Médica
do Hospital 9 de Julho fala sobre o perigo da transmissão de doenças como a
Hepatite A quando a água não é adequadamente higienizada
Com
a crise hídrica nas grandes cidades, muita gente tem buscado fontes
alternativas de água, como a contratação de caminhões pipa e a exploração de
poços artesianos. O problema é que, em situações como estas, nem sempre é
possível saber a origem e medir a qualidade da água. Segundo a Dra. Marta
Deguti, hepatologista do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho, “a
falta de água está nos fazendo refletir sobre vários aspectos que antes
passavam desapercebidos. A fonte de coleta é um deles, afinal, a falta de
tratamento adequado representa um risco alto para a nossa saúde”.
Para
tornar a água potável e segura para consumo, é necessário um tratamento com adição
de substâncias que eliminam bactérias, vírus e verminoses. Este processo é
fundamental para diminuir a incidência de doenças causadas pela falta de
saneamento. Segundo a especialista, muitas pessoas, na ânsia de armazenar água,
estão fazendo reservatórios de fontes duvidosas, como rios e poços artesianos
improvisados.
As
consequências disso podem ser tanto as infecções transmitidas por
microrganismos que contaminam a água, como aquelas causadas por mosquitos que
se reproduzem na água limpa estagnada, em especial a dengue e a febre amarela.
“A contaminação química por chumbo e arsênico, por exemplo, também pode causar
danos à saúde. A forma mais comum é a contaminação por esgoto, com sintomas
como náuseas, vômitos, diarreia e doenças como a até Hepatite A”, afirma a Dra.
Marta.
Hepatite A
A
Hepatite A é uma inflação do fígado causada por um vírus. Na maioria dos casos,
ela não é grave, mas é importante que tenha o diagnóstico e tratamento
adequados. De acordo com a Dra. Marta, “esta doença tende a ser mais
amena quando pega na infância. Na fase adulta, seu tratamento exige maior
atenção. Por isso, quem nunca a desenvolveu, deve se vacinar, principalmente as
mulheres que estão planejando engravidar, já que durante a gestação ela pode
trazer sérios riscos tanto para mãe, quanto para o feto”.
A
transmissão da Hepatite A é fecal oral, ou seja, a pessoa pode adquirir o vírus
pelo contato com água e alimentos contaminados. “Por isso, ela é mais comum em
locais onde não há saneamento básico. Tem muita gente que adquire a inflamação
durante viagens, quando em contato com mar e rios que impróprios para banho e
ter cuidado com o consumo de frutos do mar que, dependendo da procedência,
podem estar contaminados”, afirma a especialista.
Quando
recorrente, ou seja, quando seus sintomas voltam após a melhora do paciente, a
Hepatite A pode exigir tratamento medicamentoso, além do habitual isolamento
para evitar a transmissão. “Os principais sintomas são vômitos, mal-estar,
urina de cor escura e desconforto abdominal na região do fígado. Nestes casos,
é preciso procurar um serviço médico”.
Segundo
Marta, a incidência deste tipo de enfermidade pode crescer caso a população não
avalie as fontes alternativas de água, sem manter cuidados como a a sua
desinfecção, fervendo-a ou aplicando duas gotas de
hipoclorito de sódio por litro de água, 30 minutos antes de bebê-la. Outra
solução caseira é diluir uma colher de sopa de água sanitária a 2,5%, sem
alvejante, em um litro de água, deixando 30 minutos em repouso antes do consumo.
O
aumento do uso de caminhões pipa também merece atenção, já que é preciso
verificar a qualidade e origem na hora da compra. Ela afirma que “o vírus da
Hepatite A pode sobreviver semanas quando em contato com a água. Não podemos
nos descuidar quanto à origem do que consumimos. Águas de profundidade sem
tratamento, poços mal planejados e até caixas d’água que não são bem cuidadas
podem ser transmissoras de bactérias e vírus que causam doenças, como a
Hepatite”, finaliza.
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