Ao final de todos os anos, a consultoria HAYMAN-WOODWARD
faz uma análise do mercado de mobilidade global, do qual se podem observar
tendências importantes no mercado global, sobretudo no que tange a questões
imigratórias e investimento exterior. Separamos 5 principais tendências
para 2020:
1)
Cada vez mais países irão adotar um sistema imigratório de meritocracia,
baseado em qualificações profissionais e acadêmicas.
Em maio de 2019, O
governo americano propôs uma nova lei migratória, que visa priorizar a emissão
de Green Cards para indivíduos com base em suas qualificações profissionais e
acadêmicas, sem a obrigatoriedade de oferta de trabalho ou empregador, criando
assim um sistema imigratório baseado na meritocracia para determinar quem está
apto a receber a condição de residente permanente legal nos EUA.Atualmente, a
prioridade imigratória nos EUA, é concedida para parentes diretos de cidadãos
americanos, e apenas 12% dos Green Cards emitidos anualmente são para
imigrantes com base em suas qualificações. De acordo com o novo plano, esse
número subiria para 57%.
Sistema parecidos já são inclusive utilizados na
Austrália, Nova Zelândia e Canadá, por exemplo. E a tendência
é que o sistema de imigração baseado em meritocracia também seja adotado por
diversos outros países, e o principal motivador para essa mudança é que hoje
existem centenas de profissões cuja mão-de-obra está em falta em todo o mundo,
tanto em termos de quantidade quanto de qualidade. Tratam-se de ocupações que
exigem um alto grau de qualificação técnica e experiência. Buscar esses
profissionais no exterior através do incentivo da residência permanente é algo
que poderá contribuir em muito com o desenvolvimento econômico de várias
nações.
2)
A expatriação de brasileiros continuará aumentando, independentemente do
cenário político ou econômico do Brasil.
Segundo uma
estimativa do Ministério das Relações Exteriores, em 2018, haviam cerca de 3
milhões de brasileiros (entre legais e ilegais) vivendo em outros países,
principalmente nos EUA (1.400.000). Os números de 2019 ainda não foram divulgados,
mais certamente irão apresentar um aumento de 15% a 20% em relação ao período
de 2018. E a tendência é que o “êxodo” brasileiro (tanto de pessoas quanto de
empresas) se intensifique ainda mais nos próximos anos, independentemente dos
rumos políticos e econômicos que tome o país, ou de fatores externos, como o
aumento do dólar ou de mudanças nas políticas de imigração de países
estrangeiros.
Se por um lado a saída do Brasil se deve ao
fenômeno da globalização, onde é comum pessoas realocarem seus negócios e
investimentos para outros países, por outro também está relacionada a atual
incerteza em tudo o que envolve o Brasil. De acordo com o instituto de
pesquisas Datafolha, em 2018, cerca de 70 milhões de brasileiros com mais de 16
anos declararam que gostariam de deixar o país. Trata-se de um terço da
população do país, hoje estimada em 210 milhões de habitantes. Essa estatística
é ainda mais assustadora entre jovens de 16 e 24 anos. 62% de brasileiros
dentro dessa faixa etária (cerca de 19 milhões de pessoas) manifestaram o
desejo de migrarem para outros países.
O mais interessante de notar, porém, é a
significativa mudança no perfil dos brasileiros que saem do Brasil. Ao
contrário do passado, onde era comum brasileiros com poucas qualificações
trabalharem em empregos de baixa remuneração ou até mesmo subempregos, hoje em
dia existe um expressivo movimento de êxodo intelectual, sobretudo para quem
tem formação acadêmica avançada e experiência profissional em áreas onde existe
uma procura mundial por mão de obra qualificada, como engenharia, IT, saúde,
aviação, direito, administração, etc.
A maioria desses brasileiros que já mora ou
pensa em morar em outros países está em uma fase da vida em que, de forma
geral, se preocupa com a qualidade de vida, estabilidade financeira, progressão
de sua carreira profissional e, sobretudo com a segurança para sua família.
Tratam-se de recompensas que o Brasil não oferece, e provavelmente continuará
não oferecendo independente de quem esteja à frente do país.
3)
Passaportes ficarão obsoletos até 2025, sendo substituídos por cartões com
chip e biometria ou até mesmo… smartphones.
Como o avanço da tecnologia, cada vez mais são criados dispositivos
de segurança inseridos em passaportes. Tratam-se de chips de identificação,
leitura digital, códigos numéricos, sistemas de biometria e muitos outros
“features”, com o intuito de ajudar a identificar seu portador, evitar fraudes
e facilitar a aprovação de vistos.
Tratam-se, sem dúvida, de melhorias importantes, mas a
tecnologia seguirá avançando, ao ponto em que a caderneta do passaporte
tornará-se completamente obsoleta, sendo substituída, até 2025, por cartões
personalizados com chip e biometria. Já existem programas pilotos em curso para
utilização desses cartões. Além disso, existe uma discussão nos EUA para
que smartphones possam cumprir a função de passaportes e confirmação de
identidade, uma vez que todas as informações que hoje constam em passaportes
poderão estarão contidas no chip do smartphone e/ou armazenadas na
“nuvem”.
4) Nos
próximos 5 anos iremos acompanhar um aumento de aproximadamente 80% no número
de cidadanias obtidas através de investimentos financeiros,
Por muito tempo o grande sonho de pessoas que desejavam
morar ou trabalhar no exterior era obter o direito a residência permanente,
como o Green Card americano, por exemplo. Entretanto, diversos países,
especialmente no Oriente Médio, passaram a oferecer nos últimos anos a
possibilidade de adquirir a cidadania diretamente, com base em investimentos
financeiros no exterior, sem que o investidor necessariamente precise residir
nos país em que está investindo ou empreendendo.
Esta nova modalidade de “compra” de diferentes cidadanias
catapultou o segmento de mobilidade global e aqueceu a economia e mercado de
trabalho de países como os Emirados Árabes, Cingapura e o Catar, só para citar
alguns. E essa tendência deve intensificar-se em aproximadamente 80% nos
próximos 5 anos, especialmente porque existem diversos indivíduos com alto
poder aquisitivo, mas que são provenientes de regiões menos desenvolvidas
(países em desenvolvimento) e, por isso, limitados às restrições de uma única
nacionalidade.
Ao investirem em países que concedem cidadania direta,
estes indivíduos vão se tornando cidadãos globais, com mais acesso à diferentes
países e mercados para desenvolverem seus negócios ou simplesmente residirem.
São "colecionadores de cidadanias", para quem o mundo passa automaticamente
a ter menores fronteiras e maiores oportunidades.
5)
O número de pessoas que estarão em movimento de mobilidade global
(deslocando-se pelo mundo) devido à oportunidades de trabalho no exterior
crescerá em 70%,
Os Estados Unidos continuam sendo o país que oferece as
melhores oportunidades de trabalho e destino preferido de quem pretende começar
uma nova vida no exterior, seja pelo lado profissional quanto pelo pessoal,e
isso não irá mudar. No entanto, programas bem atraentes de incentivo à
imigração vem sendo implementado por diversos países, como por exemplo: Canadá,
Reino Unido, Austrália, Emirados Árabes, Catar, China, Alemanha, etc.
Com todos os avanços tecnológicos que possibilitaram a
globalização e um mundo cada vez mais interconectado, é natural que
profissionais e empresários busquem outros mercados para expandirem seus
negócios e ofereçam uma vida com mais qualidade para suas famílias,
especialmente aqueles mais qualificados e que enxergam o mundo além das
fronteiras dos países onde nasceram.
O advento da mobilidade global faz com que hoje uma
pessoa, ao procurar emprego ou novos mercados para fazer negócios, não se
limite somente a uma cidade ou nação, ampliando seus horizontes para outros
países. São exatamente estes indivíduos “globais”, que diversos países
buscam levar.
Para isso, as oportunidades de trabalho (seja ele
temporário ou permanente) no exterior deverão crescer cerca de 70% nos próximos
3 a 5 anos. Serão inúmeras oportunidades para
empreendedores, médicos, fisioterapeutas, dentistas, nutricionistas,
engenheiros, aeronautas, profissionais de TI, Arquitetos, profissionais de
educação, e muitas outras profissões.
E para atrair este profissional estrangeiro, cada
país oferecerá recompensas diferentes. Os EUA continuarão a oferecer seu tão
cobiçado Green Card, alguns países do Oriente Médio oferecerão altos salários e
a oportunidade de viver em regiões sem cobranças de impostos, países como a
Alemanha e o Canadá oferecerão as melhores infra-estruturas para
desenvolvimento acadêmico e profissional de seus imigrantes, etc.
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