O filósofo,
psicanalista e especialista em estudos da mente humana explica o que é autismo
e o seu tratamento
Abril é o
mês do autismo, representado pela cor azul com o intuito de abordar O Dia
Mundial do Autismo, que é comemorado no dia 02/03. A data, celebrada há 12
anos, foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas). Por isso se vir algo
decorado com a cor azul já sabe o motivo.
Procuramos
o filósofo, psicanalista e pesquisador Fabiano
de Abreu para nos contar mais sobre o autismo pois, como
membro da Mensa e especialista em estudos da mente humana, já deparou-se e
estudou diversos casos de autismo e sabe como identificá-los.
“O número
de autistas é bem maior do que podemos imaginar, inclusive, quem está lendo
este artigo pode conhecer algum e não saber. Um autista é uma pessoa com
transtornos no desenvolvimento do cérebro, mais conhecido como TEA (Transtornos
de Espectro Autista). Levando em consideração que no grau evolutivo ninguém é
igual a ninguém então, o autista pode não ser tão diferente assim de uma pessoa
que se diga normal já que não há um padrão normal. O grau de autismo varia e
pode ser difícil a sua identificação algumas vezes.”
Abreu diz
que se deve identificar a diferença entre os diferentes graus de autismo e as
suas nuances específicas. O desconhecimento e as más informações podem
dificultar na ajuda. Ou seja, sem elementos fiáveis muitas vezes pensamos estar
a ajudar mas estamos a fazer precisamente o contrário.
“Li um
artigo num grande site de notícias que dizia que a
ativista Gretta Thunberg era muito inteligente já que tinha a Síndrome de
Asperger e geralmente pessoas com essa síndrome são inteligentes. Isso é uma
informação falsa e induziu muitos leitores ao erro. Pessoas com esta síndrome
podem ter um tipo de inteligência bastante acentuada mas focal. E a sua
cognição, que está ligada à inteligência, tende a não ser tão desenvolvida. Por
outras palavras, ela pode ter um tipo de inteligência desenvolvida mas não terá
a capacidade total, faltará a versatilidade, flexibilidade, abstrações e etc.”
Abreu diz
que podemos fazer sobressair o melhor do autista para que seja um bom
profissional.
“Devemos
observar as crianças e os seus comportamentos, eu sempre digo que temos que ver
o lado bom de tudo na vida. Uma criança autista pode ter habilidades únicas e
se o ajudarmos a desenvolvê-las, podem tornar-se grandes profissionais. Sinais
como falta de interesse em se relacionar com pessoas, ausência do contato
visual a que chamo de desfoque, atenção exagerada a objetos, ou incomodo com
toque, sons e textura de alimentos são os traços mais comuns. No entanto tudo
depende do grau de autismo que pode ser avaliado como leve, médio e grave.”
O
psicanalista diz qual o tratamento caso seja constatado autismo.
“Não há
remédio para o autismo, portanto, se faz necessário uma terapia e geralmente em
grupo para estimular a socialização. É bom que o autista seja acompanhado desde
cedo para que possa ter uma vida normal quando adulto, principalmente ao nível
profissional. Trabalham-se as relações afetivas, atividades motoras,
aprimora-se a comunicação e o incentivo a realizar atividades diferentes. Muitas vezes os pais não conseguem ensinar devido à questão emocional
que naturalmente interfere. Tudo deve ser feito de acordo com o tipo de autismo
e o grau que ele representa para que o mesmo possa ter uma vida funcional e
laboral satisfatória. Que trabalhe desde cedo a conquista de autonomia e
independência “.
Fabiano de
Abreu - membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo com
sede na Inglaterra conseguindo alcançar o maior QI registrado com 99 de
percentil o que equivale em numeral a um QI acima de 180. Especialista em
estudos da mente humana, é membro e sócio da CPAH – Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, com sede em Portugal e unidades no Brasil e na
Holanda.
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