Mato Grosso é
destaque na produção e deverá superar, pela primeira vez, a marca de 50 milhões
de toneladas
O alongamento do ciclo da soja e o excesso de
chuvas provocaram a implantação mais tardia das lavouras, o que resultou em
consequências negativas para a segunda safra de milho, na avaliação da
Agroconsult, organizadora do Rally da Safra. A primeira consequência diz
respeito à limitação do crescimento de área para essa safra. O potencial de
expansão de mais de 700 mil hectares no Brasil, estimado inicialmente em
janeiro, não ocorreu devido às reduções de área plantada em importantes estados
produtores como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Já no Mato Grosso, o
cenário é outro. Com o terceiro melhor ritmo de plantio da história, o estado deve
apresentar um crescimento de mais de 400 mil hectares na área plantada,
contribuindo para que a área plantada no país fosse mantida nos mesmos 16,7
milhões de hectares da temporada passada.
A segunda consequência do plantio tardio das
lavouras diz respeito ao risco climático. Segundo levantamento da Agroconsult,
cerca de 70% das lavouras do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas
Gerais foram implantadas na janela de alto risco, geralmente associada a
plantios ao longo dos meses de março e abril. No Paraná e no Sul do Mato Grosso
do Sul, o potencial produtivo de pelo menos 60% das lavouras ainda não está
definido e as produtividades estão sujeitas à seca e às geadas ao longo de
junho, quando ao menos 10% da área plantada nos dois estados estarão em período
de pendoamento.
No momento, as estimativas de produtividade para
essas regiões são positivas, apesar dos desafios. No Paraná, a estimativa é de
96 sacos por hectare, 6% acima da safra passada, e no Mato Grosso do Sul, 91
sacos por hectare, 3% abaixo da safra passada. O estado que apresenta o maior
potencial de recuperação em relação à safra passada é Minas Gerais, com
produtividade estimada em 92,4 sacos por hectare, 43% acima da anterior.
Juntos, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, que correspondem
a 31% da produção nacional de milho segunda safra, possuem 20 milhões de
toneladas ainda suscetíveis ao comportamento climático, até o final do seu
ciclo.
No Mato Grosso e em Goiás, com a safra mais
adiantada, a maior parte do potencial produtivo está consolidada e será muito
difícil ocorrer quebras. A boa distribuição de chuvas ao longo dos meses de
março e abril indica o bom potencial da safra, o que deve levar os dois estados
a baterem recordes de produtividades. No Mato Grosso, a produtividade deve
alcançar 116 sacas por hectare, contra 104,5 sacas na temporada passada. Em
Goiás, a expectativa é de 114 sacas por hectare, contra 81,3 sacas na safra
anterior.
Nesse cenário, a produção da segunda safra de milho
é estimada pela Agroconsult em 102,4 milhões de toneladas, com aumento de 11%
em relação à safra passada. No período pré-Rally, em janeiro último, a projeção
era de 101,4 milhões de toneladas. No encerramento da etapa soja, a estimativa
era de 97,2 milhões de toneladas. Boa parte do desempenho atual se deve ao Mato
Grosso, que poderá superar, pela primeira vez, a marca de 50 milhões de
toneladas de milho segunda safra, contra 42,7 milhões de toneladas na temporada
passada.
“As equipes do Rally estarão em campo num momento
importante da safra, avaliando o potencial das lavouras implantadas
tardiamente, bem como toda a expressão do potencial das regiões onde o clima e
tecnologia favorecem recordes de produtividade”, afirma André Debastiani,
coordenador do Rally da Safra. “Os produtores mantêm boas as expectativas e há
um viés de alta para a produtividade”, explica.
Com a produção do milho primeira safra estimada em
29,9 milhões de toneladas – 15% acima da safra anterior – em uma área plantada
de 5,3 milhões de hectares (queda de 3%), o Brasil deverá colher 132,3 milhões
de toneladas nesta temporada. “Uma vez consolidada essa produção recorde,
passaremos a ter dois grandes desafios pela frente. O primeiro é dar destino
interno a essa produção. A Agroconsult estima, atualmente, o consumo de milho
em 80,4 milhões de toneladas, 8,2% acima da safra passada. Temos um bom momento
do mercado de carnes que, com a queda de preços do milho, passa a ter melhores
condições de adquirir o produto. E há também incremento na produção de etanol
de milho, que já soma 13,6 milhões de toneladas”, diz o coordenador do Rally. O
segundo desafio será o logístico, tanto para exportar 54,1 milhões de
toneladas, conforme estimativas da Agroconsult, como também para armazenar toda
a produção, especialmente no segundo semestre: com os armazéns repletos de
soja, o milho será armazenado a céu aberto. E com o volume recorde também de
exportação de soja, de farelo de soja e de açúcar, o sistema portuário
brasileiro será colocado em teste.
Rally em campo
As duas primeiras equipes técnicas da etapa milho
começam a avaliar as lavouras entre 21 e 28 de maio no Médio-Norte e no Oeste
do Mato Grosso, passando pelas regiões de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde,
Tapurah, Sorriso, Sinop, Campo Novo do Parecis e Sapezal. De 29 de maio a 4 de
junho, a expedição percorrerá o Sudeste e Leste do Mato Grosso e Norte do Mato
Grosso do Sul; no início de junho chegará ao Sudoeste de Goiás. As duas últimas
equipes viajarão em junho pelo Sul do Mato Grosso do Sul e Oeste do Paraná.
Desde o dia 8 de janeiro, 17 equipes do Rally
percorreram mais de 40 mil quilômetros visitando 1050 lavouras de soja em 12
estados brasileiros. Quatro equipes fizeram visitas técnicas aos produtores
entre abril e maio. O levantamento de campo ocorre durante a fase de
desenvolvimento das lavouras e colheita e os técnicos percorrem polos
produtores em 12 estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas
Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão,
Piauí e Tocantins, que respondem por 95% da área de produção de soja e 72% da
área de milho.
Em sua 20ª edição, a expedição conta com mais de um
milhão de quilômetros percorridos e 32 mil lavouras avaliadas nas 19 edições
anteriores. Patrocinam a 20ª edição do Rally da Safra: FMC, Prometeon, OCP
Brasil, Santander e SoyTech.
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