Dois fatores, entre outros, contribuem sobremaneira
para a situação atual no mundo das informações e das opiniões: o tamanho da
população mundial (7,65 bilhões de habitantes) e a explosão das novas
tecnologias e dos novos meios de comunicação. Desde o surgimento da impressão
em papel, após a invenção da prensa móvel por Gutemberg em 1440, passando pelo
rádio e pela televisão, o mundo vem presenciando rápida expansão nas inovações
tecnológicas e na variedade de veículos de divulgação de texto, som e imagem,
desembocando nos atuais meios via computador, telefonia celular, internet,
redes sociais etc.
A facilidade com que tudo é fotografado, filmado,
gravado, divulgado e analisado em tempo real, aliada à multiplicidade de meios
e canais, sobretudo após o aparecimento das redes sociais, mudou a lógica da
relação entre o fato, a notícia, a opinião e a percepção popular do que
acontece em todos os campos da natureza e da vida humana. Sem o predomínio de
um único meio e sem monopólio de qualquer veículo, as relações entre o fato, a
notícia, a análise e a percepção popular vêm mudando radicalmente, o que impõe
atualização dos padrões de ação sobre toda essa cadeia.
Assim, desafios novos se impõem para os veículos de
comunicação e os comunicadores. Entenda-se por “comunicador” qualquer pessoa
que se expresse por algum veículo. Pode ser um jornalista, um cientista, um
professor, um escritor, um intelectual, enfim, qualquer um que tenha acesso a
um público distante de seus olhos. Um fato acontece e a informação é divulgada,
com ou sem análise, opinião e interpretação segundo as crenças e conhecimentos
do intérprete. No mais das vezes, ao fato e às informações objetivas seguem-se
análises, opiniões, interpretações e previsões, tanto por jornalistas quanto por
políticos, especialistas ou mero opinante público.
Atualmente, parece terem mais chance de atrair
público e garantir seu nicho os veículos, os jornalistas e os comunicadores que
deixarem claras suas crenças, sua ideologia e sua linha de pensamento. Tendem
ao prejuízo e ao descrédito os que se dizem isentos e não influenciados por
suas crenças, opção política e ideologia. Ninguém é totalmente isento em
relação ao mundo, aos fatos, às ideias e aos acontecimentos. Logo,
sobretudo na análise e opinião sobre os fatos, para além de seus aspectos
meramente materiais e objetivos, é melhor para os veículos e os comunicadores
que tentem convencer pela lógica de seus argumentos e extensão de seus
conhecimentos, deixando claro quais suas crenças e seu lado.
No Brasil, órgãos de imprensa e profissionais da
comunicação que tentaram convencer de sua total isenção começaram a cair no
descrédito, a perder prestígio e, por consequência, a perder clientes. Admitir,
em seu espaço, as ideias contrárias é uma atitude inteligente e
necessária, pois o conhecimento cresce diante do confronto de hipóteses. Isso é
outra coisa, e é bom. Esse processo foi acelerado pelo surgimento de enorme
variedade de canais de comunicação, especialmente as redes sociais, propiciado
pela explosão de novas tecnologias e muitas inovações.
Novos desafios aí estão. O modo de enfrentá-los
exige, de saída, conhecê-los. O inventor, futurista e escritor Buckminster
Fuller (1895-1983) nos disse: “Você não pode desviar-se de coisas que não vê
movendo-se em sua direção”. O melhor é procurar ver e entender os novos tempos
e, depois, adaptar-se para sobreviver.
José Pio Martins -
economista, é reitor da Universidade Positivo.
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