Durante o Setembro Amarelo -- Combate ao Suicídio se fortalece o debate sobre a necessidade da prevenção desse mal. Dentro desse contexto as empresas possuem um papel primordial, lembrando que hoje grande parte das doenças do trabalho deixaram de ser físicas e passaram a ser psicológicas.
As áreas de recursos humanos precisam estar atentas
e observar traços dessas doenças modernas, antes que eles evoluam e possam
prejudicar o trabalho ou resultar em uma ação mais drástica que é o suicídio.
Assim, é preciso repensar vários pontos, como é o caso da pressão cada vez
maior nas empresas e busca por altas metas.
Segundo a análise de Tatiana Gonçalves,
sócia da Moema Medicina do Trabalho, é claro o salto de novas enfermidades
como a transtorno de ansiedade, depressão, crise do pânico e síndrome de
burnout. Infelizmente, se não ocorrer a identificação e tratamento essas podem
evoluir para quadros de tentativas de suicídios.
"Há 20 anos, o maior número de afastamentos
era por conta de acidentes do trabalho, de trajeto ou por problemas
ortopédicos. Hoje, a situação se inverteu. Em uma rápida análise, percebemos
que na Unidade da Moema 70% são de pacientes com problemas psiquiátricos. Em
seguida vêm os problemas ortopédicos", aponta Tatiana Gonçalves,
sócia da Moema Medicina do Trabalho.
Com isso, a situação é complexa sendo que as empresas
vivem essa situação diariamente. “Hoje temos observados, principalmente entre
os mais jovens, casos constantes de problemas oriundos de questões
psicológicas. Isso impacta diretamente nos trabalhos e no ambiente
corporativo”, explica Cristine Pereira, Gerente
da Recursos Humanos da Confirp Consultoria Contábil.
Segundo a Gerente da Confirp, esses casos sempre
foram comuns, mas a situação vem tomando preocupações alarmantes em relação a
reação das pessoas. “Tivemos situações de pessoas que não conseguiram
desenvolver os trabalhos e que com isso pediram o desligamento. Existe todo um
conjunto de ações para minimizar essa situação, mas os caminhos estão cada vez
mais complexos.
Tatiana Gonçalves acrescenta que essas doenças e os
transtornos que as permeiam correspondem a um conjunto de doenças
psiquiátricas, caracterizadas por preocupação excessiva ou constante de que
algo negativo vai acontecer.
Quais as principais causas?
Esses problemas podem surgir a partir de grande
competitividade no local de trabalho, pressão inadequada ou por ser a atividade
exercida muito intensa, sujeita a riscos. Veja algumas das principais causas:
- Estresse
na atividade profissional que abranja áreas de conflito como
competência(s), autonomia, relação com os clientes, realização pessoal e
falta de apoio social de colegas e superiores;
- Fatores
organizacionais como a elevada sobrecarga de trabalho, o desalinhamento
entre os objetivos da instituição e os valores pessoais dos profissionais
e o isolamento social no trabalho. E ainda há fatores de ordem pessoal,
entre os quais estão as relações familiares e as amizades.
Como combater
Para combater esses problemas existem caminhos para
empresas, um desses passa pela intensificação de ações relacionadas a medicina
do trabalho que trabalhem o lado de bem-estar. “Uma alternativa é que as
empresas podem fazer grupos para vivenciamentos, onde se aprenda a lidar com
situações e pessoas. Além disso, as vezes o que falta nas empresas é um setor
para prepara a equipe e acompanhe a situação”, explica Vicente Beraldi Freitas,
médico e consultor e gestor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e
Segurança do Trabalho.
Cristine Pereira, gerente de Recursos Humanos da
Confirp Contabilidade, conta que tem desenvolvido diversas ações para combater
esse problema. “A área de recursos humanos da empresa busca cada vez mais
próxima aos colaboradores. Fazendo um acompanhamento desde a contratação. Caso
se observe algo que posso direcionar a esse quadro já iniciamos uma ação mais
aprofundada”, detalha.
Como estes problemas estão mais frequentes, um
caminho é sempre repensar situações que podem originar esses males. Com
melhores condições de trabalho e das relações profissionais com diminuição do
isolamento.
Também deve ser estudada a possibilidade de um
afastamento temporário do local de trabalho da pessoa impactada, a reorganização
das suas atividades, um adequado investimento em outros interesses, como no
maior convívio com família e amigos, a prática de exercício físico ou de
atividades relaxantes.
Pode ainda ser necessário ter ajuda médica,
nomeadamente, quando a pessoa tem sintomas como a depressão, crise do pânico,
Burnout e ansiedade. A psicoterapia também pode ajudar a compreender melhor as
razões que o levaram a situação e a evitar procedimentos semelhantes no futuro.
Assim,
antes de que esses males comecem a acometer os colaboradores, as empresas
possuem papel crucial de revisão das condições de trabalhos e busca de
qualidade de vida, evitando que isso impacte diretamente nos resultados dos
negócios.
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