Imunizante tem
alta eficácia contra a doença e está disponível para aplicação em clínicas
particulares.
A vacina Shingrix® contra o herpes-zóster chegou ao
Brasil no começo do mês de julho. Fabricada pela farmacêutica britânica GSK,
ela está disponível para aplicação na rede privada - não há doses disponíveis
no SUS (Sistema Único de Saúde).
O imunizante é destinado a pessoas com mais de 50
anos e para pessoas com imunocomprometimento imunodeprimidos acima de 18 anos
de idade, que não têm outra alternativa contra a infecção. Os indivíduos nesses
dois grupos têm grande disposição a contrair a doença.
Shingrix ®: Que vacina é essa?
É uma vacina inativada composta por uma partícula
do vírus Herpes Zoster acoplada a uma proteína estimulante do sistema
imunológico. Esta junção faz com que a vacina atinja altos índices de produção
de anticorpos com eficácia de mais de 90% (mais precisamente em torno de 97% na
faixa etária de 50 a 70 anos e em torno de 91% na faixa etária acima de 70
anos). Em pacientes imunossuprimidos, que pode ser realizada acima de 18 anos
de idade, atinge de 68,2% a 87,2% a depender da doença de base.
Herpes-zóster
Também conhecida como cobreiro, a herpes-zóster é
uma infecção causada pelo vírus varicela zoster (Herpesvírus humano
tipo 3), o mesmo que causa a varicela (catapora).
Qualquer pessoa que já teve catapora ou algum tipo
de contato com o vírus tem chances de apresentar ativação do herpes zoster e
surgir a lesão de pele associada à dor local. Estima-se que uma a cada três
pessoas têm herpes-zóster ao longo da vida.
Cerca de 60% dos casos se manifestam somente após
os 50 anos, já que o vírus fica em estado de incubação. Sua reativação se dá,
na maioria das vezes, devido à baixa imunidade que vai acontecendo com o passar
dos anos. Por esse motivo, a vacina é recomendada para pacientes deste grupo
etário.
Além disso, outras condições compõe os fatores de
risco:
- Estresse
físico e psicológico
- Câncer
- Diabetes
- Doenças
crônicas
- HIV/AIDS
- Quimioterapia
e/ou medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico
Nesses grupos, existem mais chances de que a herpes
zoster provoque a neuropatia pós-herpética, uma condição persistente que pode
continuar causando dor mesmo após a cicatrização das lesões, com chances de
durar até um ano. Nestes casos, o tratamento e controle da dor são bastante
complicados.
A transmissão da forma herpes-zoster é feita a
partir do contato direto com as áreas lesionadas da pele. Já a transmissão da
forma varicela é por meio de secreções respiratórias, como espirro, tosse e
gotículas de saliva, além do contato.
Sintomas
Os principais sintomas da doença são dores,
vesículas (pequenas bolhas) em determinada região da pele, coceira,
formigamento e febre. Rosto, tronco e membros superiores e inferiores são as
áreas do corpo mais afetadas.
Antes do desenvolvimento das vesículas, é comum que
a pessoa sinta dor, formigamento ou comichão na área afetada. Isso pode
acontecer dias antes do aparecimento das lesões . Os sinais de desconforto
podem persistir por semanas ou meses.
As vesículas nascem agrupadas e seguem um dermátomo
– área cutânea em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa.
São muito parecidas com as feridas da herpes simples, são cheias de uma
secreção que contém o vírus varicela zoster.
Dependendo da gravidade do caso, a pessoa sente
dores intensas que até podem dificultar a mobilidade para a realização de tarefas
simples, como vestir uma roupa. O vírus também pode acometer os pulmões e o
cérebro, principalmente em pacientes do grupo de risco.
O que causa o "congelamento do rosto"?
Fator genético ou estresse?
O congelamento do rosto refere a Síndrome de Ramsay
Hunt que indica que o herpes zoster inflamou um nervo da face (nervo facial) e
assim ocorre uma paralisia facial da metade do rosto que foi afetada. Portanto
esta situação é uma complicação do herpes zoster.
Tratamento
O tratamento para herpes-zóster é feito com o
intuito de reduzir a duração da doença, limitar sua extensão e gravidade e,
assim, prevenir complicações.
O mais indicado é o uso de antivirais e analgésicos
(para aliviar a dor). Cada caso requer uma prescrição médica diferente, o que
significa que as receitas podem variar.
Vesículas no rosto, especialmente no nariz e nos
olhos, requerem avaliação médica precoce e possível medicação via intravenosa.
Também é recomendado o uso de roupas leves e
confortáveis – para não machucar ainda mais as lesões – e que as feridas sejam
lavadas com água e sabão neutro, sem esfregar.
Vacina contra herpes-zóster
A atual vacina
contra herpes-zóster foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) no ano passado e liberada para uso efetivo no final do
primeiro semestre de 2022. Esta vacina é chamada Shingrix®, da GSK, e foi a
primeira a ser testada em imunossuprimidos, já que a sua composição é produzida
a partir da proteína do vírus (não vivo) com um adjuvante, o que possibilita
maior segurança para essas pessoas.
A vacina mais antiga é a Zostavax, da MSD®,
de dose única, e está no país desde 2014. É composta por vírus vivo atenuado
portanto não pode ser realizada em imunossuprimidos, somente pode ser realizada
acima de 50 anos em indivíduos sem problemas imunológicos. Outra questão,
segundo especialistas, é que esse imunizante perde efeito com o passar dos
anos. Sua eficácia é de 70% em pessoas a partir de 50 anos e 37% nos maiores de
70 anos.
A Shingrix, com dose dupla, tem um efeito mais
duradouro. Tem eficácia de 97% em maiores de 50 anos e 91,3% em pessoas a
partir dos 70 anos, e eficácia entre 60 e 80% em indivíduos maiores de 18 anos
dependendo da a imunodeficiência.
Existem oito vírus diferentes da família Herpes
que podem afetar os seres humanos. Desta forma, é importantíssimo ressaltar que
a vacina contra a herpes-zóster serve apenas para o tipo 3 que é o vírus
varicela-zoster e não serve para o herpes 1 que o labial ou o 2 que é o
genital, por exemplo.
A vacina precisa de renovação anual ou apenas uma
dose é suficiente?
A recomendação da vacina é que sejam realizadas 2
doses com intervalo de 2 meses. Por enquanto, não são necessários reforços.
Estudos em andamento acompanham grupo de pacientes já em torno de 10 anos e os
resultados demonstram que não precisam de reforços.
Crianças podem pegar herpes-zoster?
Sim, crianças também podem apresentar a
manifestação de herpes zoster, especialmente as crianças que tiveram varicela
antes de 1 ano de idade, ou crianças que apresentam problemas imunológicos.
Dr. Tony Tahan - médico pediatra e especialista em
vacinação com a parceria de especialistas do setor.
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