Oftalmologista do
Hospital América de Mauá fala sobre a importância da prevenção à cegueira
A
campanha Abril Marrom foi criada em 2016 e tem como objetivo
conscientizar as pessoas sobre a cegueira, para que saibam como evitá-la e, em
alguns casos, revertê-la. A campanha visa alertar a população sobre a
necessidade de exames oftalmológicos preventivos que possam diagnosticar
estados iniciais de determinadas doenças, evitando a perda visual.
A
cegueira atinge cerca de 1,2 milhões de brasileiros, segundo dados recentes do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Deste total, em torno de 60% dos
casos são tratáveis. “Muitos casos de cegueira podem ser evitados ou
revertidos, mediante diagnóstico precoce e tratamento. Considerando que cerca
de 80% de todas as informações que recebemos do mundo exterior nos chegam
através da visão, podemos perceber o impacto devastador que a perda visual
causa na qualidade de vida de uma pessoa, independente da faixa etária em que
ocorra”, explica a Dra. Renata Bastos Alves, coordenadora da equipe de
oftalmologia e prestadora de serviços no Hospital América de Mauá.
Existem
alguns fatores de risco para a cegueira ou a perda da visão. “Cada patologia
tem seus próprios fatores de risco, mas idade (acima da 40 anos), familiares de
primeiro grau com doenças semelhantes, doenças associadas (como hipertensão
arterial e diabetes) e hábitos como o tabagismo estão entre os principais
fatores relacionados à maioria dos casos de cegueira nos pacientes adultos. Já
nas crianças, a presença de estrabismo é o fator de risco mais relevante para a
ambliopia (olho preguiçoso)”, ressalta a especialista.
As
principais doenças que podem levar a cegueira são: “Catarata, perda de
transparência do cristalino (lente natural do olho), que pode ocasionar perda
visual em diferentes níveis, podendo chegar à cegueira. Em geral, afeta
indivíduos acima dos 50 anos de idade; Glaucoma, aumento da pressão do olho,
na maioria das vezes sem sintomas, que vai progressivamente causando a morte do
nervo óptico (responsável por levar ao cérebro as imagens), acarretando
cegueira de forma irreversível. Devido ao fato de não manifestar sintomas até
que o comprometimento visual já esteja muito adiantado, é fundamental que as
pessoas, principalmente acima dos 40 anos, façam exame oftalmológico de rotina,
com medida da pressão ocular e fundo de olho anualmente; Degeneração Macular
relacionada à idade (DMRI) é uma inflamação na região da retina chamada
mácula, que ocorre principalmente em pessoas acima dos 60 anos, levando à
formação de uma cicatriz no local, o que ocasiona perda da visão central. A
pessoa passa a ver uma “mancha” bem no centro da visão, que será tanto maior,
quanto maior for o tempo e a extensão da inflamação do tecido, restando apenas
a periferia do campo visual, o que causa, muitas vezes, incapacidade
permanente; Retinopatia diabética, alteração nos vasos sanguíneos da
retina (tecido localizado no fundo do olho, que recebe a informação visual e
encaminha ao nervo óptico, para que as imagens sejam percebidas). No paciente
diabético não controlado ocorre a formação de vasos sanguíneos mais frágeis na
retina, além de vazamento de líquidos e sangramento. Isso faz com que a visão
fique muito prejudicada, além de predispor à hemorragia vítrea e ao
descolamento da retina, situações de muita gravidade, que exigem cirurgia
urgente e podem levar à cegueira; Ambliopia, perda visual em graus
variáveis (podendo chegar à cegueira), causada por falta de diagnóstico de
problemas oculares na infância, como estrabismo, catarata congênita, glaucoma
congênito, tumores oculares, como o retinoblastoma (câncer ocular que começa na parte de trás do olho, retina) ou
altos graus de miopia, hipermetropia ou astigmatismo. Quando esses problemas
aparecem, devem ser tratados rapidamente, porque a criança só “aprende” a
enxergar até por volta dos 6-7anos de idade. Após esse período, mesmo tratados
os problemas oculares, a visão não pode ser completamente restabelecida”,
pontua a oftalmologista.
Os
sintomas iniciais na maioria das doenças são uma perda visual leve, um
embaçamento, que vai desde a dificuldade para leitura, para assistir TV ou
dirigir, evoluindo progressivamente para cegueira completa. “Muitos pacientes,
infelizmente, negligenciam esses sintomas iniciais, ou mesmo não os percebem,
principalmente quando a patologia envolve os olhos de maneira assimétrica (um
olho mais acometido que o outro), buscando tratamento apenas tardiamente,
quando, infelizmente, já não há mais o que fazer”, comenta a doutora.
Para
prevenção, investigação, diagnóstico e tratamento de qualquer doença ocular, é
preciso acompanhamento com o médico oftalmologista e realização de exames de
rotina. “Nos adultos, deve ser aferida anualmente a
pressão ocular (tonometria), além de exames como biomicroscopia, fundo de olho
e mapeamento das retinas, que podem diagnosticar a maioria das patologias que
leva à cegueira. Não apenas a realização do exame é importante, mas a sua
correta interpretação e a introdução do tratamento mais eficaz para cada tipo
de patologia ocular. Para as crianças, é obrigatório, ao nascimento, um exame
que se chama “teste do olhinho”. Nesse exame, o médico consegue observar se há
alguma alteração na passagem da luz para dentro do olho. Qualquer alteração
deve ser direcionada diretamente para investigação mais profunda e tratamento.
No Hospital América, contamos com aparelhos precisos de alta tecnologia e
profissionais especialistas nas mais diversas áreas da oftalmologia, para que o
paciente tenha seu diagnóstico e tratamento de forma rápida e assertiva,
possibilitando a recuperação visual ou a interrupção da perda visual”, lembra
a médica.
Os
tratamentos das doenças oculares variam de acordo com cada caso. “Para a
catarata, o tratamento é cirúrgico, com a substituição do cristalino opaco por
uma lente intraocular, e restabelecimento rápido da visão. No caso do glaucoma,
são usados colírios que diminuem a pressão ocular, estacionando a lesão do nervo
óptico e impedindo a progressão da perda da visão. Em alguns casos, pode ser
necessária cirurgia ou procedimentos a laser para controlar a pressão. Nos
pacientes com degeneração macular, bem como naqueles com retinopatia diabética,
os tratamentos com diferentes tipos de laser nos vasos da retina são eficazes
e, atualmente, a injeção de substâncias anti-angiogênicas (que impedem a
formação dos vasos defeituosos) e anti-inflamatórias intra-vítreas tem mostrado
bons resultados em termos de recuperação visual. Nas crianças, uma vez
diagnosticado o problema ocular, o tratamento precoce pode evitar a perda
visual (ambliopia)”, recomenda Alves.
A
prevenção está diretamente relacionada à conscientização da população sobre a
existência dessas doenças e, sobretudo, ao diagnóstico precoce, através dos
quais se pode evitar a maioria dos casos de cegueira.
Dra. Renata Bastos Alves - CRM
83686 - Coordenadora da equipe de oftalmologia e prestadora de serviços no
Hospital América de Mauá.
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