Especialista
destaca segurança do ácido fólico para preservação da saúde do feto
contrariando notícias falsas, de fontes desconhecidas
Termo que ganha cada vez
mais notoriedade, as fake news estão presentes em todos os segmentos. Os
prejuízos que podem causar são incalculáveis. Essa situação é preocupante,
inclusive em saúde, o que leva médicos e pacientes a estarem ainda mais alertas
às informações recebidas pelas mídias sociais. “Antes de seguir uma indicação
para um tratamento ou compartilhar uma notícia, é essencial confirmar se as
fontes confiáveis, ou você também estará contribuindo para a força das fake
news”, alerta Dr. Antônio Cabral, doutor em Obstetrícia pela Unifesp e
professor titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG.
Um dos mais recentes alvos
das fake news é o ácido fólico. Com eficácia comprovada, há 50 anos
gestantes do mundo inteiro recebem suplementação com a vitamina, identificada
como “obsoleta” em divulgações falsas, inclusive em comparação às “novidades”
disponíveis no mercado. Uma dessas “novidades” é o metilfolato, que surgiu como
sendo a versão atual do ácido fólico. “Definitivamente, esse não é o caso”,
explica o Dr. Antônio Cabral. “Os produtos são semelhantes, mas é difícil
compará-los para utilização em gestantes, pois o ácido fólico já foi bastante
testado, com absorção, dosagem e efeitos comprovados. Teoricamente, o
metilfolato teria ação semelhante, mas na prática não existe nenhum estudo
publicado ou em andamento, que comprove isso”, explica o obstetra.
“Na obstetrícia, precisamos
de cautela e segurança. Não se altera uma indicação de medicação sem a
confirmação de que ela é realmente mais eficiente. O ácido fólico continua tão
eficaz como sempre foi. Utilizado com segurança há meio século, ele proporciona
excelentes resultados para proteção do feto. Não existe nenhum motivo
científico para buscar outra solução”, ressalta o dr. Cabral.
Como evitar as fake news –
Uma das maneiras mais seguras de confirmar qualquer informação relacionada à
saúde é verificar a recomendação das sociedades, federações e órgãos
governamentais. “Nenhuma sociedade de obstetrícia no mundo alterou sua
indicação sobre o ácido fólico. FDA (EUA), EMA (UE) e FEBRASGO (BR), entre
outras, não substituíram o ácido fólico por metilfolato”, informa o
especialista da Unifesp e UFMG.
A preocupação da classe
médica com as fake news sobre a indicação de metilfolato para as
grávidas também está relacionada aos possíveis problemas causados pela dosagem
incorreta. As sociedades mundiais indicam 400 microgramas de ácido fólico por
dia. Isso significa que, com a ingestão dessa quantidade, a probabilidade de
obtenção dos resultados desejados são maiores, assim como também são menores as
chances de problemas pela falta ou superdosagem. “Em relação ao metillfolato,
não é possível definir a quantidade adequada, pois ainda não se sabe quanto é
absorvido pelo organismo nem qual sua ação. Isso ocorre devido à falta de
estudos”, explica o dr. Cabral.
“Há diversas questões que
nos impedem de considerar o metilfolato como uma possibilidade efetiva para
gestantes. Ele é essencial em outras classes terapêuticas, mas quando o assunto
é o futuro de milhares de crianças, a única indicação recomendada é o ácido
fólico”, enfatiza o especialista.
O Dr. Antônio Cabral
recomenda que os pacientes falem com os seus médicos sobre o que leem ou
recebem pelas mídias sociais. Os médicos, por sua vez, como fontes confiáveis,
devem recorrer às instituições para confirmação das notícias antes de mudar
qualquer indicação, evitando assim reforçar a divulgação de uma notícia falsa,
que pode colocar em risco a saúde dos pacientes.
O Ministério da Saúde possui
canal especifico para esse tipo de atendimento, o Saúde Sem Fake News. O
WhatsApp é (61) 99289-4640.
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