Mais uma vez estamos em
pleno verão e novamente discutem-se os problemas de saúde relacionados com as
altas temperaturas, os cuidados com a hidratação, com a contaminação dos
alimentos, os exercícios excessivos e feitos sem critério algum, as bebidas alcoólicas,
o risco no trânsito, a promiscuidade sexual e por último, mas não esgotando
esta lista, a exposição excessiva aos raios solares.
É sabido que a exposição
excessiva aos raios solares, principalmente pelas pessoas com pele clara
(descendentes de europeus, com olhos e cabelos claros), predispõe ao surgimento
de alterações cutâneas tais como rugas, ceratoses (as conhecidas “casquinhas”),
envelhecimento precoce da pele e o câncer. Quanto mais precoce esta exposição,
principalmente quando ocorre desde a infância, maior é o risco do câncer
aparecer, geralmente numa idade mais tardia. Episódios frequentes de
queimaduras solares, na infância, são particularmente nocivos, predispondo a um
maior risco, na velhice, do aparecimento de câncer na pele.
Os raios solares atingem sua
maior intensidade nas horas próximas ao meio dia. O risco é menor nas primeiras
horas da manhã e no final da tarde, quando a luz solar nos atinge obliquamente.
A radiação ultravioleta, presente nos raios solares, é a principal responsável
pelas suas ações nocivas sobre a pele, devido à sua capacidade de penetrar até
as camadas mais profundas de nossa cútis. Os raios ultravioleta podem danificar
nossa pele mesmo quando não percebemos sua ação, como por exemplo quando está ventando.
O uso de protetores solares diminui relativamente sua ação. Os protetores
solares trazem em seus rótulos uma indicação da intensidade de sua ação, é o
chamado ‘fator de proteção solar” (FPS). Um protetor solar com FPS de 30, por
exemplo, significa que uma pessoa com pele normal, que ficaria com a pele
avermelhada após 1 minuto de exposição à luz solar, demorará 30 minutos para
ter a mesma alteração cutânea se estiver usando tal filtro solar. Existem
diversos sites, na internet, com explicações detalhadas sobre o uso de filtros
solares.
Quanto ao câncer de pele,
este aparece geralmente em pessoas idosas, com mais de 60 anos, existindo
vários tipos com gravidade variável. Os tipos mais comuns são o carcinoma
basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma. O carcinoma basocelular
(CBC) é o menos agressivo dos 3, geralmente se manifesta como um nódulo
arredondado, saliente, com bordas elevadas e centro deprimido, podendo ou não
apresentar uma úlcera no seu centro, às vezes sangrando. Sua tendência é ir
aumentando lenta e progressivamente, raramente apresentando espalhamento para
outros locais do corpo. O carcinoma espinocelular já é mais agressivo e quando
não tratado acaba por se espalhar pelo corpo. Manifesta-se geralmente como uma
lesão cutânea de bordos irregulares, com crostas e áreas ulceradas e
sangrantes. É a pequena “feridinha” na pele de áreas mais expostas à luz solar,
que forma uma “casquinha” e depois parece cicatrizar, mas que reaparece e nunca
sara, tendendo depois de um certo tempo a aumentar.
O melanoma, na sua forma
mais comum, é o câncer de cor escura, preto, devido à presença de um pigmento
chamado melanina. O melanoma é, dos 3 tipos de câncer, o mais agressivo deles,
podendo apresentar metástases precocemente.
Diante de uma suspeita de
câncer de pele, o correto é procurar um dermatologista rapidamente. O
tratamento ideal é a retirada cirúrgica do tumor, com o cuidado de manter uma
faixa de pele normal entre o nódulo e a incisão cirúrgica. Tal cuidado, geralmente,
leva a uma taxa de cura de 100%. Os tumores de pele são o câncer mais frequente
no Brasil, mas só raramente provocam o óbito – têm uma alta taxa de cura devido
ao diagnóstico precoce e à facilidade de tratamento cirúrgico. Por esse motivo,
tomar cuidado, ficar atento a qualquer anormalidade e proteção sempre, são as
recomendações para aproveitar bem o sol e o verão.
Dr.
Carlos Alberto Reis Freire - oncologista do Hospital San Paolo
- Centro hospitalar localizado na zona norte de São Paulo.
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