O estudo centrou-se em crianças com pressões anormais do sangue em
todo os Estados Unidos, e é o primeiro a mostrar um subdiagnóstico generalizado
destas condições, por pediatras, em crianças de 3 a 18 anos
Hipertensão e pré-hipertensão em crianças, muitas
vezes, não são diagnosticadas, de acordo com um novo estudo
publicado no Pediatrics. A avaliação centrou-se em crianças com
pressões anormais do sangue, nos Estados Unidos, e é o primeiro a mostrar um
subdiagnóstico generalizado destas condições por pediatras em crianças e
adolescentes de 3 a 18 anos.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores
analisaram os registros eletrônicos de saúde de 400 mil crianças de quase 200
centros pediátricos de cuidados primários em todo o país, entre 1999 e 2014.
Eles descobriram que apenas 23% daqueles que tinham pressão arterial
consistente com hipertensão, mesmo com várias visitas aos prestadores de cuidados
primários, foram diagnosticados com a doença. E que apenas 10% dos pacientes
com sintomas de pré-hipertensão foram diagnosticados. Das crianças e
adolescentes com diagnóstico de hipertensão arterial, há pelo menos um ano,
apenas 6% dos que precisavam de medicação anti-hipertensiva receberam receita
médica.
Segundo as conclusões, embora mais de 95% das
crianças e adolescentes tenham sua pressão arterial elevada medida, os médicos
que cuidam das crianças não estão colocando todas as peças do quebra-cabeça
juntas em termos de interpretar os resultados e seguir as orientações adequadas
para o tratamento.
De acordo com o estudo, os pediatras são mais
propensos a diagnosticar hipertensão e pré-hipertensão em crianças altas, do
sexo masculino, com sobrepeso ou obesidade e a reconhecer as doenças em
crianças com valores de pressão arterial mais anormal e / ou pressão arterial
mais frequentemente aferida. Os pesquisadores descobriram que o subdiagnóstico
também pode ocorrer nessas populações.
Doenças de adulto cada vez
mais cedo
“A nova realidade para os pediatras é que estamos
lidando cada vez mais com crianças que estão desenvolvendo condições crônicas,
como a hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidemias, que, antes, eram
previamente vistas principalmente em adultos. O estudo mostra que muitos
pediatras não estão respondendo a esta nova realidade, não só subdiagnosticando
a hipertensão, mas, muitas vezes, não fornecendo tratamento recomendado
às crianças com a condição, a fim de minimizar os riscos para a saúde”, afirma
o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
A hipertensão (pressão arterial elevada) é uma
das dez doenças crônicas mais comuns na infância e predispõe à hipertensão na
idade adulta. “Crianças com hipertensão também pode mostrar sinais precoces de
doença cardiovascular, que se não tratados podem aumentar a morbidade e a
mortalidade, a longo prazo”, diz o pediatra, que é membro do Departamento de
Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São
Paulo.
Em 2007, os mesmos pesquisadores haviam
descoberto, estudando dados de aproximadamente 15.000 pacientes pediátricos,
dentro de um sistema de saúde menor, que menos de 25% das crianças com
hipertensão eram diagnosticadas. O estudo atual utilizou "grandes dados",
combinando dados de registros de saúde eletrônicos de quase 200 centros
pediátricos de cuidados primários dos EUA para mostrar um resultado muito
semelhante em nível nacional.
Moises Chencinski
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