Idade não é fator
exclusivo e o sal não é o maior vilão. Cardiologista explica dúvidas comuns
sobre as doenças cardíacas
Apesar de muita gente saber que para uma vida
saudável é preciso modificar alguns comportamentos como, por exemplo, largar o
tabaco, reduzir o álcool, ter uma alimentação equilibrada e praticar atividades
físicas, as doenças ligadas ao coração ainda são as que mais matam no mundo. De
acordo com o Ministério da Saúde, 300 mil brasileiros sofrem infartos todos os
anos e em 30% dos casos, o ataque cardíaco é fatal. A desinformação em relação
as doenças cardiovasculares é um dos principais obstáculos para reduzir esse
percentual.
O cardiologista Diego Garcia explica que muitas
doenças que afetam o sistema cardiovascular não manifestam sintomas e que
muitas pessoas só deixam para procurar um cardiologista quando já estão com um
quadro grave. O especialista ainda esclarece os mitos que cercam um dos
principais órgãos do corpo.
Doença cardíaca só acomete idosos
Apesar de terem uma probabilidade menor, cada vez
mais jovens e crianças têm sofrido com as doenças cardíacas e isso é um reflexo
direto do sedentarismo e obesidade que tem crescido nessa faixa etária. Segundo
um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos
adolescentes não praticam exercícios com frequência.
É muito comum também a manifestação na infância e
adolescência de doenças cardiológicas congênitas, ou seja, problemas no coração
em que a pessoa já nasce e que pode se manifestar desde os primeiros dias de
vida até a idade adulta.
Doença cardíaca impede a prática de atividade
física
Ao contrário do que se pensa, é sugerido que os
pacientes cardiopatas tenham uma rotina ativa para fortalecer o coração. A
indicação inclusive é que o individuo complemente atividades aeróbicas com a
musculação, para melhorar a capacidade cardiorrespiratória e ter ganho
muscular.
"Já sabemos que os exercícios ajudam na
prevenção de diversas doenças do coração e ainda contribuem para a recuperação
daqueles que têm algum problema", comenta o cardiologista. Hoje temos
médicos cardiologistas que se dedicam especificamente na área da reabilitação
cardiovascular, que busca auxiliar pacientes com doenças cardíacas para ganho
de performance. Mas antes de qualquer atividade, a principal recomendação é que
tenha um acompanhamento médico avaliar as limitações e os exercícios indicados.
Se tenho pressão alta, não posso comer sal
De acordo com a Sociedade Brasileira de
Hipertensão, atualmente 40% dos infartos e 80% dos acidentes vasculares
cerebrais (AVC) estão associados a hipertensão. A doença pode ter influência do
fator genético, mas evitar o sedentarismo e controlar o consumo de sódio na
alimentação são fundamentais para evitar o quadro.
Porém, isso não significa que seja necessário
cortar o sal da dieta, mas sim reduzir o seu consumo. De acordo com Diego
Garcia, o sódio é fundamental para a manutenção do "equilíbrio"
(homeostase) no organismo, mas ressalta que é importante tomar cuidado ao
adicionar mais sal à comida, considerando que muitos alimentos já contém sódio
em sua composição. "Além de reduzir o consumo do sal de cozinha, é preciso
diminuir o consumo de alimentos industrializados, que são ricos em sódio",
comenta.
Quem está em forma não corre risco de problemas
cardíacos
Quem está em forma realmente tem um risco menor de
desenvolver algumas doenças, como o infarto e arritmias, mas algumas pessoas
tem história familiar positiva para doença cardiovascular e podem estar
geneticamente mais propensas, assim como serem portadoras de outras patologias
que aumentam o risco de cardiopatias.
Além disso, há pessoas que mesmo que sejam magras,
têm um alto índice de gordura no corpo, podendo desenvolver doenças como
diabetes e pressão alta.
"Ser magro não é sinônimo de ser
saudável", complementa.
Todo colesterol alto é ruim
O colesterol não é nada mais do que uma substância
gordurosa que é essencial para a manutenção do organismo. Ele é importante para
estrutura celular e contribui para a síntese de alguns hormônios como o
estrogênio e a testosterona. O problema é que por ser uma substância gordurosa,
quando ele está em grande quantidade pode acabar se acumulando nas artérias e
impedir o fluxo sanguíneo.
Há dois tipos principais de colesterol no
organismo, o HDL, lipoproteína de alta densidade e o de baixa densidade, LDL. O
cardiologista Diego Garcia explica que o LDL é chamado de "colesterol
ruim" porque ele promove a deposição de gordura na parede dos vasos,
enquanto o HDL, também conhecido como "colesterol bom" retira esse
colesterol dos vasos, impedindo a sua deposição nas artérias. "Como
recomendação simples poderia dizer que precisamos manter o LDL baixo e o HDL
alto para manter um bom controle da aterosclerose", finaliza Dr. Diego
Garcia.
Dr. Diego Garcia - medico cardiologista
com área de atuação em cardiologia geral, ecocardiografia, cardio-oncologia,
medicina preventiva e medicina do estilo de vida.
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