Diante dos desafios individuais e sociais postos,
muitos dos quais ainda não superados, o que esperar de um novo ano? O que 2022
pode proporcionar? Muito? Se pararmos para observar, culturalmente “dezembro”
abre espaço mental coletivo para o redesenho de grandes metas... das literais
“páginas em branco” de uma nova vida que se aproxima com a virada.
Entretanto, uma percepção abrangente vai revelar
que na maior parte das vezes também temos essa esperança em outros momentos do
ano, talvez não com a mesma intensidade, porém a cada dia estamos diante de uma
nova oportunidade, ou não? O que talvez nos falte com frequência é a tomada de
consciência de que de fato podemos ter marcos temporais, como a virada de ano,
para tomada de grandes decisões e planejamento, só que precisamos ainda mais de
esperança ativa, isto é, agir de maneira constante na direção de nossos
objetivos, acreditando que se realizarão. Precisamos nos engajar em nossas
próprias vidas!
Como então recomeçar bem e agora, aproveitando esse
momento atual tido como o mais propício?
Em primeiro lugar, é importante que pensemos com
solidariedade. Enquanto há quem esteja neste momento começando a executar os
planos mais variados para o ano, outros estão em extrema vulnerabilidade social
e mesmo em desespero, em busca de alimento, moradia e segurança, entre outros
interesses -- e direitos -- básicos de sobrevivência e proteção de dignidade.
Portanto, é ideal, que em cada recomeço de dia pensemos “como podemos
contribuir socialmente?”; e façamos isso com todo cuidado e urgência. A
contribuição social é uma importante área da vida e capaz de gerar
transformações que efetivamente precisamos.
Feito esse destaque, a segunda sugestão, já no
plano individual, é que valorizemos os resultados já obtidos e a própria vida.
Analise detidamente o ano que passou e mesmo anos anteriores e mapeie e
intensifique as memórias das pequenas e grandes vitórias. Passe um tempo
apreciando as conquistas e identificando o que sentiu em cada momento, como
celebrou e que fatores potencializaram que cada uma viesse a acontecer.
Inspire-se para então desenhar metas (com clareza de o quê, por quais motivos e
como fará) para manter os resultados de suas conquistas -- afinal nem tudo é
sobre mudanças e novos planos -- e estabelecer quais são novas metas.
Ao pensar em novas metas, faz sentido também
dedicar um tempo para analisar as coisas que saíram parcialmente da forma como
você queria e as que não se realizaram. É importante mapear e definir se as
metas não atingidas ou atingidas parcialmente ainda merecem continuar na sua
agenda. Perceba que talvez alguns fatores externos tenham atrasado ou mesmo
impediram a realização de algo importante. Esse algo ainda é relevante? Que
você decide fazer a respeito?
Novamente tome consciência e estabeleça suas
prioridades (reais necessidades) executáveis (sonhe alto, só tenha dimensão das
etapas) observando com cuidado cada área de sua vida: família, desenvolvimento
amoroso, vida social, criatividade, felicidade, espiritualidade, saúde,
desenvolvimento intelectual, equilíbrio emocional, realização e propósito,
recursos financeiros e contribuição social.
Ao desenhar seu plano de ação para 2022 -- ou
aprimorá-lo, o que pode ser feito sempre que necessário --, evite comparações.
Pense em pessoas em quem se inspirar e não pessoas para se comparar! Além
disso, acolha o momento presente e o potencial dele, isto é, alguns objetivos
podem até se realizar rapidamente, ainda esse dia, semana ou mês... outros
levarão tempo e por isso você deve ser capaz de reconhecer os resultados
parciais e valorizá-los, isto é, mapeie sempre as evidências de que está no
caminho para realizar seus objetivos e os celebre! Assim, colaborará para uma
mentalidade mais positiva e perceberá que a felicidade não estará presente
apenas no final...
Além disso, obrigatoriamente inclua em sua agenda
tempo para pausas e descanso e melhore sua relação com o tempo, checando o que
é urgente e importante e o que é menos importante e pode esperar, lembrando que
teremos de lidar com desafios com bastante resiliência e criatividade. Em
outras palavras, o seu melhor plano pode sofrer abalos e então no lugar de se
frustrar, acolha sua tristeza, dor, raiva ou qualquer outro sentimento e emoção
que emergir e responda da melhor maneira possível. Você terá de desistir do
objetivo ou redesenhá-lo? Em caso de desistência, está certo de ser o melhor ou
único caminho? Pense com cuidado, pois as vezes a questão envolve mais
redesenho que desistência. Se for este o caso, todavia, agradeça e siga.
Por fim, fica a sugestão de que sejam quais forem
suas prioridades, caso possa dar destaque, que você inclua no seu repertório
diário de metas as relacionadas com saúde, qualidade de vida e bons
relacionamentos interpessoais. São esses os três elementos mais frequentemente
indicados em pesquisas científicas como preditores de felicidade. Lembre-se:
felicidade é também Direito e todos nós merecemos vivê-lo agora. Por favor, não
espere janeiro de 2023.
Aline
Freitas - especialista e
cofundadora da Consultoria Felicidade Individual e Coletiva e professora de
Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.
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