Foto Matthias Zomer |
Dia Mundial do Alzheimer foi criado para dar visibilidade à doença, cuja incidência tende a aumentar em virtude do envelhecimento populacional
Em 2020, 13,5% da população do Brasil era composta por idosos, segundo o
IBGE. Uma parcela que tende a crescer tanto no país quanto no mundo, em virtude
do aumento da expectativa de vida. Os dados tornam ainda mais latente a
necessidade de atenção acerca das doenças incidentes entre pessoas idosas,
sendo uma delas o Alzheimer. O Dia Mundial do Alzheimer (21/09) foi criado para
dar visibilidade a este tipo mais frequente de demência.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, cerca
de metade das 2 milhões de pessoas com demência no Brasil têm Alzheimer. No
entanto, há uma subnotificação em virtude da imprecisão no diagnóstico ou até
mesmo da falta dele.
O que é o Alzheimer?
O Alzheimer é um tipo de demência, isto é, um grupo de sintomas
caracterizado pela alteração de pelo menos duas funções do cérebro. Pode afetar
a memória, a capacidade de pensamento e outras habilidades mentais. No caso
específico do Alzheimer, os sintomas costumam se desenvolver gradualmente ao longo
de muitos anos e, eventualmente, tornam-se mais graves, impactando o
funcionamento cerebral, bem como a independência do paciente.
Alguns pesquisadores acreditam que as demências sejam as “doenças do
futuro”. Isso porque a população idosa está vivendo por mais tempo, fato que
aumenta muito as probabilidades de desenvolver alterações nos neurônios. Ou
seja, a velhice não causa, mas facilita o desenvolvimento da condição no
organismo.
Previsões elaboradas pela Universidade do Porto (Portugal) e pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) determinam que algum tipo de
demência deve afetar pelo menos 1/4 da população brasileira com mais de 80 anos
daqui a três anos – há dois anos, o Alzheimer já atingia 1,2 milhões de
brasileiros.
O que causa o Alzheimer?
Embora ainda não tenha sido possível determinar precisamente as causas
exatas do Alzheimer, acredita-se que alguns fatores podem influenciar nos
riscos de desenvolver a doença, como o avançar da idade, histórico familiar
dessa condição, depressão não tratada, inflamações no cérebro, fatores e
condições de estilo de vida associados a doenças cardiovasculares.
Como reconhecer o Alzheimer?
As manifestações iniciais podem passar desapercebidas pelo paciente e
familiares, pois os primeiros sinais são pequenos problemas de memória, fato
que costuma ser relativamente comum em pessoas de qualquer idade.
“É comum esquecermos coisas do dia a dia, como por exemplo o nome de uma
pessoa ou onde guardamos o celular – muitas vezes esses esquecimentos são por
falta de atenção. Já o esquecimento que interfere na funcionalidade da pessoa
(esquecer de pagar contas, esquecer caminhos conhecidos, esquecer compromissos
importantes) podem ser indicativos da doença de Alzheimer. Esquecer de alguma
coisa e lembrar depois pode indicar um esquecimento ‘normal’. Esquecer de
alguma coisa e esquecer que esqueceu, geralmente indica anormalidade”, explica
o neurologista do Hospital Brasília Arthur Jatobá e Sousa.
Existe prevenção?
Como a causa exata do Alzheimer ainda não é clara para os pesquisadores,
não há maneira conhecida de prevenir a doença. Porém, alguns hábitos podem
auxiliar indiretamente. A prática regular de exercícios é um exemplo, já que
pode beneficiar as células cerebrais, aumentando o fluxo sanguíneo e de
oxigênio para o cérebro, além de favorecer o bom funcionamento do coração – estudos de autópsia já demostraram que até
80% dos pacientes com Alzheimer apresentavam doenças cardiovasculares. Uma
alimentação saudável, rica em grãos inteiros, carnes magras e alimentos in natura,
também pode auxiliar no combate à doença.
O especialista do Hospital Brasília destaca que, como a doença se inicia
no cérebro de 20 a 30 anos antes do início dos sintomas, esses tipos de cuidados
têm um papel essencial. “Alguns fatores de risco modificáveis incluem
hipertensão arterial, diabetes,
obesidade, tabagismo, etilismo, isolamento social, depressão, baixa
escolaridade e sedentarismo”, pontua.
Quanto ao temor relacionado à hereditariedade do Alzheimer, o médico
afirma que, de fato, em uma pequena quantidade de pacientes há uma
predisposição com a identificação de mutações genéticas específicas. Esses
pacientes geralmente iniciam a doença antes dos 65 anos de idade, situação em
que se considera um Alzheimer de início precoce. Porém, na maioria dos
pacientes acometidos, a doença se inicia após os 65 anos (Alzheimer de início
tardio) e não há ligação com uma mutação genética específica. Por este motivo,
é importante, também, seguir as consultas regulares com o neurologista.
Existe tratamento?
Não há tratamento, mas existem medicamentos que podem ajudar a melhorar
os sinais de demência em algumas pessoas, agindo como multiplicadores de
neurotransmissores do cérebro.
Há também estudos que apontam benefícios aos
pacientes com Alzheimer que fazem uso do canabidiol (CBD), uma das substâncias
presentes na planta de maconha. Segundo algumas pesquisas, o CBD pode evitar a
criação de proteínas malformadas relacionadas ao Alzheimer. Também há associação
entre os canabinoides e a proteção às células nervosas. No entanto, ainda não
há consenso sobre o uso da substância.
Em junho de 2021, a Food and Drug Administration
(FDA) autorizou nos Estados Unidos o uso de um novo remédio contra
o Alzheimer. Trata-se do Aducanumabe, desenvolvido pela farmacêutica Biogen,
destinado a fases iniciais da doença e a pacientes com demência leve. Segundo a
farmacêutica, a expectativa é de que o novo tratamento atrase o declínio
cognitivo em até 22%. Ainda não há previsão do uso do remédio no Brasil.
Dasa
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