O novo quadro geopolítico europeu tem mais um
movimento. A estatal russa de energia avisou, na última segunda-feira, 25, que
as exportações de gás – especialmente para a Alemanha – estavam reduzidas a 20%
da capacidade do gasoduto Nord Stream. E foi direto ao motivo: as
sanções.
Segundo o especialista Leonardo Trevisan, professor
de economia e relações internacionais da ESPM, o entrave foi quase
cinematográfico. “Na quarta-feira passada os russos devolveram os 40% de
entrega do gás porque a Europa garantiu a devolução de uma turbina desse mesmo
gasoduto enviada ao Canadá para manutenção. Porém, em seguida interpôs entraves
burocráticos para a efetiva devolução. A empresa alemã Siemens Energy,
responsável pelo serviço, não forneceu a documentação necessária para a etapa
final da entrega até território russo. Pior, disse que foi a Rússia quem não
emitiu a documentação necessária”, diz.
Segundo Trevisan, o Kremlin apenas agiu e mudou o
tom no jogo diplomático iniciado com o acordo firmado na semana passada.
Ucrânia e Rússia concordaram sobre a abertura do comércio de grãos no Mar
Negro, patrocinado pela ONU e pela Turquia. Esse acordo contemplava o pedido
russo de proteção às companhias de transporte e de garantias de que não
sofreriam sanções por transportar produtos russos, incluindo fertilizantes.
Também incluía o “descongelamento de fundos” de bancos russos pela União
Europeia.
“O drama ficou novamente mais denso para os
europeus, quando o presidente do Ifo, o poderoso instituto de pesquisa alemão,
Clemens Fuest, avisou que a Alemanha “está à beira de uma recessão” com forte
queda do índice de confiança dos empresários do país. O Kremlin, depois de mais
um ciclo de oscilações dos europeus, apenas continuou “jogando o seu jogo”. Sem
esquecer que China e Índia confirmaram o interesse de continuar a comprar
petróleo e gás russo”, comenta Trevisan.
Fonte: Leonardo Trevisan, professor de economia e
relações internacionais na ESPM.
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