A história do carnaval no Brasil vem do período
colonial, iniciada pelos escravos. Cordões, ranchos, corsos, escolas de samba,
marchinhas, sambas, afoxés e maracatus foram alguns dos ritmos que marcaram
essa festa
A
primeira marchinha de carnaval foi composta em 1899, pela musicista e maestrina
brasileira, Chiquinha Gonzaga: O Abre-Alas. E é através dessa
música que vamos abrir espaço para as dicas de saúde, em um passeio por algumas
antigas e saudosas marchinhas de carnaval.
Mamãe eu quero! Mamãe eu quero! Mamãe eu quero mamar!
“Apesar de politicamente incorreta, fazendo a apologia à chupeta e à mamadeira (não indicados pelas recomendações atuais), essa gravação, em um filme de 1940, mostra Carmem Miranda e Garoto em uma das marchinhas carnavalescas mais conhecidas de todos os tempos e nos remete à questão da alimentação durante os dias de folia”, conta o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Quando
se trata de crianças, sempre valem alguns lembretes importantes, defende o
médico:
· Até os 6 meses de idade, a recomendação é
o aleitamento materno exclusivo, em livre-demanda. Não é necessário
oferecer água, ou qualquer outro tipo de líquido nessa faixa etária. Leite
materno: alimenta e hidrata;
· Em lactentes até um ano de idade, leite materno ainda
é fundamental. Hidratação é importante. Sucos, mesmo os naturais, devem ser
evitados até um ano de idade, segundo estudos recentes, pelo aumento do risco
de diabetes tipo 2. As recomendações da Academia Americana de Pediatria (AAP)
são que entre 1 e 6 anos se ofereça entre 120 a 180 ml ao dia e após os 7 anos,
cerca de 250 ml ao dia (de sucos naturais);
· Frutas frescas, legumes e verduras (FLV) com
vitaminas, água e fibras, são recomendados também nessa época;
· É importante ficar atento para a higiene e a
conservação dos alimentos consumidos, principalmente fora de casa, nas praias,
clubes e hotéis. Maioneses, ovos, molhos e cremes necessitam de preparos
cuidadosos e conservação impecável para que não causem reações graves, como
intoxicações alimentares, levando a quadros febris, com diarreia, vômito e
até desidratação, que podem requerer desde “uma visita forçada” a um
pronto-socorro até uma internação hospitalar;
· Qualidade e quantidade devem ser bem controladas. Se
for ultrapassado um limite individual de tolerância, reações alérgicas graves
podem estragar a comemoração. Estamos falando de amendoins, corantes e sucos
artificiais;
· Se você pensa que cachaça é água, cachaça não é água
não. A hidratação é fundamental. LEITE MATERNO (para os que ainda mamam) e,
após o 6º mês de vida, sempre muita ÁGUA.
Não à bebida alcoólica
“O
carnaval é uma festividade que costuma ser acompanhada de mais liberdade e menos
controle. Some-se a isso a questão cultural de algumas famílias e junte-se o
calor do verão brasileiro e o cenário está armado. Independentemente de cultura
ou idade, por mais inimaginável que possa parecer, a situação ainda ocorre: é
absurdo oferecer qualquer quantidade, por menor que seja, de qualquer bebida
alcoólica, para crianças”, destaca Moises Chencinski.
O
pediatra destaca que, além de ser proibido por lei, é extremamente prejudicial,
podendo, até, ser fatal. Quanto mais precoce o estímulo alcoólico para pessoas
com tendência ao vício, mais cedo e mais certamente esse hábito poderá se
instalar e levar a sérios prejuízos à saúde futura desse indivíduo.
“Além
disso, crianças são indivíduos em crescimento e desenvolvimento, sendo mais
suscetíveis a estímulos, com riscos de quadros graves, mesmo com pequenas
quantidades de substâncias nocivas, inclusive o álcool”, lembra o médico,
membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da
Sociedade de Pediatria de São Paulo.
E com relação à fantasia?
Quanto riso, oh, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão... Batman, Homem Aranha, Cinderela, Havaiana, Pequena
Sereia… Qual vai ser o personagem do seu pequeno?
“Na
hora de escolher a fantasia preste atenção ao tecido, para que seja leve e
arejado, como o algodão, e não aperte a criança. Não se esqueça de escolher
sapatos confortáveis e que seu filho já esteja acostumado a usar. Cuidado
também com os adereços e mantenha a criança longe de espadas, lanças e objetos
pontiagudos. Há também quem prefira usar a pintura. Essa opção é indicada para
maiores de 2 anos, e com tinta adequada e antialérgica para evitar
intoxicações. Ainda assim, faça um teste antes de aplicar no rosto de seu
super-herói ou de sua princesa”, ensina Chencinski.
É
recomendável evitar sprays de espuma e neve, bem como a serpentina
artificial. Eles são perigosos porque contém substâncias químicas que podem
causar irritação ou sensibilidade na pele e nos olhos. "Estudos recentes
demonstraram que, quando o contato com esses sprays é prolongado ou se são
usados sob o sol, eles podem ter seus malefícios potencializados. Recomenda-se,
nestes casos, lavar a pele e os olhos o mais rápido possível após o contato. Já
as máscaras devem ser usadas com muito cuidado porque, durante a brincadeira do
carnaval, elas podem se deslocar e prejudicar até a respiração da
criança", conta o pediatra.
Cuidados na multidão
Allah-la-ô, mas que calor... Na
praia, nos clubes, as festividades para as crianças acontecem de manhã e à
tarde. Assim, no calor do clima e na aglomeração que também eleva a
temperatura, as crianças precisam de proteção.
“Em
relação ao sol vale a pena seguir a mesma orientação de qualquer época do ano.
Evitar exposição direta entre 10 e 16 horas, sempre usando protetor solar,
mesmo fora desse horário. O calor pode aparecer e ser um fator agravante também
em salões fechados, com muita gente pulando e se divertindo, especialmente nas
crianças fantasiadas que correm e se divertem incansavelmente. Lembre-se da
hidratação constante”, destaca Moises Chencinski.
Durante
o carnaval, os pais também estão educando e formando cidadãos. “Assim, mesmo
que os banheiros químicos instalados nas ruas não sejam convidativos, não
vale fazer xixi na rua! Levem lenços umedecidos e protetores de assento para
ajudar a criança a encarar o banheiro químico. Outra opção é achar
um bar ou restaurante e utilizar os banheiros de lá, adotando os mesmos cuidados”,
recomenda o pediatra.
Chencinski ainda lembra que as crianças não têm noção do perigo, e pela sua curiosidade natural podem se perder, distraídas no meio da multidão. “Faça uma pulseirinha de identificação para o seu filho com o nome dele, dos pais, telefone e endereço. É importante explicar que isso é um recurso de segurança caso ele se perca. Não deixe as crianças sem supervisão, sozinhas, no meio da multidão. Fiquem sempre de olho. Neste sentido, vale a pena conferir o material da campanha Defenda-se, uma série de vídeos que visa chamar a atenção para os cuidados preventivos que devem ser tomados em relação à violência sexual no carnaval”, diz o médico.
Moises
Chencinski - http://www.drmoises.com.br
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