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No Brasil, cerca
de 30 mil mulheres recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer
ginecológico. O mais comum deles, de colo do útero, pode ser evitado com vacina
contra HPV e exame de Papanicolau. Conscientizar a população sobre como
prevenir o câncer de colo de útero e os demais tumores ginecológicos é a
principal missão do EVA, grupo multidisciplinar responsável pela campanha
Setembro em Flor. Em São Paulo, a prevalência de câncer de colo do útero é de
5,93 casos para cada 100 mil mulheres
Os três tipos de tumores ginecológicos mais comuns
no Brasil são os cânceres de colo do útero, ovário e corpo do útero
(endométrio). Juntos, eles somam 29,8 mil novos casos anuais, segundo estimativas
do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Outros dois tipos, câncer de vulva e
vagina, também entram nesse grupo, mas para eles não há dados nacionais
oficiais de novos casos/ano.
Em São Paulo, a prevalência de tumores
ginecológicos segue a tendência verificada no Brasil: a maior é do câncer de
colo do útero, com 5,93 casos para cada 100 mil mulheres. A boa notícia para as
paulistas é que esta prevalência é a mais baixa do país. Comparativamente, os
vizinhos Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro registram taxas para
cada 100 mil mulheres de 6,89, 10,33 e 12,80 casos, respectivamente. Na
sequência, entre os tumores ginecológicos em São Paulo, estão os cânceres de
ovário, com 4,86 casos para cada 100 mil e o de endométrio, 4,98 casos para
cada 100 mil mulheres. São Paulo, somando os cânceres de colo do útero,
endométrio e ovário registra 5.540 novos casos anuais.
No Brasil, o câncer de colo uterino é o terceiro
mais comum nas mulheres, atrás apenas de câncer de mama e colorretal. Apesar da
alta incidência, vale ressaltar que esta doença não só pode ser diagnosticada
precocemente, como também é evitável. As medidas primordiais para evitar o
câncer de colo de útero são o acesso e adesão ao exame de Papanicolau e à
vacina contra o papilomavírus humano (HPV). Tanto o exame quanto a imunização
estão disponíveis na rede pública, porém, com gargalos nas cinco regiões do
país. Portanto, fica fácil de entender por que em São Paulo, o estado mais rico
do país, onde há mais acesso ao Papanicolau e à vacina contra o HPV, a
incidência de câncer de colo de útero é de 5,93 casos por cada 100 mil
habitantes.
O principal fator de risco - A contaminação pelo vírus HPV é um fator causal para quase todos os
casos de câncer de colo do útero. Para imunização dos HPVs oncogênicos 16 e 18,
que são responsáveis por 70% dos tumores malignos no colo uterino, há vacina
disponível na rede pública. A vacina quadrivalente, que protege contra os HPVs
16 e 18, também previnem os HPVs 6 e 11, que são responsáveis pela maioria das
lesões genitais.
A vacina quadrivalente é distribuída gratuitamente
pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Também é
distribuída na rede pública para mulheres e homens imunossuprimidos (que vivem
com HIV/aids, estão em tratamento oncológico ou realizaram transplante de órgãos,
etc.) até os 45 anos. Para esse grupo, a vacina é oferecida em 3 doses, com
intervalo 0, 2 meses e 6 meses. Em razão da baixa adesão às campanhas de
vacinação contra HPV e gargalos no acesso ao exame Papanicolau, o Brasil
apresenta alta incidência e mortalidade por câncer de colo do útero.
Dados do estudo EVITA realizado pelo Grupo
Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) em parceria com o LACOG demonstrou
alguns motivos mais frequentemente relatados para a não realização do
Papanicolau: falta de vontade em 46,9%, vergonha ou constrangimento em 19,7%, e
falta de conhecimento em 19,7%. Este estudo também demonstrou que a baixa
adesão ao papanicolau está associada a disparidades sociais, menor renda, nível
educacional e parceiro estável. Dessa maneira, a conscientização é
importantíssima e o conjunto de ações: vacina contra HPV, papanicolau e
tratamento precoce, são capazes de salvar vidas de mulheres, na sua maioria
jovens e economicamente ativas.
Campanha Setembro em Flor - Com o objetivo de alertar a população sobre os fatores de risco, sinais
e sintomas precoces dos tumores ginecológicos, buscando minimizar tratamentos,
reduzir sequelas e salvar vidas, o EVA idealizou para 2022 a campanha Setembro
em Flor. Com inspiração no mês que marca o início da primavera, a flor é
adotada na campanha com as suas pétalas tendo diferentes cores, cada uma
representando um dos cinco tumores ginecológicos (colo uterino, corpo uterino,
ovário, vulva e vagina). A flor é também um símbolo de vida, pureza,
feminilidade, fertilidade, o que representa bem a mulher.
A programação especial da campanha inclui um
Workshop de acolhimento de pacientes, no dia 21, além do lançamento dos dois
primeiros episódios do EVA PODCAST e da cartilha sobre HPV. Além disso, em 5 de
setembro foi realizada a live “Como ser agente de prevenção do câncer
ginecológico”, voltada aos agentes comunitários (ACS) de saúde e agentes de
combate às endemias (ACE), em parceria com o projeto A CASA, do Instituto
de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS),
Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às
Endemias (CONACS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.
Tumores ginecológicos: causas,
sintomas e prevenção - Os tumores
ginecológicos se diferenciam quanto aos fatores de risco, conforme local de
origem. Se por um lado o câncer de colo do útero, como já descrito, tem o
HPV como fator causal, o câncer do corpo do útero (ou endométrio) vem
apresentando crescimento de incidência nos últimos anos provavelmente por conta
da obesidade. O câncer de corpo do útero é responsável por cerca de 6.500 novos
casos e pela morte de mais de 1800 mulheres/ano no país. Infelizmente, não
existe um método eficaz para rastreamento, hoje tem como principal fator de
risco a obesidade, mas os principais sintomas são sangramento uterino anormal e
desconforto pélvico, que podem alertar à mulher para necessidade de procurar
por atendimento médico e assim, há mais chances de diagnóstico e tratamento
precoces.
O câncer de ovário é o segundo tumor ginecológico
maligno mais comum e é o que apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os
cânceres femininos. É chamado de tumor silencioso, por não apresentar sintomas
específicos e ausência de métodos eficazes de rastreamento. Alterações genéticas
podem estar presentes em 25% das pacientes com câncer de ovário e a história
familiar de câncer de mama e ovário devem sempre ser sinais de alerta. Os
testes genéticos tornam-se importantes ferramentas não só para definição de
tratamento, mas para aconselhamento genético aos familiares.
Os cânceres de vulva e vagina são tumores mais
raros e que também possuem associação com infecção por HPV como fator causal. A
vacina contra o HPV e o exame ginecológico de rotina são os pilares para
prevenção e diagnóstico desses tumores em fases iniciais. Apesar dos
avanços em prevenção e tratamento, a taxa de mortalidade no Brasil não tem
diminuído satisfatoriamente devido a diagnósticos com doença avançada e atraso
para início do tratamento, conforme estudo recente de membros do EVA.
Grupo
Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA)
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1 - Instituto Nacional do Câncer: Estatísticas 2020. www.inca.gov.br/estimativa/estado-capital/brasil
2 - Instituto Nacional do Câncer: Atlas de mortalidade. www.inca.gov.br/app/mortalidade
3 - Instituto Nacional do Câncer: Perguntas frequentes: www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/quem-pode-ser-vacinado-contra-o-hpv
4 - Instituto Nacional do Câncer: Detecção precoce: https://www.inca.gov.br/en/node/1194
5 - A.C. de Melo, A.F.D.C. Calabrich, E. Cronenberger, K.L. Torres, F.
Damian, R. Cossetti, C.R.A.S. De Azevedo, A.J. da Fonseca, Y. Neron, J.S.
Nunes, A. Lopes, F. Thome ́, R. Leal, G. Borges, P.R.S. Nunes Filho, F.
Zaffaroni Caorsi, R.D.S. Freitas, G. Werutsky, F.C. MalufQuality of life in
newly diagnosed patients with cervical cancer in Brazil: Results of EVITA study
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6 - Eduardo Paulino, MD1,2; Andreia Cristina de Melo, PhD1,2; Agnaldo
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Thuler, PhD1; Paul Goss, PhD4,5; and Angelica Nogueira-Rodrigues, PhD2,3
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7 - Ferlay J, Colombet M, Soerjomataram I, Parkin DM, Piñeros M, Znaor A,
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Apr 5. doi: 10.1002/ijc.33588.