Muita coisa pode ser
aprendida através do conhecimento das últimas pesquisas científicas, com o
entendimento de que a ciência é um processo e que os estudos precisam ser
replicados muitas vezes antes de se tornarem realidade
nos consultórios e nos lares
Grande parte do comportamento parental é
aprendido com a experiência; muito é captado por meio da orientação de amigos
de confiança, de familiares e de especialistas e muito tem relação apenas com o
instinto.
“Mas quando se trata de compreender a saúde das crianças, muita
informação pode chegar através do conhecimento das últimas pesquisas
científicas, com o entendimento de que a ciência é um processo e que os estudos
precisam ser replicados muitas vezes antes de se tornarem realidade nos consultórios e nos lares. Com isso em
mente, resolvi listar 10 estudos de saúde publicados em 2014, que considero
relevantes para todos os pais, visando facilitar o diálogo com o médico que
atende seus filhos”, diz o pediatra e
homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Confira a
seleção do médico:
01)
A taxa de prematuros vem caindo. De acordo com dados publicados em novembro, a
taxa de nascimentos de prematuros, nos Estados Unidos, caiu pelo sétimo ano
consecutivo. Em 2013 houve uma baixa de 11,4% em relação a todos os nascimentos
em 2013. (Embora a divulgação do relatório tenha sido feita em 2014, os números
são do ano anterior). “Os especialistas que divulgaram o relatório
caracterizaram os resultados como promissores, mas ressaltaram que ainda há
muito trabalho a ser feito no campo da saúde pública. O relatório salienta que,
embora muitos fatores de risco para o parto prematuro sejam desconhecidos ou
estejam fora do controle dos pais, os esforços para mudar fatores de risco
modificáveis, como o tabagismo durante a gravidez, têm feito uma diferença
mensurável nos resultados”, afirma o
pediatra, que também é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e
Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo;
02)
Riscos da cama compartilhada. Um estudo publicado na revista Pediatrics,
em julho, que investigou os fatores ligados às mortes dos bebês relacionadas ao
sono constatou que a cama compartilhada (bebê dormindo na mesma superfície que
outra pessoa ou animal de estimação) foi o maior fator de risco para aqueles
com idade de 4 meses ou mais jovens. “Para bebês mais velhos - aqueles entre 4
meses e 1 ano, que rolam sobre os objetos, no ambiente de sono, como um
cobertor ou travesseiro, este foi o maior fator de risco associado à morte. É
importante notar, no entanto, que o estudo analisou apenas as correlações, não
estabeleceu causa e efeito”, destaca o pediatra;
03)
Bebês que dormem em condições inseguras. Apesar das preocupações
sobre a segurança dos objetos no ambiente de sono, mais da metade dos pais, nos
EUA, coloca seus bebês para dormir em berços/ camas com cobertores ou outras
coisas soltas, de acordo com um relatório emitido pelo governo em
dezembro. “A porcentagem de pais que coloca seus filhos para dormir com outros
objetos na cama caiu desde a década de 1990. E aqueles que não adotaram as
recomendações da Academia Americana de Pediatria podem estar sendo confundidos
por revistas e catálogos de decoração, que retratam bebês em berços com objetos
desnecessários – e potencialmente inseguros – como cobertores e almofadas de
pelúcia”, observa Chencinski;
04)
Muitos pais usam incorretamente os assentos de carro. Um estudo surpreendente
publicado em outubro, que se concentrou nos dados de um hospital do
Oregon (EUA), descobriu que mais de 90% das mães, pais ou cuidadores cometeu
pelo menos um erro importante na forma como instalaram o assento de carro do
recém-nascido ou como eles posicionaram o bebê na cadeirinha, quando deixaram o
hospital, logo após o nascimento. Os pesquisadores descobriram uma média de
4.2% de "uso indevido" da cadeirinha por família, enquanto que 50%
das famílias que participaram do estudo cometeram cinco ou mais erros. “Apesar
de ter sido impossível para os pesquisadores quantificar o efeito desses erros,
eles disseram que os resultados demonstram claramente a necessidade de mais
informações para que os pais mantenham seus filhos em segurança no carro”, diz
o médico;
05)
Erros ao administrar medicamentos aumentaram muito. A cada oito minutos, uma
criança com idade inferior a 6 anos experimenta um erro de medicação, que não
acontece dentro do consultório do médico ou no hospital, revela um estudo de outubro. “Felizmente, a
maior parte dos erros não implica em risco de morte, embora sejam
generalizados, afetando mais de 200.000 crianças nos Estados Unidos,
anualmente. As taxas de erros foram maiores entre as crianças de 1 ano e mais
jovens, sugerindo que os novos pais podem estar particularmente suscetíveis a
cometer erros relacionados com a medicação”, informa Moises Chencinski;
06)
Reações graves à vacina são raras. “Uma revisão de estudos, publicada em
julho, adicionou corpo substancial às evidências que sustentam a segurança das
vacinas, revelando que as reações adversas graves com 11 vacinas comuns
geralmente dadas a crianças com menos de 6 anos de idade são raras. Os
pesquisadores também não encontraram nenhuma ligação entre essas vacinas e
aumento do risco de Transtornos do Espectro do Autismo”, conta o médico. Em um
editorial que acompanha o relatório, Carrie Byington, da Universidade do
Departamento de Pediatria do Utah, escreveu que os resultados "devem ser
reconfortantes para os pais de crianças pequenas e para os médicos que cuidam
dessas crianças”;
07)
Leitura em voz alta é essencial. Em junho, a Academia Americana de Pediatria emitiu
sua primeira declaração sobre a promoção da alfabetização
infantil, incitando os pediatras a falarem com os pais, durante as consultas,
sobre a importância da leitura em voz alta para seus filhos, assim como eles
discutem preocupações médicas e emocionais importantes. “Os benefícios da
leitura em conjunto, enfatizou a entidade americana, vão além da promoção da
alfabetização. A leitura para crianças
ajuda a alimentá-los emocionalmente e fortalece laços familiares”, destaca o
pediatra;
08)
A taxa é de autismo agora é de 1 em 68. Segundo dados divulgados, em março, pelo
Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 1 em cada 68 crianças, nos Estados
Unidos, é diagnosticada com um Transtorno do Espectro do Autismo. O valor é aproximadamente
30% maior do que a estimativa nacional anterior de 1 em cada 88 crianças,
relatado em 2012. “As razões por trás do
aumento não são totalmente compreendidas: a consciência sobre o Transtorno do
Espectro do Autismo aumentou, o que levou a mais diagnósticos, mas os
especialistas acreditam também que alguns fatores de risco podem estar em
ascensão”, informa o médico;
09)
Métodos de controle de natalidade de longa ação devem ser a primeira
escolha para adolescentes. Em uma declaração de setembro, a Academia
Americana de Pediatria recomenda que os dispositivos intrauterinos (DIU) e os
implantes - ambos, formas de ação prolongada reversíveis de contracepção hormonal
- são a opção contraceptiva de primeira linha para meninas adolescentes que são
sexualmente ativas. “No entanto, como nenhum método protege contra doenças
sexualmente transmissíveis, o preservativo deve ser utilizado quando as
adolescentes têm relações sexuais, insiste a entidade médica”, lembra o
pediatra;
10)
Estudar à tarde beneficia mais os adolescentes. “Em agosto, a Academia
Americana de Pediatria tomou medidas para enfatizar o papel de
extrema importância que o sono desempenha na saúde geral dos adolescentes,
sugerindo que as escolas de ensino médio não comecem suas aulas antes das
08h30, a fim de ajudar a reduzir a privação de sono generalizada e a incentivar
jovens e adolescentes a obterem as 8,5-9,5 horas de sono todas as noites que
recomendadas para eles”, conta o médico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário