Queda
abrupta nos níveis de estrogênio não provoca só ondas de calor, mas também
eleva o risco de insônia, osteoporose e doenças cardiovasculares1
O climatério representa a transição fisiológica natural da vida
reprodutiva para a não reprodutiva, marcada pela redução gradual dos níveis de
estrogênio. Essa mudança hormonal vai muito além das famosas ondas de calor,
podendo desencadear diversos sintomas. A menopausa ocorre durante o climatério
e é marcada pela última menstruação.1
Durante o climatério, muitas mulheres passam a ter dificuldades para
dormir, com insônia e despertares frequentes, agravados por suores noturnos e
alterações do humor. Essa interrupção do sono pode comprometer a qualidade de
vida de forma significativa.2
E não para por aí. Além dos sintomas mais visíveis, o estrogênio também
exerce papel crucial na manutenção da saúde óssea. Sua queda acelera a perda
óssea, favorecendo o desenvolvimento da osteoporose e elevando o risco de
fraturas.3
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 50% das mulheres com 50
anos ou mais sofrerão uma fratura osteoporótica.4 A amostra também
apontou que aproximadamente 5% dos indivíduos que apresentam fratura de quadril
morrem durante a internação hospitalar, 12% morrem nos três meses subsequentes
e 20% morrem no ano seguinte ao da fratura, de acordo com dados
norte-americanos. Outro estudo
indica que a osteoporose é quatro vezes mais comum em mulheres do que em
homens.4
Além
disso, a queda nos níveis de estrogênio resulta na perda de elasticidade dos
vasos sanguíneos, que aumenta a pressão arterial e sobrecarrega o coração.
Outro efeito significativo é o aumento da gordura abdominal e visceral,
inflamação crônica e maior risco de doenças cardiovasculares.5 As
doenças do coração, incluindo infarto e acidente vascular cerebral (AVC), são
responsáveis por cerca de uma em cada três mortes de mulheres,
superando o câncer de mama em
letalidade anual.5
Diante
desses dados alarmantes, o avanço das terapias hormonais (TH) ganhou destaque e
reforçou a importância de desmistificar os receios e
quebrar tabus sobre os tratamentos durante essa fase da vida. “A TH tem
efeito preventivo e ajuda a proteger contra a perda óssea acelerada
(osteoporose) e, consequentemente, diminui o risco de fraturas e internações
médicas”, explica a ginecologista e obstetra especialista da Libbs
Farmacêutica, Thalita Domenich (CRM-SP 113.074 |RQE 24166).
Para
mulheres saudáveis, a terapia hormonal feita no período correto também é
favorável do ponto de vista cardiovascular, pois o estrogênio, mesmo antes da
menopausa, protege os vasos sanguíneos, regula o colesterol e possui efeitos
anti-inflamatórios. A reposição ainda ajuda a aliviar de forma significativa os
sintomas que impactam diretamente a qualidade de vida das mulheres, como ondas
de calor e suor excessivo, principalmente à noite, distúrbios do sono, secura
vaginal e desconforto nas relações sexuais, alterações de humor e instabilidade
emocional, dores musculares e articulares, falta de energia e cansaço
persistente, conclui Domenich.
Menopausa no Brasil
Segundo cálculos do IBGE, aproximadamente 30 milhões de mulheres no Brasil
estão vivendo na faixa etária do climatério e menopausa, ou seja, 7,9% da
população feminina.1 Um estudo publicado na revista científica
Climacteric, com dados de 2022 por sua vez, revelou que 87,9% das mulheres
brasileiras entrevistadas disseram ter sintomas associados ao período do
climatério e apenas uma pequena parte dessas mulheres recebe tratamento.6 Diante
disso, o tema está cada vez mais evidente e a surge a necessidade de
conscientizar sobre os desafios desta fase da vida e a importância do apoio e
acesso à informação, além de incentivar a paciente a conversar com o médico
sobre o assunto. Instituições, sociedades médicas e a imprensa têm tido papel
decisivo para reforçar que a menopausa pode ser vivida com saúde e qualidade de
vida, desde que acompanhada por um especialista e tratada quando necessário.7
Parágrafos não referenciados correspondem à opinião e/ou prática clínica do autor.
Referências
1. Senado Federal. Mulheres na menopausa: invisibilidade deixa tratamento fora da agenda pública [Internet]. [Acesso em 15 out. 2025]. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2024/11/mulheres-na-menopausa-
invisibilidade-deixa-tratamento-fora-da-agenda-publica
2. Associação Brasileira do Climatério (SOBRAC). Consenso Brasileira de Terapêutica Hormonal do Climatério 2024. [Internet]. 2024. [Acesso em 15 out. 2025]. Disponível em: https://sobrac.org.br/consenso_brasileiro_de_terapeutica_hormonal_do_climaterio_da_sobra c_2024.html
3. Radominski SC, Pinto-Neto AM, Marinho RM, Costa-Paiva LHS, Pereira P AS, Urbanetz AA, Ferrari AEM, Baracat EC. Osteoporose em mulheres na pós-menopausa. Rev Bras Reumatol. 2004; 44 (6): 426-34.
4.Ministério da Saúde. Brasil. Osteoporose é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em idosos [Internet]. [Acesso em 15 out. 2025]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/outubro/osteoporose-e-uma-das-principais-causas-de-morbidade-e-mortalidade-em-idosos
5. Garcia, Mariana, et al. “Cardiovascular Disease in Women: Clinical Perspectives”. Circulation Research, vol. 118, no 8, abril de 2016, p. 1273–93. DOI.org (Crossref).
6. Pompei LM, Bonassi-Machado R, Steiner ML, Pompei IM, de Melo NR, Nappi RE, Fernandes CE. Profile of Brazilian climacteric women: results from the Brazilian Menopause Study. Climacteric, 2022; 25(5): 523–529.
7. Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). “Menopausa e Terapia Hormonal”: 18/10 – Dia Mundial da Menopausa [Internet]. 2024. Acesso em 22 out. 2025. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/menopausa-e-terapia-hormonal-18-10-dia-mundial-da-menopausa/
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