Desafios em meio às mudanças no mercado de trabalho podem ser amenizados com estratégias de comunicação voltadas para cada geração
À medida que o mercado de trabalho evolui, emerge um novo
fenômeno: a coexistência de quatro ou mais gerações atuando simultaneamente.
Para navegar por esse cenário, inédito na história, empresas e profissionais
têm o desafio de desenvolver habilidades que vão além do domínio técnico —
estamos falando da fluência na “língua” das diferentes faixas etárias, criando
uma verdadeira sinergia entre idades. É daí que vem o conceito de poliglota
geracional.
Para os Baby Boomers, a analogia
é clara: assim como dominar vários idiomas oferecia uma vantagem crucial para o
sucesso profissional, hoje, a capacidade de compreender e se comunicar com
diferentes gerações é igualmente vital. Afinal, mais da metade (51,6%) dos
profissionais no mercado de trabalho afirmam ter dificuldade para lidar com a
diversidade etária e suas diferentes expectativas no ambiente corporativo, de
acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great
People & GPTW.
Wilma Dal Col, executiva especialista
em Gestão de Talentos do ManpowerGroup, explica que ser um poliglota geracional
significa entender a “linguagem” de cada geração que coexiste no mercado de
trabalho, cada uma com seus propósitos e objetivos. “Um exemplo claro seria a
conexão entre a experiência e sabedoria de um Baby Boomer e a capacidade
de inovação da GenZ”, destaca.
Gerenciar uma equipe composta por
diferentes gerações pode apresentar alguns desafios, como as variações nas
preferências de comunicação e métodos de trabalho. Os colaboradores mais jovens
tendem a optar por mensagens instantâneas e reuniões online, enquanto os mais
experientes geralmente preferem reuniões presenciais ou conversas por telefone.
Além disso, pode haver uma resistência natural às mudanças tecnológicas por
parte dos membros mais antigos da equipe.
“Para o trabalho fluir de maneira
harmoniosa, é fundamental promover uma cultura de comunicação aberta e
flexível, onde as contribuições de todos os grupos sejam valorizadas.
Incentivamos uma troca constante de conhecimento, onde a experiência e a
inovação se encontram, criando soluções que refletem o melhor de cada geração”,
comenta Luiz Kencis, CEO da Polyvox.
Outro grande desafio é empoderar e
preparar lideranças jovens para se sentirem confortáveis em estarem à frente de
um time com colaboradores que, às vezes, têm quase o dobro da idade do seu
líder. Para Frederico Passos, CEO da Unentel,
distribuidora de soluções tecnológicas para o mercado B2B, é uma oportunidade
para ensinar a aprender.
"Não se trata apenas de transmitir
a experiência dos mais velhos para os mais jovens, mas de fomentar uma troca
contínua de conhecimento entre colaboradores de todas as gerações. Muitas
vezes, os jovens trazem abordagens mais ágeis e inovadoras, enriquecendo
significativamente a equipe. Liderar uma equipe multigeracional é um desafio
prazeroso, onde o equilíbrio dessas diferentes forças é essencial para garantir
que todos se sintam ouvidos, valorizados e engajados a contribuir para o
sucesso coletivo da empresa", diz.
Aluir Dias, diretor operacional da
Vetor AG Ventures, traz uma visão diferenciada sobre o tema. Por estar em um
ambiente que mistura a inovação das startups com o tradicionalismo da construção
civil, ele consegue integrar o melhor de cada mundo. "Eu não acredito que
as capacidades e habilidades sejam determinadas por gerações. Entender o
contexto de cada geração é importante para facilitar a comunicação e promover
uma colaboração mais fluida, mas não podemos generalizar. Nenhuma geração é
inerentemente mais ou menos capacitada ou inovadora que outra. O que importa é
como cada indivíduo, independentemente da sua idade, pode contribuir com sua
própria perspectiva e experiências," pontua.
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