A cistite é uma inflamação da mucosa da bexiga e pode
acometer homens, mulheres e crianças. As mulheres são as maiores vítimas das
cistites: aproximadamente metade
delas apresentará pelo menos uma infecção urinária ao longo da vida. Isso pode ocorrer por questões anatômicas, hábitos, vida
sexual e hormonal. Lembramos que a uretra é uma estrutura curta e larga,
localizada na região perineal próxima ao canal vaginal e ânus, que transporta a
urina da bexiga para o meio exterior.
A cistite pode ser desencadeada por medicamentos (como os quimioterápicos)
que podem causar inflamação da bexiga; radioterapia na região pélvica
(Actínica); inflamação crônica de causa desconhecida e de difícil tratamento (Intersticial); uso de sonda na bexiga por
longos períodos; cálculo urinário; câncer de bexiga; fungos, principalmente em
pacientes diabéticos e imunodeprimidos; bactérias, que são as causas mais
frequentes; e uma associação de outras condições da bexiga ou abdome inferior,
tais como: câncer ginecológico, corrimento vaginal, doenças inflamatórias pélvicas,
endometriose, doenças inflamatórias do intestino, lúpus, tuberculose, entre
outras.
A
cistite intersticial (CI) não é causada por uma infecção bacteriana e acomete
aproximadamente 12 milhões de pessoas nos Estados Unidos. As causas não
são claras e admite-se ainda que possa ser provocada por um problema vesical
motivado por alterações no sistema nervoso, muscular, química da urina ou
alergia. Uma complicação observada na CI é a redução da capacidade vesical
funcional máxima, ou seja: “a bexiga fica pequena”.
Em aproximadamente 90% das vezes a bactéria E. coli é a
responsável pela cistite bacteriana. Essa bactéria coloniza a pele do períneo e
habita o intestino, sem nenhum problema; mas se alcançar a bexiga e os rins,
pode desencadear grandes danos, inclusive com risco de vida.
A
cistite pode acontecer depois de uma relação sexual, provavelmente porque a
uretra sofreu traumas (normais do próprio coito) e torna-se vulnerável à
migração das bactérias, sendo mais intensa e comum na menopausa, devido ao ressecamento
da vagina por deficiência hormonal (estrógeno).
A
cistite pode não ter sintomas, mas quando relatados podem ser intensos, súbitos
e bastante desconfortáveis, devido ao aumento da frequência e Urgência
miccional; dor ao urinar ou no abdome; urina turva, escura ou com cheiro forte;
presença de sangue na urina; mal estar geral; febre; confusão mental (mais
comum em pessoas idosas).
No diagnóstico, o médico identifica fatores como: o
padrão miccional, hábitos miccionais, intestinais e vida sexual; doenças
associadas, como corrimentos vaginais, diabetes, doenças autoimunes, etc; uso
de medicamentos, alterações anatômicas, alterações em exames de Urina e Imagem.
O
tratamento deve ser personalizado para cada cistite; mas nas bacterianas, o
médico prescreverá além dos analgésicos o antibiótico, guiado pelo
antibiograma. Ao tratamento urológico, soma-se o acompanhamento
multidisciplinar (ginecologista e proctologista) em caso de infecção urinária
de repetição.
Para prevenir a cistite, recomenda-se beber bastante
água; evitar bebidas como chá, cítricos, chimarrão, refrigerantes e café; usar
roupas íntimas de algodão; preferir duchas ao papel higiênico; fazer a higiene
íntima sempre da vagina para o ânus e utilizar produtos neutros, sem perfumes;
manter o períneo limpo e seco; urinar assim que você sentir desejo - não adie!;
lavar a área genital antes e depois do ato sexual; evacuar pelo menos uma vez
ao dia. Em caso de obstipação intestinal, converse com um proctologista; na
menopausa, se a paciente tiver cistites, consulte um ginecologista, visando o
uso de hormônios, caso não tenha contra indicação; evitar usar anel
anticoncepcional (consulte um ginecologista); tratar os cálculos renais, caso
você os tenha.
O
uso de Cranberry é questionável e não há evidências claras de que vá lhe
ajudar.
Homens,
idosos, grávidas e crianças com sinais e sintomas de cistite devem procurar o
seu médico ou um Urologista. Qualquer paciente com dor lombar e febre deve
procurar um médico imediatamente, pode ser bastante grave.
Dr. Marco Aurélio Lipay - Doutor em
Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São
Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de
Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano
de Urologia e Autor do Livro "Genética Oncológica Aplicada a
Urologia"
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