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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Depois do "quiet quitting", o "unrecognized effort"

O quiet quitting tomou conta da web nas últimas semanas. Em uma tradução ao pé da letra, o termo significa "desistência silenciosa”, demonstrando as atitudes de colaboradores que buscam fazer o mínimo necessário para não serem demitidos. O que pouca gente sabe é que já há um novo termo à caminho, o unrecognized effort, que é exatamente o oposto, quando há total falta de reconhecimento de um colaborador. 

Obviamente, todos nós gostamos de ser reconhecidos em nosso ambiente de trabalho. A importância desta valorização para a satisfação e produtividade dos profissionais é um tema padrão nas empresas, mas, nem sempre colocada em prática de maneira adequada. Nos últimos anos, constantes índices de demissões vêm afetando o mercado, justificadas especialmente por esta falta de retorno sobre as responsabilidades individuais. Nesse cenário, aquelas que permanecerem desmerecendo esta relevância, certamente correrão riscos graves para sua perpetuidade.

Existem diversos motivos presentes no dia a dia corporativo que podem desencadear o unrecognized effort. Na maioria dos casos, é muito comum observar companhias que, devido à correria na entrega de projetos ou acúmulo de responsabilidades, acabam deixando de lado os feedbacks positivos a seus times por não conseguirem conciliar ambas as tarefas. Ainda, em casos mais questionadores, ainda existem muitas marcas que não compreendem tal importância, ao ponto de não ser uma prática fundamentada em sua política interna.

Já em níveis de experiência profissional, essa lacuna também é acentuada naqueles que já estão no mercado há algum tempo e, dessa forma, são erroneamente entendidos como trabalhadores que não necessitam mais de reconhecimento por suas conquistas. Em seu lugar, apenas aqueles mais jovens e recém-formados costumam receber maior atenção, alegando como uma ação essencial para seu crescimento na empresa.

Seja qual for a situação, deixar de reconhecer até mesmo as mínimas conquistas dos profissionais, podem desencadear uma insatisfação crescente com um risco perigoso de se tornar irreversível até seu pedido de demissão. Para comprovar essa relação, um estudo realizado pelo Office Team constatou que cerca de 66% das pessoas provavelmente deixariam seu emprego caso não se sintam apreciadas. Nos millenials, esse número chega a 73%.

Independentemente de idade, perfil ou área de atuação, o unrecognized effort é um dos descuidos mais perigosos que uma empresa pode ter com seus times. Sem o devido marco de reconhecimento sobre comportamentos ou ações corretas, fica fácil se perder e sentir confuso perante a eficácia de seu trabalho – levando a um aumento inevitável de desorientação nas equipes, desmotivação e, assim, redução da performance em um efeito cascata.

Ao reconhecer as vitórias de cada um, a companhia reforça constantemente o esforço individual e coletivo, ressaltando o caminho certo percorrido até então e estimulando que este comportamento permaneça progressivamente no desenvolvimento profissional. Muito além do que um incentivo emocional, o reconhecimento no trabalho é um direcionamento corporativo, indicando o que deu certo e que deve permanecer sendo aplicado.

Um bom relacionamento entre líderes e equipe deve ser composto por uma remuneração justa, estímulo ao aprendizado das habilidades e conhecimentos, sentimento de realização em suas funções e, acima de tudo, capacidade de equilibrar a satisfação dos membros da empresa conforme suas necessidades. Afinal, enquanto alguns profissionais possam precisar de uma atenção à mais sobre suas tarefas, outros não sentem tamanha importância deste retorno constante.

Mesmo sendo uma prática teoricamente enraizada em diversas companhias, o reconhecimento dos esforços dos profissionais deve se tornar algo natural na rotina das empresas. É preciso aprimorar um olhar diferenciado para os times, compreendendo a importância de um feedback positivo sobre suas conquistas para sua satisfação, produtividade e bom desempenho.

Caso não se sintam realizados neste quesito, é papel do profissional buscar compreender o motivo – seja pela quebra de expectativa com as entregas desejadas pela empresa, não inciativa da contratante ou falta de conhecimento sobre tal essencialidade. Todo negócio de sucesso é formado por equipes engajadas e motivadas, e aqueles que fugirem desta relação, certamente terão dificuldades em construir e gerenciar verdadeiros talentos rumo ao sucesso.

 

Ricardo Haag - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.

 

Wide

https://wide.works/

 

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