Variação
negativa impactou o orçamento das classes mais baixas
Embora esteja mantendo um patamar elevado no
acumulado dos últimos 12 meses, o custo de vida das famílias na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP) caiu pelo segundo mês consecutivo, segundo a
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP). Em agosto, houve deflação de 0,21% no índice – seguindo a queda
de 0,18% apontada em julho pela pesquisa Custo de Vida por Classe Social
(CVCS), da Entidade.
O decréscimo tem explicação: a variação forte para baixo do grupo de transportes
em agosto (-2,84%), na comparação com julho, ocasionada pelo reajuste nas
refinarias dos preços de combustíveis. Só a gasolina caiu 10,6% nas bombas no
mês passado, enquanto o etanol baixou 8,6%, e o óleo diesel – cujo preço incide
na logística do País, na medida em que é o combustível utilizado por caminhões
– perdeu 3,2% do preço que tinha em julho.
No entendimento da FecomercioSP, o ponto mais significativo dos dados são as retrações contundentes entre as classes mais desfavorecidas (D e E): -0,59% e -0,44%, respectivamente, em razão da queda nos preços dos combustíveis nas bombas dos postos.
Na análise entre os estratos sociais, nota-se que o custo de vida, ao longo do mês, caiu menos para os que ganham mais: -0,06% para a classe B, e -0,12% para a A.
Segundo a Federação, estas taxas indicam um alívio no bolso das famílias que foram mais impactadas pela inflação de produtos e serviços nos últimos anos. Mais do que isso, sinalizam uma recuperação gradativa da vida financeira de milhões de paulistanos – a qual pode ser comprovada, em outra frente, pelo aumento da oferta de vagas formais de emprego. Isso se vê, por exemplo, no fato de o acumulado dos últimos 12 meses (9,23%) estar na menor taxa desde junho de 2021. De janeiro para cá, a alta do custo de vida na RMSP é de 4,83%.
A segunda maior retração, no mês, foi apontada no grupo de comunicação (-1,2%), afetada principalmente pela variação negativa dos planos de telefonia móvel. No entanto, o seu impacto é menor no resultado geral.
Chamam a atenção, ainda, a desigualdade na inflação e a deflação no grupo de alimentos e bebidas entre as classes sociais analisadas na pesquisa: em agosto, os preços destes itens caíram 0,37% para as famílias da classe E, enquanto subiram 0,55% para a classe A. Uma explicação possível é a retração nos preços de produtos que fazem parte da cesta básica, como o leite (-2,5%), o feijão (-5,9%) e o óleo de soja (-4,5%).
Varejo cai, serviços sobem
As quedas no custo de vida das famílias na RMSP se observam também no decrécimo de 0,75% do Índice de Preços no Varejo (IPV) de agosto, em relação a julho. Neste caso, os dois grupos que mais colaboraram para o resultado foram os de transportes (-4,3%) e de alimentação e bebidas (0,48%). Como já se viu, isso se explica pelas diminuições nos preços dos combustíveis, mas também de itens básicos de alimentação.
No acumulado do ano, o IPV registra alta de 6,2%, e nos últimos 12 meses, de 11,1%.
Na análise do índice, a variação negativa dos
preços se seguiu maior conforme os estratos sociais: para a classe E, foi de
-0,83%, enquanto para a classe A, a taxa foi de -0,47%.
Os serviços ficaram 0,38% mais caros em agosto, segundo o Índice de Preços de
Serviços (IPS). No ano, já acumulam um aumento de 3,36%, impulsionados pelos grupos
de transportes e de alimentação e bebidas.
Nota metodológica
CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de
Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de
renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de
preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A
estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo
obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O
IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.
FecomercioSP
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