Quem de nós esperávamos por essa pandemia que
se abateu sobre a humanidade e trouxe uma reviravolta de costumes, forçando-nos
a adotar condutas e comportamentos antes sequer cogitados? Acredito que
ninguém!
Porém, eu creio que o coronavírus vai passar
e vai deixar como legado lições importantes. A quarentena e o restante de todo
o contexto que estamos vivendo tem o seu lado positivo, pois inevitavelmente
nos leva a muitas reflexões. Haverá uma antecipação do comportamento da
sociedade tanto no aspecto de consumo, quanto do aspecto humano. Algo que aconteceria
talvez daqui há 20, 30, 40 anos, mas que será antecipado. Bem, vamos começar
pelo aspecto de consumo.
Com essa crise, o percentual do
fortalecimento do hábito de se fazer cursos online e de educação à distância
(EAD), aumentará exponencialmente. Atualmente, o EAD representa um pequeno
percentual das graduações, pós-graduações e cursos livres do Brasil, cerca de
26% do número total de alunos. Apesar do mundo já ser digital, existem também
milhões de brasileiros que ainda não tem internet, cerca de 30% da população.
Isso irá mudar. As pessoas se tornarão ainda mais tecnológicas, e não somente
as que nasceram depois da década de 90 que terão necessidade, intimidade e
convivência com a tecnologia, e sim todas as faixas etárias. Ela ficará ainda
mais forte.
Já no aspecto humano, haverá uma maior
compreensão entre colaboradores e empresas, porque os dois lados perceberão que
um não vive sem o outro. Que é uma parceria e não uma luta de classe, não uma
disputa. No nosso País, infelizmente, ainda temos uma cultura do colaborador
chamar o dono da empresa de “patrão”. Mas ele não é o patrão, ele é o líder, o
parceiro. Existe também na cabeça do dono da empresa a cultura de que “aquele é
o meu funcionário”, “eu mando nele”. Errado. Ele é o seu parceiro, o seu
colaborador.
As pessoas darão mais importância para o que
realmente importa, como a família, a saúde e os momentos simples. Apesar de
ficarem mais tecnológicas, darão mais importância para as experiências, porque
estando em casa como em um confinamento, passa-se a perceber como faz falta
poder ir em um jantar de família, um show, um happy hour com os amigos. O
mercado de eventos e entretenimento que está sofrendo muito neste período, por
exemplo, irá explodir quando tudo isso acabar, porque as pessoas buscarão, a
médio e longo prazo, experiências, convivências e emoções.
A busca insana por capital, status e sucesso
profissional também irá reduzir, porque vão entender que existe outras
riquezas, além das materiais. A riqueza familiar, a riqueza espiritual, a
riqueza emocional, a riqueza do bem-estar e da saúde. Ao final de tudo isso,
nós vamos sofrer muito. Mas não sofrer para encolher, e sim, sofrer para
crescer. As nações estarão mais unidas, porque apesar de termos fronteiras,
oceanos e continentes que nos afastam, tudo isso mostrou que, na realidade,
existe um único povo, uma única nação, uma única terra, que é o ser humano. Que
algo que acontece do outro lado do mundo, pode impactar fortemente a vida de
todo o nosso planeta. É o famoso efeito borboleta.
As pessoas olharão mais para a
sustentabilidade, para o bem-estar da natureza, o bem-estar climático, porque
de nada importa trilhões, quatrilhões de dólares no mercado de capital, se o
planeta e a humanidade não tiverem saúde.
Criaremos acordos, tratados e medidas
preventivas para que outras crises não aconteçam. Crises econômicas, crises de
saúde, guerras. Porque nessa crise, descobriremos que o mundo se globalizou, o
mundo se fortaleceu, a acessibilidade da informação é alta, a expectativa de
vida disparou, mas que no fundo, no fundo, continuamos muito frágeis e que
existem algumas lógicas que precisam ser equilibradas ou subvertidas, como a
lógica da disputa, a lógica da competição insana e a lógica do egoísmo.
Se o mundo não renascer, vai no mínimo assumir uma
outra roupagem. Essa crise trará aprendizados, forças e parcerias entre nações
e pessoas, entre colaboradores e empresas e entre famílias, que nunca antes
pudesse ter sido imaginada. Ao final de tudo isso, teremos pais e filhos
pedindo perdão um ao outro e que em meio do caos, do desespero, da incerteza, é
o amor que mais nos fortalece e que nos dá vontade de seguir em frente.
Marcus Marques – Fundador do movimento
#AceleradorEmpresarial
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