Estudo do Instituto Avon e PapodeHomem mostra que metade da
população deseja conversar mais sobre feminismo com quem pensa diferente, mas
quase ninguém vai atrás desses encontros
Uma pesquisa
inédita realizada pelo Instituto Avon e pelo PdH Insights, braço de pesquisa do
PapodeHomem, divulgada durante o 6º Fórum Fale Sem Medo, mostra que 70% dos
brasileiros acreditam que ter conversas sobre temas de gênero com quem pensa
muito diferente é positivo e 50% gostariam de fazê-lo de maneira mais
frequente, mas apenas 20% buscam ativamente quem pensa diferente de si para
dialogar.
Conduzido em
todo o Brasil com mais de 9 mil homens e mulheres entre 18 e 59 anos, o estudo
“Derrubando muros e construindo pontes: como conversar com quem pensa muito
diferente de nós sobre gênero?” mostra que, entre os obstáculos, o principal em
todos os segmentos sociais analisados é a agressividade das conversas, apontado
por 64% dos entrevistados, seguido por radicalismo e falta de energia. Quase
40% dizem que a falta de empatia do outro lado também é um problema, mas apenas
8% reconhecem que a falta de empatia nelas representa uma barreira.
As mulheres não
heterossexuais jovens são as que mais ativamente, e com regularidade, conversam
com quem pensa diferente. São também as que mais acreditam que o diálogo vale a
pena e as que mais consomem conteúdos com opiniões diversas. Essas
mulheres fazem parte do grupo “Construtores de
pontes”, um dos três grandes perfis traçados pelo estudo, que representam 15%
da população – pessoas que acreditam muito no diálogo sobre temas de gênero
como ferramenta de transformação, consomem conteúdos contra e a favor de seus
pontos de vista e têm maior representatividade no grupo de pessoas
pró-feminismo.
No segundo
grupo, chamado “Em trânsito”, se encontra 50% da população, indivíduos que têm
níveis intermediários de busca por diálogo, possuem certa crença na força da
conversa sobre temas de gênero, mas nem sempre são pacientes.
Essas pessoas se cansam mais, mas costumam
sentir alegria quando compartilham algo que outra
pessoa ainda não sabia.
Do terceiro
grupo, “Entre muros”, fazem parte 35% dos brasileiros entrevistados. São
aqueles que optam por não manter conversas com quem pensa diferente, evitam
conteúdos que divirjam das suas crenças e acreditam menos no diálogo como
impulsionador de mudanças. A região Sul é a que possui a maior porcentagem de pessoas “Entre muros”, enquanto a região
Nordeste possui a maior concentração de pessoas “Em trânsito”. O Norte
concentra o maior número de “Construtores de pontes” ainda que, de acordo com a
pesquisa, tenha sido a região que menos apoia o feminismo.
O estudo mostra
ainda que um número expressivo da população compreende o significado de
feminismo: quase 60% dos entrevistados o definiram como “um movimento
necessário de defesa por direitos e oportunidades iguais para homens e
mulheres”, taxa que chega a 81% entre mulheres homo e bissexuais. Menos de 1%
das pessoas disse não saber o que é feminismo, embora uma parcela
significativa, mais de 16%, ainda confunda seu significado ao optarem pelas
respostas que o definem como “defesa de superioridade das mulheres sobre os
homens” ou “o oposto do machismo”.
“Existe uma
ideia generalizada de que é cada vez mais difícil tentar conversar com quem tem
uma opinião avessa à nossa, mas escutar milhares de pessoas em todo o País
indica que, na verdade, é o oposto: os brasileiros estão dispostos a dialogar
com quem pensa diferente para construir soluções benéficas a todos. Precisamos
de mais construtores de pontes, e criar espaços e oportunidades de diálogo é
fundamental para que essa transformação ocorra”, afirma Mafoane Odara, ativista
e coordenadora do Instituto Avon.
“Apesar da
sensação de recrudescimento da intolerância, nossa pesquisa prova que há muita
gente que acredita no diálogo. Conversar com quem pensa diferente é trabalhoso,
requer prática e persistência, mas, como mostram os números, não só é benéfico,
mas desejado por metade da população”, diz
Guilherme N. Valadares fundador do PapodeHomem. “O desafio não é convencer todo
mundo do ‘lado de lá’ a se converter ao nosso lado, mas sim furar a nossa bolha
e construir, de maneira coletiva, outras mais favoráveis”, acrescenta.
Além da
pesquisa, o Instituto Avon e o PapodeHomem
também desenvolveram um guia especial para jornalistas, com o objetivo de
auxiliar no desenvolvimento de um jornalismo propositivo que se corresponsabiliza
pela mudança. Intitulado “Guia prático: como conversar com quem pensa muito
diferente de você sobre gênero”, o documento também está disponível para
download em http://www.papodehomem.com.br.
SOBRE O INSTITUTO AVON
Há 15 anos o Instituto Avon se dedica em salvar vidas e é por isso que
sempre apoiou e desenvolveu ações que tenham em sua essência a premissa de
superar dois dos principais desafios à plena realização da mulher: o combate ao
câncer de mama e o enfrentamento das violências contra as mulheres e meninas.
Ano após ano, o trabalho do instituto tem contado com parcerias importantes e a
colaboração e dedicação de muitas pessoas e organizações para fazer com que, a
cada dia, mais pessoas recebam informações sobre as causas e saibam como agir.
Como braço de investimento social da Avon, empresa privada que investiu mais de
150 milhões em ações sociais voltadas às mulheres no Brasil, o Instituto já
apoiou a realização de mais de 300 projetos e ações, beneficiando 6 milhões de
mulheres.
A plataforma PapodeHomem há 12 anos trabalha por
masculinidades mais saudáveis — recebendo milhões de acessos todos os meses em
seu portal. Seu braço de pesquisa e inteligência PdH Insights realiza estudos
nacionais que se transformam em documentários e workshops em todo o Brasil. O
PdH é membro do Comitê #ElesporElas da ONU Mulheres e tem atuado com
organizações como Google, Natura, Reserva, Banco do Brasil, Gerdau, White
Martins, Diageo e Havaianas, além de ir a escolas, universidades, ONGs e órgãos
públicos. Acreditamos ser tempo de homens possíveis.
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