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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Comer em excesso também é considerado uma forma de dependência



Chocolate, hambúrguer, pizza, queijo e sorvete são alguns dos alimentos altamente “viciantes”, segundo estudo

 
Poucas pessoas sabem que comer pode gerar dependência, assim como fazer uso de drogas ilícitas, fumar cigarros ou consumir álcool. Mas, você sabe por que isso acontece? Alimentos ricos em açúcares e gorduras ativam uma área do cérebro chamada “sistema cerebral de recompensa”. Trata-se de uma rede complexa de neurônios que é estimulada quando fazemos algo que gera prazer.

Segundo Carolina Marques Pellegrini, psicóloga e neuropsicóloga, a função biológica do sistema de recompensa é garantir a sobrevivência da nossa espécie e, para isso, ela nos garante a motivação para comer, beber e nos reproduzir, por exemplo.

“Entretanto, esse sistema também é ativado quando consumimos alimentos muito processados como: pizza, chocolate, sorvetes e batata frita, entre outros. O prazer gerado é imediato e muito rápido, desta forma,  para sentir novamente a mesma sensação, a tendência é repetir os comportamentos, ou seja, consumir compulsivamente alimentos gordurosos e doces”, explica Carolina.

Uma pesquisa recente, publicada na revista “PlosOne” revelou que os alimentos processados, como biscoitos, embutidos, refrigerantes e sorvetes, podem gerar no cérebro uma resposta semelhante a de quando consumimos álcool ou nicotina, justamente por ativarem o sistema de recompensa, podendo levar ao desenvolvimento do “vício” alimentar.  


Comida pode ser válvula de escape
 
“Quando a pessoa é obesa ou apresenta alguma compulsão alimentar, é sempre interessante avaliar como estão as emoções. Descartando os problemas físicos que podem gerar a obesidade, é preciso investigar qual o papel a comida ocupa na vida da pessoa”, diz a psicóloga.

Carolina explica que a relação do ser humano com a comida começa ao nascimento. “O primeiro sistema de recompensa que temos contato é a amamentação. O leite materno alivia o desconforto, a fome e acalma o bebê. E é assim que se forma a relação “comida-emoção”. Esse é um processo natural e que dura o tempo necessário até que sejam desenvolvidas as habilidades para lidar com os sentimentos de frustração, ansiedade, medo, etc.”.  

“Entretanto, quando a pessoa não tem esses recursos bem desenvolvidos, pode usar a comida como uma maneira de aliviar desconfortos emocionais com os quais não consegue lidar. Esse comportamento fica programado no cérebro, impactando na dificuldade em perder peso ou até mesmo de mantê-lo”.

“Nestes casos a psicoterapia é fundamental, pois irá auxiliar no desenvolvimento de outras estratégias, mais saudáveis, para lidar com os sentimentos e situações que levam a dependência de certos alimentos. Na terapia, por exemplo, é possível investigar quais são os gatilhos que causam a compulsão e atuar especificamente neles”, afirma Carolina.




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