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quinta-feira, 5 de julho de 2018

Inverno pode afetar saúde dos dentes: saiba como se prevenir


 


Sensibilidade aguçada e manchas nos dentes são problemas comuns agora no inverno
Com fim somente em setembro, a estação mais fria do ano demanda atenção à saúde bucal. Além de aumentar a sensibilidade dos dentes, o inverno é aquela época do ano em que comidas mais quentes e vinhos são ingeridos com mais frequência.  Segundo Paulo Coelho Andrade, mestre e especialista em implantodontia e pós-graduado em odontologia estética, se as pessoas não tomarem certos cuidados, após o inverno os dentes poderão estar manchados e mais sensíveis. 

Como a boca possui uma temperatura média de 36°C a 38°C, com o choque térmico das temperaturas baixas do inverno, os dentes podem sofrer com sensibilidade e desconforto. “O choque térmico causado pela entrada do ar frio na boca pode causar sensibilidade aos dentes, provocando dor e incômodo”, explica Paulo. Ele ainda ressalta que nos casos em que a dentina já está exposta, devido algum problema, as dores podem ser ainda piores. “Nos casos dos dentes que possuem cárie ou retrações gengivais, as terminações nervosas estão mais sensíveis e os sintomas, como dor, podem ser intensificados”, conta.

Além da sensibilidade causada pela entrada do ar frio, nesta época, comidas mais quentes são uma ótima pedida, por isso as pessoas ingerem mais. Esses alimentos também podem causar sensibilidade e levar a dor e desconforto. “Manter a higiene bucal diária, pode prevenir o aparecimento de cáries e manter os dentes saudáveis. Nos casos de hipersensibilidade dentária são necessários a avaliação, para indicação de um creme dental ideal, e a cobertura das retrações com materiais obturadores ou facetas. Em caso de cárie é de suma importância o tratamento o mais breve possível. Cada caso é um caso e é sempre necessário o acompanhamento de profissional”, afirma Paulo. 

Outro problema comum nessa época são as manchas nos dentes causadas pelo vinho. "O álcool pode provocar uma diminuição de até 40% nas glândulas salivares. Isso faz com que ocorra uma maior deposição de resíduos nos dentes. Além disso, sua acidez pode ter efeitos nocivos aos dentes”, explica o profissional. Ele aponta que para redução dos danos, uma solução prática é ingerir água na mesma quantidade e após cada taça de vinho, além, é claro, da higiene bucal diária. 






Dr. Paulo Coelho Andrade - Mestre em Implantodontia pelo Centro de Pesquisas Odontológicas de Campinas e especialista em Implantodontia pela Associação Brasileira de Odontologia, ambos os títulos reconhecidos pelos Conselhos Estadual e Federal de Odontologia, já realizou mais de 50.000 implantes e facetas em 28 anos de implantodontia. Autor de vários artigos científicos, publicados dentro e fora do país, também é pós-graduado em Fixação Zigomática, Periodontia, Cirurgias Avançadas, Sedação e Odontologia Estética na Alemanha.


Clínica Dr. Paulo Coelho Andrade
Av. Bandeirantes, 466 – Mangabeiras - Belo Horizonte - MG
Instagram: drpaulocoelhoandrade
Facebook: drpaulocoelhoandrade

Punir os culpados, salvar as empresas


O terremoto moral e jurídico que se abateu sobre o grupo de empresas da família de Joesley e Wesley Batista, com a Holding J&F e as unidades industriais da JBS à frente, levanta uma importante questão: qual tratamento deve ser dado pelas leis aos empresários e às empresas? Trata-se de empresários que cometeram crimes e de um grupo de empresas que operam em vários países e têm, em seus vários ramos de atividade, 235 mil empregados em toda a cadeia produtiva. A resposta à pergunta proposta depende de entender a distinção entre as pessoas físicas dos controladores e a pessoa jurídica das empresas.

Há algum tempo, virou moda falar em “ética empresarial”, como se a empresa em si fosse um ente humano com capacidade de pensamento e discernimento, quando é um sistema composto de bens de capital (terrenos, prédios, máquinas, equipamentos etc.), que contrata empregados, compra matérias primas e produz bens e serviços. Como organismo, a empresa é um ente moralmente neutro, pois é um sistema material, sem vontade própria, montado e dirigido por pessoas. A empresa adquire vida no mundo jurídico e econômico, obtém registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e executa atos econômicos e negócios jurídicos diversos, mas sempre sob o mando de alguém.

A empresa em si não toma decisões; ela executa as decisões tomadas por seus sócios e dirigentes. Como ente material, a empresa não é ética, aética ou antiética.

 As pessoas são. Ética é uma virtude essencialmente e exclusivamente humana. O animal homem é o único capaz de pensar, discernir, decidir e agir conforme um código de conduta baseado no certo ou errado, legal ou ilegal, bem ou mal. Os animais irracionais não agem assim, pois eles não têm capacidade de raciocinar, discernir e decidir entre uma ação e outra com base em aspectos éticos, morais, religiosos ou jurídicos.

A empresa tem importante função social pelo fato de produzir bens e serviços, empregar pessoas, pagar impostos e satisfazer necessidades de consumidores. A propriedade que é empregada para praticar tais atos torna-se empresa e é a mais importante instituição dentro do sistema econômico. A legislação deve, portanto, submeter a empresa a um conjunto de normas e obrigações consubstanciadas nas leis comerciais, tributárias, trabalhistas, ambientais e outras, cabendo aos responsáveis pela gestão e operação da empresa a obrigação de garantir a legalidade do que ela faz sob suas ordens e seus atos de gerência.

Nesse sentido, é do interesse da nação que, quando irregularidades e crimes ocorrem no interior de uma empresa, os autores sejam punidos por seus atos e a empresa seja preservada. Os culpados, após o devido processo legal, devem ser afastados, despojados de seu patrimônio e presos, e a gestão da empresa deve ser entregue a outros dirigentes e controladores a fim de seguir sua função sem os vícios dos antigos donos. A questão é saber se as leis brasileiras são eficientes para promover um processo justo e rápido de apuração e punição dos culpados e, ao mesmo tempo, salvar a empresa e colocá-la sob a direção de gestores qualificados.

Essa discussão não se restringe ao Brasil. Pelo contrário, vem figurando nos debates em vários países onde prevalece o capitalismo. Como sistema econômico, o capitalismo é baseado na propriedade privada do capital, organização empresarial da produção e trabalho assalariado. Repetindo: mesmo com seus defeitos, esse ainda é o melhor sistema para promover o progresso material e, por consequência, o desenvolvimento social.





José Pio Martins - economista e reitor da Universidade Positivo.



Curiosidade e aprendizado


O aprendizado sobre qualquer coisa começa sempre com alguma pergunta: “o que é isso?”, “como funciona?”, “o que esse botão faz?”, e assim por diante. É assim: alguém curioso encontra alguém atencioso e a "mágica" se faz. Na escola, costumam chamar os personagens desse diálogo de aluno e professor. Lamentavelmente, nem sempre é assim. Muitas pedagogias falam em “despertar" a curiosidade da criança e do jovem. Eu sempre me surpreendi com essa abordagem, porque curiosidade foi a mola propulsora da humanidade, seu desenvolvimento e, em última instância, a razão maior da sua sobrevivência. Como é que agora virou um item da formação dos professores? Será, por acaso, que acham que as crianças e jovens não são curiosos e que é necessário ensiná-los a sê-lo? Eu discordo. Penso que as crianças  são naturalmente curiosas e por isso não é preciso despertar nada. Apenas ouvir e responder.

 Ou devolver as perguntas. Mas para isso os adultos precisam dar ouvidos, com tempo e paciência, e oferecer de volta respostas que não concluam as perguntas, encerrando o assunto.

Há algum tempo fui visitar uma cidade ao pé da serra do mar e um menino de uns 9, 10 anos, perguntou-me por que o leito do rio é cheio de pedras. Ele mesmo tinha uma hipótese: “será que as pessoas jogam essas pedras todas aí?” Conversamos por uns quarenta minutos e consegui fazer uma trilha de perguntas que conduziu o olhar do menino esperto para o alto da montanha, de onde as pedras rolavam em direção ao rio que passa ao lado da casa dele. Na sala de aula, procuro apresentar meus conteúdos sempre na forma de perguntas.Tento mostrar aos alunos como muitos fatos que todos tomamos por “óbvios" têm quase sempre uma explicação.

 Mas só saberemos se perguntarmos. À propósito:  sei por que as aulas para crianças e jovens, normalmente, são pouco atraentes: porque afirmamos coisas demais.

Verdade que não temos tempo para estarmos à disposição de todas as perguntas das crianças. Mas e se, no tempo disponível, ouvíssemos e, em vez de responder de pronto, as incentivássemos a formular da melhor maneira possível a dúvida delas para, na sequência, darmos pistas e devolver as perguntas, como em um jogo de detetive? Garanto que não seria apenas um momento de aprendizado. Seria muito prazeroso. Aliás, acho engraçado que hoje consideram uma grande ideia a gameficação. Mas não foi isso que sempre se fez? Brincar? Jogar? A grande questão, para mim, é: por que não fazemos mais perguntas ou ouvimos mais as perguntas dos outros? Walter Benjamin associou a crise da narrativa com a incapacidade de as pessoas trocarem experiências. Hannah Arendt falou sobre a desistência de muitos adultos em assumir responsabilidades (que é a capacidade de responder) com as crianças: "Nesse mundo, mesmo nós não estamos muito a salvo em casa; como se movimentar nele, o que saber, quais habilidades dominar, tudo isso também são mistérios para nós”. Desse jeito, a coisa fica feia. A curiosidade gera aprendizado. Se não aprendemos mais, talvez seja porque tudo já nos é dado e quando não, não sabemos o que dizer, principalmente nós, adultos. Flutuamos em meio a coisas que funcionam e nos distraem, mas não nos estimulam e completam. Uma sala de aula sem perguntas e sem respostas que geram novas perguntas, é um lugar muito triste. Não é à toa que crianças e jovens queiram estar em outro lugar, mesmo sem saber que lugar é esse.






Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica pela UFPR e professor no Curso Positivo, de Curitiba (PR).

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