Diretor científico da Sociedade Paulista de Infectologia, Dr. Eduardo Medeiros, responde sobre esses questionamentos
Muitas dúvidas sobre a varíola dos macacos surgiram nos últimos meses por conta do aumento no número e formas de transmissão. Até agora, o Brasil tem 6.129 casos confirmados de monkeypox, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde divulgados no último dia 13 de setembro. A maioria das infecções foi registrada no estado de São Paulo.
A Organização Mundial da Saúde declarou em 23 de julho a varíola dos macacos uma emergência de saúde global. Mais de 90 países onde a doença não é endêmica reportaram surtos, somando mais de 47,6 mil casos confirmados no mundo. No fim de julho, a OMS classificou a situação no Brasil como "muito preocupante".
Por este motivo, o Professor da Disciplina de
infectologia da EPM-Unifesp e Diretor Científico da Sociedade
Paulista de Infectologia, Dr. Eduardo Medeiros,
esclarece as principais dúvidas. Confira.
1 - A principal forma de
transmissão é pelo contato com as lesões?
Sim, principalmente com as vesículas (pequenas
bolhas) que possuem grande quantidade de vírus. Se após o contato com a lesão e
as mãos não forem higienizadas e levadas à boca ou aos olhos, podem transmitir
a infecção.
2 - Quem tomou a vacina contra a
varíola há mais de 50 anos está totalmente protegido contra a doença?
Alguns estudos mostram que existe alguma proteção.
O vírus da monkeypox é do mesmo gênero da varíola humana e pode ter proteção
cruzada. Porém uma vacinação há muito tempo, pode não ter mais a mesma resposta
imunológica.
3 - Devemos ter cuidado com as
roupas do familiar que está com a monkeypox?
Se o familiar está com diagnóstico da doença,
procure não sacudir as roupas, pois pode espalhar o vírus no ambiente. As
roupas de cama e a vestimentas devem ser colocadas em um balde ou saco plástico
e colocadas para lavar na máquina ou no tanque, deve-se evitar manipular as
roupas antes de lavá-las.
4 - Pacientes com a doença não
transmitem aos seus animais de estimação?
É possível transmitir sim, se o animal lamber ou
morder as lesões ou se a pessoa com a infecção na boca beijar o animal próximo
da boca ou das mucosas. O vírus da monkeypox pode infectar mamíferos, em
particular, roedores. A infecção em outras espécies ainda está sendo estudada,
embora já exista relato de transmissão para animais domésticos.
5 - O sexo seguro é uma medida de
contenção a doença?
Sim, isso inclui o cuidado na escolha de parceiros
sexuais e adotar medidas de prevenção. Evitar relação sexual com múltiplos
parceiros é uma medida de prevenção, pois a principal forma de transmissão é o
contato com as lesões. Se você tem relação sexual com várias pessoas, em um
curto espaço de tempo durante uma epidemia, aumenta a possibilidade de
encontrar um parceiro com monkeypox e adquirir a infecção. Como aconteceu com a
infecção pelo HIV (vírus da Aids), a infecção acomete inicialmente grupos
específicos mais expostos, no caso da monkeypox, homens que fazem sexo com
homens, porém com o tempo se dissemina para mulheres. Muitas das lesões não se
restringem ao pênis, vagina ou região perianal, assim, mesmo com o preservativo
é possível ocorrer a infecção se existir contato com lesões em outros locais do
corpo.
Ainda segundo Medeiros, é importante que quem
contrair a varíola dos macacos deve ficar em isolamento. “Ele deve ser mantido
até que a pessoa não apresente mais lesões com crostas que, em geral, dura
entre três e quatro semanas do início dos sintomas”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário