Crianças autistas, assim como adolescentes e
adultos, que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) requerem
alguns cuidados especiais nas festas de fim de ano. Ambientes diferentes,
pessoas desconhecidas, barulho e muita agitação no local podem causar grande
desconforto, bem como provocar sérias crises na criança.
Desse modo, para permitir que essa época seja
agradável para os pais e crianças, é preciso tomar algumas precauções
importantes, conforme orienta a psicopedagoga e diretora do Instituto de
Educação e Análise do Comportamento (IEAC), Michelli Freitas. De acordo com a
especialista, o primeiro passo é conhecer bem o filho e se certificar de tudo
que o incomoda, pensando também em estratégias para evitar o estresse e a
brusca quebra de rotina.
“É preciso planejar o local da festa, as pessoas,
os tipos de comida que serão servidos e também o horário que, por sua vez,
já deve ser baseado nas preferências e rotina da criança. Portanto, os pais é
que precisam adaptar as festas para o filho, e não o contrário”, recomenda a
psicopedagoga.
A analista do comportamento explica que mudanças de
rotina que envolvem receber ou mesmo ir à casa de pessoas diferentes ou
ambientes aglomerados e com muito barulho são alguns excessos que podem gerar
uma sobrecarga na criança. Essa sobrecarga, por sua vez, pode desencadear
uma crise com possíveis comportamentos desafiadores para toda a família.
Para minimizar as chances desses quadros, a
pedagoga traz dicas. “Uma boa alternativa é criar uma historinha, contando tudo
o que ocorrerá na festa, para que a criança tenha previsibilidade. O que
acontecerá em cada momento, onde será, quem estará presente, e tudo isso com a
maior riqueza de detalhes possível”, aconselha.
Não criar expectativas é o melhor caminho para
evitar as frustrações, de acordo com a analista. Para ela, o mais importante é
viver o presente sem querer controlar o que vai ocorrer. “Explique a toda a
família sobre isso, para que ninguém fique chateado e ache que é pessoal,
caso a criança tenha algum comportamento avesso. Busque fazer as coisas de modo
mais natural possível e sempre respeitando as preferências e limites da
criança”.
Contudo, é importante também pensar no que é
importante para a família como um todo, mas sempre respeitando o bem-estar da
criança. “Não é fugir de situações que ela precisa. Algumas situações podem até
ser importantes para o aprendizado e flexibilidade da criança. Mas também não
se pode tornar situações que eram para ser agradáveis em aversivas”. E as
recomendações da especialista sobre as festas de fim de ano continuam:
Expectativa com relação ao
novo - buscar dar previsibilidade como, por exemplo,
criar histórias que contam o que ocorrerá na sequência.
Barulho - manter um local calmo onde a criança possa se proteger do barulho,
levar fones de ouvido por precaução e permanecer menos tempo em locais com
barulho.
Ambiente diferente e agitado - fazer uma adaptação gradativamente, de repente, frequentando o local
outras vezes ou visitando outros ambientes agitados com mais frequência, e não
apenas uma vez no ano. Mas, se possível, dê preferência para que a
celebração seja em um local já familiar e que tenha menos barulho, para que a
criança tenha um refúgio.
Mudança na rotina - fazer uma quebra de rotina em outros momentos ao longo do ano, do mês
ou da semana, e não apenas no dia das festas, a fim de que, aos pouco,
isso se torne algo normal para a criança.
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