Deslocamentos aéreos e rodoviários de longa duração
podem aumentar o risco de trombose venosa, mas é possível se prevenir para
evitar a doença
O setor do transporte aéreo foi um dos mais
afetados durante a pandemia de Covid-19. Com o paulatino retorno à normalidade,
viajar de avião voltou a integrar a realidade de muitos brasileiros, sendo que,
em julho, o número de voos no Brasil chegou a atingir patamares próximos aos
níveis registrados antes da pandemia. No entanto, caso vá fazer uma viagem aérea
de longa duração, é preciso tomar os devidos cuidados, para evitar o risco de
trombose.
A trombose é caracterizada pela formação de
coágulos do sangue, denominados trombos, nas veias ou artérias. A trombose
venosa ocorre, normalmente, nas veias profundas das pernas, causando dor e
inchaço. O problema pode se agravar caso o trombo se desloque, por meio da
circulação sanguínea, para o pulmão, o que prejudica a respiração e bloqueia a
passagem de ar. Por ser uma doença muito perigosa e não por acaso, no dia 13 de
outubro, profissionais da saúde no mundo todo promovem o Dia Mundial da
Trombose, para alertar a população sobre os perigos dos trombos.
Diversos fatores podem desencadear a trombose, como
obesidade, sedentarismo, cirurgias, imobilização, tabagismo, uso de
contraceptivos com estrogênio, gestação, entre outros. Muitas pessoas ignoram
que as viagens aéreas também são uma condição de risco para o desenvolvimento
dos trombos nas veias, uma vez que combinam uma série de fatores que tornam o
passageiro mais propenso a desenvolver a doença. A pressurização no ambiente da
aeronave, não movimentar as pernas com frequência e a desidratação são alguns
dos elementos que contribuem para este quadro.
De acordo com Joyce M.
Annichino, médica hematologista, professora e coordenadora da área clínica e
laboratorial de Doenças Tromboembólicas do Hemocentro da Unicamp (Universidade
de Campinas), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia
(SBTH), os casos são ainda mais frequentes em pessoas com idade
avançada. “A ocorrência de trombose é muito comum em idosos que vão fazer
viagens longas -- seja de carro, ônibus ou avião -- e ficam sentados por horas
a fio”, conta. Entretanto, a médica ressalta que qualquer pessoa que já teve
algum histórico pessoal ou familiar de trombose deve ficar ainda mais
alerta.
Para garantir uma viagem mais segura e saudável, a
primeira dica é manter-se bem hidratado, uma vez que o baixo consumo de
líquidos pode contribuir para a diminuição do volume sanguíneo, facilitando a
formação de trombos. Por isso, lembre-se de beber água ou outros líquidos
quando estiver viajando. Por outro lado, a médica adverte para o consumo
excessivo de álcool. “O álcool pode interferir na maneira como o seu organismo
metaboliza o sangue. Então, apesar de pequenas quantidades de bebidas
alcoólicas não fazerem mal, o excesso irá contribuir para um quadro de risco
para trombose”, afirma.
Também é importante movimentar-se de vez em quando
durante a viagem. A falta de movimento pode aumentar o risco de uma trombose
venosa pois diminui o retorno do sangue das pernas para o coração. “Se estiver
em um avião, opte pelo assento do corredor, que irá permitir que você se
levante com mais liberdade. Caso isso não seja possível, faça movimentos de
flexão dos pés”, indica a doutora. Para viagens de ônibus, a recomendação é a
mesma, e, para viagens de carro, o ideal é fazer uma parada a cada duas ou três
horas para esticar as pernas.
No mesmo sentido, outra indicação é facilitar o
fluxo sanguíneo. Para isso, evite roupas apertadas nas regiões da cintura e das
pernas e procure não deixar as pernas cruzadas. Além disso, o ideal é que o
passageiro se exercite durante uma viagem longa, mesmo estando sentado. Segundo
a médica, esticar as pernas e os braços de vez em quando e movimentar os pés e
tornozelos para cima e para baixo a cada duas ou três horas pode ajudar na
prevenção da trombose.
Para pessoas que já tiveram histórico de trombose,
é fortemente recomendado evitar fazer viagens mais longas que seis horas sem
meias de compressão. As meias auxiliam na fluidez do sangue nas pernas ao
exercer maior pressão sobre os tornozelos e menor sobre os joelhos e coxas. “O
paciente deve consultar seu médico para entender qual o melhor tipo de meia de
compressão para seu caso específico. Dependendo do histórico pessoal, além da
meia, deve conversar com seu médico sobre a necessidade de profilaxia com uso
de anticoagulantes durante a viagem”, diz.
Por fim, a professora-doutora afirma que, apesar de
viagens aéreas de longa duração aumentarem o risco de trombose, é possível
mitigar os riscos ao tomar todas as precauções necessárias. Entretanto, é
importante se informar sobre outros fatores que podem causar a doença e manter
uma vida saudável para evitar a ocorrência de trombose.
Sobre o Dia
Mundial da Trombose
No dia 13 de outubro é comemorado o Dia
Mundial da Trombose, que tem como objetivo aumentar a consciência sobre a
trombose entre profissionais da saúde, pacientes e entidades do governo e do
terceiro setor. No entanto, devemos estar em alerta para essa afecção todos os
dias. Em âmbito global, a campanha desta efeméride é liderada pela Sociedade
Internacional de Trombose e Hemostasia (SITH) e, no Brasil, por entidades
médicas, entre as quais se destaca a Sociedade Brasileira de Trombose e
Hemostasia (SBTH). Para saber mais, acesse Link
e também o site da SBTH: Link.
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