sexta-feira, 29 de março de 2019

Pesquisa inédita revela que apenas 20% dos entrevistados buscam ativamente iniciar uma conversa com quem pensa diferente


Estudo do Instituto Avon e PapodeHomem mostra que metade da população deseja conversar mais sobre feminismo com quem pensa diferente, mas quase ninguém vai atrás desses encontros


Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Avon e pelo PdH Insights, braço de pesquisa do PapodeHomem, divulgada durante o 6º Fórum Fale Sem Medo, mostra que 70% dos brasileiros acreditam que ter conversas sobre temas de gênero com quem pensa muito diferente é positivo e 50% gostariam de fazê-lo de maneira mais frequente, mas apenas 20% buscam ativamente quem pensa diferente de si para dialogar.

Conduzido em todo o Brasil com mais de 9 mil homens e mulheres entre 18 e 59 anos, o estudo “Derrubando muros e construindo pontes: como conversar com quem pensa muito diferente de nós sobre gênero?” mostra que, entre os obstáculos, o principal em todos os segmentos sociais analisados é a agressividade das conversas, apontado por 64% dos entrevistados, seguido por radicalismo e falta de energia. Quase 40% dizem que a falta de empatia do outro lado também é um problema, mas apenas 8% reconhecem que a falta de empatia nelas representa uma barreira.

As mulheres não heterossexuais jovens são as que mais ativamente, e com regularidade, conversam com quem pensa diferente. São também as que mais acreditam que o diálogo vale a pena e as que mais consomem conteúdos com opiniões diversas. Essas mulheres fazem parte do grupo “Construtores de pontes”, um dos três grandes perfis traçados pelo estudo, que representam 15% da população – pessoas que acreditam muito no diálogo sobre temas de gênero como ferramenta de transformação, consomem conteúdos contra e a favor de seus pontos de vista e têm maior representatividade no grupo de pessoas pró-feminismo.

No segundo grupo, chamado “Em trânsito”, se encontra 50% da população, indivíduos que têm níveis intermediários de busca por diálogo, possuem certa crença na força da conversa sobre temas de gênero, mas nem sempre são pacientes. Essas pessoas se cansam mais, mas costumam sentir alegria quando compartilham algo que outra pessoa ainda não sabia.

Do terceiro grupo, “Entre muros”, fazem parte 35% dos brasileiros entrevistados. São aqueles que optam por não manter conversas com quem pensa diferente, evitam conteúdos que divirjam das suas crenças e acreditam menos no diálogo como impulsionador de mudanças. A região Sul é a que possui a maior porcentagem de pessoas “Entre muros”, enquanto a região Nordeste possui a maior concentração de pessoas “Em trânsito”. O Norte concentra o maior número de “Construtores de pontes” ainda que, de acordo com a pesquisa, tenha sido a região que menos apoia o feminismo.

O estudo mostra ainda que um número expressivo da população compreende o significado de feminismo: quase 60% dos entrevistados o definiram como “um movimento necessário de defesa por direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres”, taxa que chega a 81% entre mulheres homo e bissexuais. Menos de 1% das pessoas disse não saber o que é feminismo, embora uma parcela significativa, mais de 16%, ainda confunda seu significado ao optarem pelas respostas que o definem como “defesa de superioridade das mulheres sobre os homens” ou “o oposto do machismo”.

“Existe uma ideia generalizada de que é cada vez mais difícil tentar conversar com quem tem uma opinião avessa à nossa, mas escutar milhares de pessoas em todo o País indica que, na verdade, é o oposto: os brasileiros estão dispostos a dialogar com quem pensa diferente para construir soluções benéficas a todos. Precisamos de mais construtores de pontes, e criar espaços e oportunidades de diálogo é fundamental para que essa transformação ocorra”, afirma Mafoane Odara, ativista e coordenadora do Instituto Avon.

“Apesar da sensação de recrudescimento da intolerância, nossa pesquisa prova que há muita gente que acredita no diálogo. Conversar com quem pensa diferente é trabalhoso, requer prática e persistência, mas, como mostram os números, não só é benéfico, mas desejado por metade da população”, diz Guilherme N. Valadares fundador do PapodeHomem. “O desafio não é convencer todo mundo do ‘lado de lá’ a se converter ao nosso lado, mas sim furar a nossa bolha e construir, de maneira coletiva, outras mais favoráveis”, acrescenta.

Além da pesquisa, o Instituto Avon e o PapodeHomem também desenvolveram um guia especial para jornalistas, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de um jornalismo propositivo que se corresponsabiliza pela mudança. Intitulado “Guia prático: como conversar com quem pensa muito diferente de você sobre gênero”, o documento também está disponível para download em http://www.papodehomem.com.br.



SOBRE O INSTITUTO AVON

Há 15 anos o Instituto Avon se dedica em salvar vidas e é por isso que sempre apoiou e desenvolveu ações que tenham em sua essência a premissa de superar dois dos principais desafios à plena realização da mulher: o combate ao câncer de mama e o enfrentamento das violências contra as mulheres e meninas. Ano após ano, o trabalho do instituto tem contado com parcerias importantes e a colaboração e dedicação de muitas pessoas e organizações para fazer com que, a cada dia, mais pessoas recebam informações sobre as causas e saibam como agir. Como braço de investimento social da Avon, empresa privada que investiu mais de 150 milhões em ações sociais voltadas às mulheres no Brasil, o Instituto já apoiou a realização de mais de 300 projetos e ações, beneficiando 6 milhões de mulheres.


SOBRE O PAPODEHOMEM E O PDH INSIGHTS

A plataforma PapodeHomem há 12 anos trabalha por masculinidades mais saudáveis — recebendo milhões de acessos todos os meses em seu portal. Seu braço de pesquisa e inteligência PdH Insights realiza estudos nacionais que se transformam em documentários e workshops em todo o Brasil. O PdH é membro do Comitê #ElesporElas da ONU Mulheres e tem atuado com organizações como Google, Natura, Reserva, Banco do Brasil, Gerdau, White Martins, Diageo e Havaianas, além de ir a escolas, universidades, ONGs e órgãos públicos. Acreditamos ser tempo de homens possíveis.


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