O LinkedIn, apesar das inúmeras críticas, ainda é a rede que concentra as principais informações sobre a vida profissional das pessoas. Não estar ali é quase como ficar à margem do mercado de trabalho. Pela plataforma, acompanhamos movimentações dos profissionais entre empresas e, quando alguém anuncia que assumiu um novo cargo, a enxurrada de curtidas e comentários é imediata.
Mas basta alguém dizer que decidiu iniciar um período
sabático ou simplesmente pausar para repensar a carreira, que o silêncio toma
conta. Por quê?
Fomos educados a acreditar que tempo é dinheiro, que pausa
é atraso e que produtividade só existe quando gera salário no fim do mês.
Trabalhamos mais para ganhar mais (e o dinheiro que ganhamos serve para
consumir mais). O consumo, por alguns segundos, até libera dopamina. Passado o
efeito, voltamos ao trabalho para merecer a próxima dose. Como falta tempo para
viver outras coisas, repetimos o ciclo.
Sob essa lógica, é compreensível que o “parar de
trabalhar” pareça ameaçador. Mas existe outro caminho. Questionar o ritmo, sair
da rodinha do hamster e redesenhar a relação com trabalho, tempo e dinheiro são
importantes para ressignificar nossas fontes de prazer e de responsabilidade.
Trabalhar com algo que se ama é, sim, fonte legítima de realização. Mas ninguém
é feliz 100% do tempo em qualquer que seja o emprego. Não por acaso o Brasil
vive uma crise de saúde mental.
Reduzir o tempo dedicado ao trabalho para abrir
espaço para experiências significativas, criativas e formadoras deveria ser
visto como decisão
estratégica, não como desvio, perda de tempo ou de oportunidades no mercado de
trabalho. A Geração Z parece ter entendido isso antes de todos. Ela questiona o
modelo tradicional, exige flexibilidade, busca equilíbrio entre vida pessoal e
profissional, procura propósito e rejeita jornadas excessivas, o que incomoda
profundamente as gerações anteriores.
Parar um pouco, seja em um ano sabático, férias
estendidas ou até mesmo uma aposentadoria antecipada, não é fuga. É estratégia.
É escolher viver com intenção, em vez de apenas reagir aos boletos e às
expectativas alheias. Talvez o verdadeiro ato de coragem hoje seja esse:
interromper a marcha automática antes de continuar acelerando e responder com
consciência quando alguém nos provoca a repensar nosso modelo de vida e de trabalho.
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