O pânico em torno de uma nova epidemia de Gripe A explica o sumiço do
Oseltamivir -- nome genérico do Tamiflu -- nas farmácias da cidade de São
Paulo. Mas não deveria ser assim. As pessoas consideradas vulneráveis é que
devem tomar o remédio, e com receita médica. É o que diz o médico
infectologista Carlos Magno Fortaleza, do campus da Universidade Estadual
Paulista (Unesp) em Botucatu (interior paulista). E, para quem tem receita, o
SUS (Sistema Único de Saúde) fornece o remédio gratuitamente.
Entre os critérios de vulnerabilidade elencados pelo Ministério da Saúde
estão doenças crônicas do coração e pulmonares, por exemplo, além de diabetes,
gestantes, crianças e idosos. De acordo com o professor, estudos científicos
apontam que apenas algo em torno de 1% a 2% dos casos evoluem com maior
gravidade dentro de um universo inteiro de pessoas com Gripe A – e é justamente
nessa faixa em que entram os vulneráveis.
"O uso do Oseltamivir tem que, de fato, ser priorizado às pessoas
mais vulneráveis, às que apresentam evolução mais grave. Tinha que ser feita
essa 'peneira'. Mesmo porque, é sabido que o uso indiscriminado de todas essas
medicações está associado à resistência a elas, no futuro, por parte do
organismo", disse Fortaleza.
Para o infectologista, o fato de o Oseltamivir ser vendido sem
prescrição médica nas farmácias privadas é um fator que contribui para o
desequilíbrio entre demanda e oferta: "Tinha que ter um critério para a
venda desse remédio – por exemplo, só com receita. Porque, em momentos de
pânico, como agora, ele some; há mais procura do que a capacidade de produção
da indústria", analisou.
Nas farmácias da rede SUS (Sistema Único de Saúde) o medicamento é
liberado mediante receita médica com o nome genérico do remédio. Na cidade de
São Paulo, por exemplo, há oferta do medicamento em todas as regiões. Um site da
prefeitura indica onde tem remédio.
"Temos tido problemas sérios com Prontos Socorros
--porque estamos tentando redirecionar às Unidades Básicas de Saúde o
fluxo de pacientes menos graves. Mas, mesmo com gripe leve, diante de toda a
comoção pública com a doença, as pessoas correm aos PSs de
imediato", afirmou o infectologista da Faculdade de Medicina em Botucatu,
que já trabalhou na Secretaria de Estado da Saúde em São Paulo.
"Acho que há lugares em que os PSs não estão dando
conta de tanta demanda. Mas acredito que, com organização, a rede rede pública
pode dar conta – ainda que com dificuldades. Demos conta da pandemia de 2009,
que foi algo muito pior do que temos hoje", lembrou.
Metade das mortes é em pessoas
vulneráveis
Fortaleza menciona ainda que estudos sobre a pandemia de Gripe A em 2009
apontaram que ao menos metade das mortes causadas pela doença foi registrada em
pessoas predisponentes.
"Parece um empate com as não-vulneráveis, mas, na prática, o número
de pessoas com condições predisponentes é pequeno; então, o risco de elas
morrerem foi muito maior", explicou.
"Temos a possibilidade de otimizar o uso do Oseltamivir para as
pessoas que já apresentam, de início, um quadro de evolução grave ou pessoas
com morbidades – se isso for feito, certamente conseguiremos evitar que falte
medicamento para todo mundo", concluiu.
Apesar de todo o alarido em torno do Tamiflu – e da falta dele no mercado –, tanto Fortaleza quanto outro infectologista ouvido pelo UOL mencionaram um medicamento que poderia ser alternativa no combate aos sintomas da Gripe A, o relensa, ou zanamivir (nome genérico).
Apesar de todo o alarido em torno do Tamiflu – e da falta dele no mercado –, tanto Fortaleza quanto outro infectologista ouvido pelo UOL mencionaram um medicamento que poderia ser alternativa no combate aos sintomas da Gripe A, o relensa, ou zanamivir (nome genérico).
“Geralmente, pacientes de maior gravidade é que têm necessidade desse
tratamento, sejam asmáticos, diabéticos, cardiopatas... O efeito do Relensa é o
mesmo do Tamiflu, e, como ele, deve ser usado logo nas primeiras 48h iniciais
para inibir a replicação do vírus"
Infectologista Edmilson Migowski, presidente do Instituto Vital Brazil,
vinculado à Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, e professor adjunto
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Janaina Garcia
Colaboração para o UOL, em São Paulo
Colaboração para o UOL, em São Paulo
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