O microbiologista
clínico, pesquisador e professor, Alessandro Silveira, destaca que a
microbiologia auxilia na compreensão das características do novo coronavírus,
fornecendo as principais maneiras de se prevenir da transmissão da Covid-19
Não há como ser diferente, o
assunto do momento é a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus e que já
infectou cerca de 1,4 milhão de pessoas no mundo todo, ocasionando mais de 76
mil vítimas fatais. Nesse momento de fragilidade, em que somos bombardeados por
informações (muitas vezes falsas) sobre essa nova doença, torna-se
imprescindível nos cercarmos de profissionais capacitados sobre o tema, em suas
mais diversas áreas de atuação. Serão eles os responsáveis por estabelecer
estratégias de combate à disseminação do vírus e dirimir dúvidas sobre como
evitar o contágio.
Um desses profissionais é o
microbiologista, especialidade exercida pelo farmacêutico e bioquímico, doutor
em Ciências Médicas e pós-doutor em Microbiologia, Alessandro Conrado de
Oliveira Silveira. A microbiologia é função essencial em tempos como o que
estamos vivendo, porque tem como objetivo primordial estudar os
micro-organismos, tais como fungos, bactérias e vírus. A participação de
Silveira referente ao assunto se torna ainda mais relevante porque ele atua
especificamente como microbiologista clínico humano, estudando as doenças
infecciosas causadas por micro-organismo em pessoas.
"Todo o conhecimento sobre a
estrutura do vírus, como se replica, quais células irá infectar, quais serão os
sintomas, é objeto de estudo da microbiologia clínica", afirma Silveira,
que atualmente é professor titular de Microbiologia Clínica para os cursos de
Medicina, Farmácia e Biomedicina da Fundação Universidade Regional de Blumenau
(FURB), em Santa Catarina, coordenador de
microbiologia clínica da Sociedade Brasileira de Microbiologia e consultor de
microbiologia clínica e molecular da DASA.
Conforme Silveira, a microbiologia
auxilia no melhor entendimento das características do vírus, e, nesse sentido,
fornece, por exemplo, as principais maneiras de se prevenir de doenças tais
como a Covid-19. Por meio dos estudos dos micro-organismos feitos pela
microbiologia é que se tem ciência de que o vírus pode estar presente em
micropartículas – chamadas pelos especialistas de aerossóis – expelidas pela
pessoa ao tossir ou na simples emissão de som (fala). O vírus nessas
micropartículas fica momentaneamente em suspensão no ar e pode ser transmitido
de pessoa a pessoa, caso haja contato entre elas nesse intervalo. "Desse
modo, a importância do distanciamento e do isolamento para evitar a
contaminação", explica.
A microbiologia fornece também a
explicação de que a transmissão do vírus pode se dar através do contato com as
mãos em micropartículas contaminadas que se depositam em superfícies, tais
quais um corrimão ou uma mesa, por exemplo. O contato posterior das mãos com a
boca certamente acarretará em contágio. Para evitar isso, conforme Silveira, é
que há a recomendação de que as pessoas lavem constantemente as mãos com água e
sabão, sabonete ou detergente. O microbiologista clínico ressalta ainda a
importância do álcool em gel para a limpeza das superfícies e para a
desinfecção prática das mãos, mas sublinha que o produto não é imprescindível,
caso água e sabão estejam disponíveis.
Outra área específica da
microbiologia sobre a qual Silveira se debruça é a bacteriologia, ou seja,
ciência responsável por estudar as bactérias. O farmacêutico e bioquímico
apresenta conhecimentos que podem ser de grande valia nessa pandemia do novo
coronavírus. Isto porque o professor da FURB tem como uma de suas linhas de
estudo o papel das bactérias no organismo humano, buscando entender como a
microbiota intestinal pode ser a chave para o bem estar físico e mental.
Entre outras palavras, Silveira
investiga como as bactérias consideradas boas presentes no intestino podem ser
ferramentas poderosas para o fortalecimento do sistema imunológico do ser
humano. "As bactérias boas estão totalmente associadas a uma imunidade
fortalecida. Se a pessoa tem essas bactérias no organismo, ela está mais forte,
saudável, e, dessa forma, menos suscetível a ter uma infecção grave, caso se
contamine pelo novo coronavírus, por exemplo", explica.
O microbiologista clínico destaca
ainda que o fortalecimento do sistema imunológico em razão das bactérias boas
não impede que a pessoa se contamine. "O risco da pessoa contrair está
relacionado com a adoção de medidas preventivas, como o isolamento e hábitos de
higiene, por exemplo", alerta.
A importância de um sistema
imunológico robusto é visto claramente, de acordo com Silveira, no modo como a
Covid-19 se desenvolve em jovens e idosos. Nos primeiros, normalmente, por
apresentarem uma saúde menos problemática, a doença se manifesta brandamente,
muitas vezes, de maneira subclínica (sem sintomas ou com sintomas muito leves,
que nem são notados). Nos idosos e portadores de doenças crônicas, cuja
suscetibilidade do sistema imune é maior, a gravidade da doença ocasionada pelo
vírus aumenta bastante, podendo até levar a óbitos.
Para que essas bactérias boas
sejam cultivadas e, consequentemente, o sistema imunológico se fortaleça, o
microbiologista clínico recomenda uma alimentação adequada. "Principalmente
os prebióticos, vegetais ricos em fibras, que servem de alimentos para
bactérias; e os probióticos, fermentados, que têm a presença das
bactérias", declara. Conforme Silveira, deve-se também evitar alimentos
industrializados e com alta taxa de carboidratos. Prática de exercícios
físicos, boa noite de sono e minimização do estresse são outras indicações de
Silveira visando ao fortalecimento do sistema imune.
Dr. Alessandro
Silveira - Graduado em Farmácia-Bioquímica
pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Ciência Médicas pela
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e pós-doutor
em Microbiologia, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente
é professor titular de Microbiologia Clínica para os cursos de Medicina,
Farmácia e Biomedicina da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), em
Santa Catarina. Desempenha, ainda pela FURB, as funções de consultor técnico de
Microbiologia Clínica e Bacteriologia Clínica e coordenador do curso de
Especialização em Bacteriologia Clínica. Atua também como coordenador de
Microbiologia Clínica da Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM), gestor da
Microbiologia do Ghanem Laboratório de Joinville e consultor de Microbiologia
Clínica e Molecular na Dasa. Suas linhas de pesquisa incluem a análise
metagemônica do microbioma intestinal e a detecção da diminuição da
susceptibilidade de Staphylococcus aureus à vancomicina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário