Leonardo Torres - Professor e Palestrante, Doutorando
em Comunicação e Pós-graduando em Psicologia Junguiana
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