Tratamento
adequado e acompanhamento médico é essencial para conter doença que já acomete
mais de 11% dos brasileiros
Um boletim recente, divulgado
pela Pesquisa Vigitel 2021, identificou um preocupante aumento no número de
casos de depressão, no Brasil. Conforme os dados, 11,3% dos brasileiros
receberam um diagnóstico médico da doença.
Essas estatísticas, segundo a Organização Mundial de Saúde, colocam o Brasil na
ponta do ranking de países com mais pessoas depressivas no mundo. Como dados
não mentem, podemos interpretar este cenário como crítico para os brasileiros,
uma vez que a depressão é uma doença severa e de tratamento a longo prazo.
“A depressão como um transtorno psíquico causada pela complexa interação entre
fatores biológicos, psicológicos e ambientais, podendo ser também secundária a
uso de alguns medicamentos ou transtorno de dependência química. Ela tem cura,
mas para tratarmos, precisamos de um trabalho muito além do medicamentoso”,
explica Dra. Sarina Occhipinti, médica com especialidade em clínica médica,
pós-graduada em endocrinologia, com curso de Endocrinologia Avançada pela
Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Outro dado preocupante, também apresentado pela OMS, é que nas Américas, sete
em cada dez pessoas com esse tipo de transtorno não recebem o tratamento
necessário. Nesta margem tão grande, uma dúvida recorrente tanto para a
comunidade médica quanto para as pacientes é quanto ao tratamento adequado para
a depressão. Há muitos debates envolvendo o uso de antidepressivos e
acompanhamento psicoterapêutico, mas o consenso é que o quem sofre de depressão
jamais pode ficar distante dos olhos dos especialistas.
“A procura por tratamentos para depressão muitas vezes é dificultada pela negação
da doença, pela crença de que os sintomas são normais e passageiros, pela falta
de apoio de amigos e familiares e pelo medo do preconceito e dos estigmas
associados a esse transtorno. Além disso, outras doenças devem ser investigadas
antes de se indicar o uso de antidepressivos. Alterações hormonais por exemplo,
podem confundir o médico na hora do diagnóstico correto”, orienta Dra. Sarina.
A médica explica que queda dos níveis de alguns hormônios em mulheres e homens,
que estão envelhecendo, pode causar angústia, falta de motivação, humor
diminuído, desprazer pela vida, sintomas típicos de depressão. Mulheres na
menopausa apresentam melhora desses sintomas com terapia de reposição hormonal
adequada e homens que apresentam baixos níveis de produção de testosterona,
recuperam seu humor e energia com o uso do hormônio.
“Outra alteração endócrina que pode simular sintomas depressivos é o
hipotireoidismo, que pode ocorrer a qualquer idade e que na maioria das vezes é
corrigido de forma simples, com a indicação do hormônio tireoidiano. Enfim,
antes mesmo do tratamento, a avaliação clínica e a investigação exaustiva das
causas são de suma importância para que o paciente possa receber os cuidados
devidos. Como eu sempre digo, sentir-se mal, nunca é normal, procure ajuda”,
aconselha a especialista.
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