A ONU (Organização das Nações
Unidas) definiu o tema central do próximo Dia Mundial de Conscientização do
Autismo (no original, em inglês: World Autism Awareness Day), celebrado todo 2
de abril (desde 2008): “Tecnologias assistivas, participação ativa”. A ONU
argumenta que, para muitas pessoas no espectro do autismo, o acesso a
tecnologias assistenciais a preços acessíveis é um pré-requisito para poder
exercer seus direitos humanos básicos e reduzir ou eliminar as barreiras à sua
participação em igualdade na sociedade.
Segundo o CDC (Center of
Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos,
uma criança a cada 100 nasce com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O
aumento é grande: há alguns anos, a estimativa era de um caso para cada 500
crianças. Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo 2
milhões delas no Brasil.
Mas, afinal, o que é o autismo
(TEA), e como lidar com essa doença que ainda gera tanto preconceito? De acordo
com o Prof. Dr. Mario Louzã, médico psiquiatra, doutor em Medicina pela
Universidade de Würzburg, Alemanha, e Membro Filiado do Instituto de
Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo; o diagnóstico
começa pela observação do comportamento da criança (paciente). O TEA, na
realidade, envolve um grupo de doenças do neurodesenvolvimento, de início
precoce (antes dos 2-3 anos de idade), e que se caracteriza por dois aspectos
principais: dificuldade de interação social e de comunicação.
Uma criança sadia começa a
interagir com outras pessoas em torno dos 4-6 meses de idade. “Ela é capaz de
sorrir quando vê alguém conhecido ou reagir com medo se um estranho, por
exemplo, tenta pegá-la no colo”, explica Louzã. A medida que a criança cresce,
o amadurecimento permite que a interação com outras pessoas se torne possível
antes da aquisição da linguagem e da fala.
Estas evoluções ao longo dos
primeiros anos de vida dão indicações do progressivo aumento da capacidade de
interação social da criança. Já a autista, se mostra indiferente à interação
social, e não expressa a reciprocidade no contato com outras pessoas. Tem
grande dificuldade na comunicação verbal e não-verbal, e parece desligada do
ambiente em torno de si. A linguagem corporal e o contato visual com outras
pessoas se mostram prejudicados.
Numa idade maior, o
desinteresse em brincar com outras crianças é ainda mais nítido. Normalmente,
ela se isola e se fixa em uma única atividade, com ritualização de movimentos
repetitivos. Outra característica é a dificuldade de seguir rotinas, além de
apresentar hipo ou hiperatividade aos estímulos sensoriais.
Segundo o psiquiatra Mario
Louzã, o autismo, propriamente dito, não é tratado com medicamentos. Estes são
utilizados quando há outros sintomas associados ao autismo, como ansiedade,
TDAH, depressão, transtorno obsessivo compulsivo, agitação, irritabilidade,
distúrbios do sono, entre outros. Para cada situação, há uma medicação
específica.
Sobre efeitos colaterais,
depende do medicamento, da dose, da idade da criança e de outros fatores. Como
são vários remédios de classes terapêuticas diferentes, fica difícil
generalizar os efeitos colaterais. Também há indicação de psicofármacos para
casos mais leves.
E como facilitar a integração
do autista na sociedade? “Infelizmente, ainda há muito preconceito,
principalmente por parte das crianças, que não têm o poder de compreensão de um
adulto, e excluem o autista. Por incrível que pareça, há até mães e pais que
evitam a amizade de seus filhos com as crianças portadoras do TEA, o que é uma
triste ignorância”, afirma Mario Louzã.
Para quem tem filho autista, a
melhor dica é motivá-lo a levar uma vida normal, na medida do possível.
Incentive-o nas atividades, estimule-o a fazer tarefas em casa e, quando ele
perceber suas próprias limitações, explique que as pessoas são diferentes, e
que tem gente que consegue fazer certas coisas, e outras, não. Se for o caso,
há escolas que têm maior preparo para integrar um autista em uma classe comum.
Mesmo quando ele já for maior
e tiver ciência do seu autismo, nunca o deixe pensar que é incapaz ou inferior
a outras pessoas. De acordo com o psiquiatra, o apoio da família é sempre o
melhor tratamento para qualquer tipo de transtorno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário