Como se alimentar
de maneira saudável é um desafio constante na rotina de todas as famílias. Mas,
na prática, não é tão fácil reproduzir o que tanto se sabe na teoria.
Tratando-se de crianças então, o desafio é ainda maior. Especialistas ouvidas
pelo Ministério da Saúde apontam desafios da alimentação infantil e dão dicas
de como melhorar a relação com a comida.
O leite materno é
o primeiro alimento da criança. Ele é o alimento ideal, pois é totalmente
adaptado às necessidades do bebê nos primeiros anos de vida. Um dos primeiros
desafios é iniciar a amamentação exclusiva e mantê-la mesmo quando a mãe
retornar ao trabalho ou até mesmo quando a criança for para a creche. O
Ministério da Saúde recomenda que a criança seja amamentada já na primeira hora
de vida e por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. A
dica é contar com uma rede de apoio dentro de casa, no trabalho e na creche
para manter esse vínculo.
Marun David Cury, pediatra e diretor titular de
Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina (APM), afirma que o
leite materno é o alimento mais completo para o recém-nascido e o lactante.
Segundo ele “Contém todas as vitaminas necessárias para o desenvolvimento da criança,
a quantidade correta de proteína e açúcar e, o mais importante disso tudo, são
os anticorpos. Além da dinâmica de sucção no seio é muito intensa e importante
para o desenvolvimento neurológica e motor da língua, deglutição, da fala e
posicionamento dos dentes”.
Planejamento
“A chegada da
criança é uma oportunidade para a família se conectar mais com a alimentação
saudável”, explica a professora associada do Instituto de Nutrição da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Inês Rugani. Por isso, o
planejamento da alimentação deve fazer parte da rotina da casa, pois facilita
na hora de oferecer alimentos à criança e à toda família. “A habilidade
culinária doméstica não é só saber cozinhar e temperar, é todo esse
planejamento, é simplificar, deixar adiantado algumas preparações para que se
possa ter um dia a dia tranquilo neste aspecto. Para que a alimentação não seja
um problema, mas um espaço de cuidado e de exercício do afeto”, reforça a
professora Rugani.
Complementos
Outro desafio
passa pela introdução alimentar. Para a nutricionista e professora da
pós-graduação da Pediatria da Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre (UFCSPA), Márcia Vitolo, no primeiro ano de vida é importante
garantir que a criança receba uma alimentação adequada, pois ela não tem
autonomia e depende totalmente da família. A dica é oferecer alimentos
naturais, da época e manter a regra de não oferecer açúcar antes dos dois anos
de idade. “Não dar açúcar nos primeiros anos de vida retarda o prazer pelo açúcar,
a criança não vai dar preferência a esse tipo de alimento”, informa Vitolo.
Elsa Giugliani,
Professora titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reforça a importância de começar a
alimentação complementar de forma favorável. “Na fase dos dois primeiros anos
de vida está se construindo os hábitos alimentares da criança”, destaca. Por
isso é importante oferecer alimentos saudáveis para as crianças e evitar a
oferta dos não saudáveis.
O hábito da alimentação saudável já na infância é
fundamental por refletir definitivamente ao longo de toda a vida da criança. É
extremamente importante contar com a orientação e acompanhamento de um pediatra
para se informar a respeito da introdução dos alimentos, consistência, textura
e o valor nutritivo. Para Marun “a alimentação infantil é um ato de educação
alimentar, amor e responsabilidade. Os pais têm o compromisso com a formação
intelectual e mental dos filhos. Uma alimentação correta trará tudo isso à
criança em desenvolvimento”, enfatiza.
Não substituir as
refeições principais por lanche é mais um desafio da alimentação infantil. O
recomendado é ofertar comida e garantir que a criança pequena esteja com fome
na hora de se alimentar. “Isso quer dizer que a criança não deve ter comido
nada antes da refeição e nem ter tomado suco. O suco tira o apetite da criança
e recupera a glicose sem muito esforço”, frisa Márcia Vitolo. A família e os
cuidadores devem estar atentos aos sinais de fome e de saciedade da criança.
FIQUE LIGADO
Outros desafios
também merecem destaque: evitar a exposição a telas durante a alimentação;
evitar a exposição à publicidade que estimule o consumo de alimentos
ultraprocessados (formulações industriais que normalmente tem pouca comida de verdade
na sua composição); ter acesso às informações adequadas sobre alimentação
saudável; mudar hábitos familiares que desfavoreçam a alimentação saudável.
Fonte – Ministério
da Saúde
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