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sexta-feira, 24 de abril de 2020

Dia de Combate à Meningite: vacinação é a maneira mais efetiva de prevenir a doença[1]


Enfermidade pode evoluir para óbito em até 20% dos casos no Brasil, podendo matar em até 24h após os primeiros sintomas²


O dia 24 de abril é marcado mundialmente com ações de combate à Meningite, doença grave, com alto poder de letalidade, e que pode causar sequelas como paralisia cerebral, perda de membros, audição, visão ou até levar à morte em pouco tempo das primeiras manifestações dos sintomas. Em até 20% dos casos a doença leva o paciente a óbito, em até 24h depois dos primeiros sintomas.²

Por se apresentar, muitas vezes, de forma assintomática, a meningite tem um alto poder de contágio visto que algumas pessoas podem ser portadoras das bactérias que transmitem a doença sem estarem doentes e espalham a bactéria para outras pessoas que podem vir a ficar doentes.³ Por outro lado, já há vacinas contra a doença, que protegem não apenas quem as toma, mas todos ao seu redor. Isso acontece pois ao se vacinar, o indivíduo deixa de ser um transmissor, o que contribui para a inibição da propagação da meningite.

Este ano, quando vivenciamos os males que uma doença pode causar, como a pandemia mundial por conta do coronavírus, vale a reflexão sobre o grau de propagação de vírus e bactérias que causam doenças sérias como a covid-19 ou a meningite meningicócica, e perguntamos: na guerra contra a meningite, de que lado você quer estar?

Para falar com propriedade sobre o assunto, convidamos o atleta paralímpico de voleibol sentado Daniel Yoshizawa, vítima da meningite meningocócica. Hoje, aos 34 anos, é porta-voz do combate à doença e a favor da informação e da imunização.

Aos 21 anos o até então operador de máquina em indústria plástica, acordou com uma forte dor de cabeça e em questão de poucas horas entrou em coma. No hospital foi diagnosticado com Meningite Meningocócica (causada por um grupo de bactérias chamadas meningococos) e após 14 dias em estado de coma acordou e foi informado que teria que amputar as duas pernas, até acima do joelho, cinco dedos da mãe esquerda e um dedo da mão direita.

“Esse dia ficará marcado na minha vida. Sempre acordei disposto e não ficava rolando na cama. Aquele dia foi diferente, pois a dor na cabeça, bem na nuca, e a moleza no corpo não permitiram que eu me levantasse e nem fosse trabalhar. Com ajuda dos meus pais e amigos cheguei ao hospital e logo tive convulsões e entrei em coma”, relata Daniel Yoshizawa.

De acordo com o Ministério da Saúde, o risco de contrair a doença é maior entre crianças menores de cinco anos, principalmente até um ano, e para este público as campanhas de vacinação são intensificadas e fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação. Entretanto, os adolescentes e adultos jovens também possuem risco aumentado de contrair a doença causada pela bactéria Neisseria meningitidis, que pode ser fatal em qualquer idade. Diante disso, o reforço da dose da vacina aos 11 e 12 anos faz-se necessário para  para proteger estes indivíduos.³ No período de 2015 a 2019 mais de 50% dos casos de DM ocorreram em indivíduos maiores de 15 anos.¹

Especialistas afirmam que o público adolescente faz parte do grupo de portadores assintomáticos do meningococo, que podem estar infectados sem manifestar sintomas, visto que o adoecimento depende da baixa imunidade do sistema imunológico da pessoa. Para a médica ocupacional Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur, mesmo que não adoeça, quando o adolescente fala perto de alguém, beija, troca copos, pode transmitir a bactéria pela saliva ou respiração. “A vacinação contra meningite na adolescência protege tanto os integrantes dessa faixa etária quanto os mais novos e os mais velhos”, esclarece.


Um momento para refletir: De que lado você vai ficar no combate à Meningite?

Neste Dia Mundial de Combate à Meningite, Daniel usa sua experiência em engajar as pessoas obtida como capitão da seleção de voleibol sentado do Sesi São Paulo, esporte pelo qual integra também a seleção brasileira, para convidar a todos a entrarem neste reflexão e ajudar a aumentar a cobertura vacinal contra a meningite.

O atleta relata que, até os 21 anos, nunca tinha entrado em contato com pessoas que tiveram a doença ou ouvido história de terceiros que foram acometidos pela meningite, e que isso o fez pensar que era uma doença que só atingia crianças. “Na minha adolescência e juventude, eu. Só o que lembro era de ver campanhas para crianças, sem foco nos adolescentes. E isso me fez ver que meu papel era falar para todos os públicos sobre a doença, as sequelas que ela me deixou, e da importância da vacinação em crianças, adolescentes e em toda faixa que for necessário”, diz Yoshizawa.


Sintomas da meningite

Devido ao alto grau de letalidade da doença, ao perceber os primeiros sintomas que podem dar indícios de meningite, como início súbito de febre, dor de cabeça e rigidez do pescoço, a orientação é procurar imediatamente um atendimento médico. A demora nos procedimentos médicos adequados pode culminar em mortes ou em sequelas irreversíveis.¹

Em alguns casos outros sintomas podem aparecer associados aos principais, são eles: 

·         Mal estar

·         Náusea

·         Vômito

·         Fotofobia (aumento da sensibilidade à luz)

·         Status mental alterado (confusão)

Em questão de horas, como o que aconteceu com Daniel Yoshizawa, a doença pode evoluir rapidamente e sintomas mais graves podem aparecer, como: convulsões, delírio, tremores e coma.

No caso de crianças menores de 2 anos os sintomas apresentados anteriormente podem ser mais difíceis de serem notados, mas cabe aos pais e responsáveis avaliarem o grau de irritabilidade dos bebês, assim como a ocorrência de vômitos, falta de apetito, ou no estado de letargia (sonolência) ou não respondendo a estímulos sensoriais ou motores.³


Os tipos de meningite

Causada por vírus, bactérias, fungos ou outros agentes infecciosos, a meningite bacteriana (infecção das membranas que recobrem o cérebro) é considerada como uma das mais temidas doenças imunopreveníveis.4 Ela é causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) e é mais grave quando atinge a corrente sanguínea, provocando meningococcemia — infecção generalizada. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), 1.500 a mais de 3 mil brasileiros são acometidos pela doença todos os anos, e que pessoas não vacinadas de qualquer idade são vulneráveis. “Trata-se de uma bactéria agressiva, que pode colonizar na nasofaringe, parte de trás do nariz, principalmente em adolescentes”, explica a médica Sheila Homsani.

As recomendações das SBIm e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) são que a vacinação é a principal forma de prevenção da doença meningocócica, e que mesmo as vacinas sendo seguras e eficazes (em média, mais de 95% dos vacinados ficam protegidos)4, hoje sabe se que a proteção gerada pelas vacinas conjugadas (meningocócica C e ACWY) não são para toda a vida. O mesmo acontece com quem teve a doença, ou seja, a quantidade de anticorpos cai ao longo do tempo e o indivíduo deixa de estar protegido, daí a importância das doses de reforço.4


Transmissão

Por ser uma doença causada por vários agentes, as formas de transmissão são amplas. As bactérias que causam meningite bacteriana se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Outras bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da Listeria monocytogenes e da Escherichia coli.

As meningites virais podem ser transmitidas de diversas maneiras, dependendo do vírus causador da doença. A contaminação pode ser via fecal-oral, por meio contato (tocar ou apertar as mãos) com uma pessoa infectada ou toque em objetos, superfícies, água ou alimentos contaminados e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos.

A meningite fúngica pode se manifestar após inalação dos esporos (pequenos pedaços de fungos) que entram nos pulmões e podem chegar até as meninges. Alguns fungos podem ser encontrados em solos ou ambientes contaminados com excrementos de pássaros ou morcegos.







Referências
¹ Ministério da Saúde. Informe Técnico-Orientações técnico-operacionais para a Vacinação dos Adolescentes com a Vacina Meningocócica ACWY (conjugada). Brasília, 2020. Disponível em: https://saude.es.gov.br/Media/sesa/PEI/Informe%20T%C3%A9cnico%20Informe_ACWY___Adolescente_02_03_2020.pdf. Acesso em 15/04/2020
² Confederation of Meningitis Organisation. Disponível em: http://www.comomeningitis.org/world-meningitis-day/wmd-2020/. Acesso em 15/04/2020
³ Ministério da Saúde. Saúde de A a Z. Meningite. Disponível em https://saude.gov.br/saude-de-a-z/meningites#. Acesso em 13/04/2020
4 Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Doença Meningocócica. Disponível em https://familia.sbim.org.br/doencas/doenca-meningococica-dm. Acesso em 13/04/2020




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