Pacientes com
condições pulmonares já comprometidas, em decprrência do tabagismo, podem estar
em maior risco de complicações mais graves da infecção pelo Coronavírus
A nova doença do coronavírus (COVID-19) já evoluiu
para uma pandemia que se espalha rapidamente pelo mundo gerando grande impacto
econômico em muitos países e, principalmente, na saúde pública. Além disto,
imensos desafios e possibilidades de transformações sociais para a humanidade
vêm sendo colocados à prova para toda a população mundial já que se tornou
o"inimigo público número 1" e potencialmente mais poderoso que o
terrorismo.
A psiquiatra, especialista em dependência química e
vice-presidente da Associação Brasiliera de Estudos do àlcool e outras Drogas
(ABEAD), alerta que o vírus ataca o trato respiratório e parece ter uma taxa de
mortalidade mais alta que a gripe sazonal. Além disso, os indivíduos que foram
expostos à nicotina antes de terem contato com o vírus estão em maior risco,
porque a nicotina pode afetar diretamente o receptor putativo do vírus (ECA2) e
levar à sinalização prejudicial nas células epiteliais do pulmão.
As pessoas que fazem uso de cigarros eletrônicos e
outras formas de vaping também estão sujeitas a um quadro mais grave da
ingecção pelo novo Coronavírus, na opinião de Alessandra Diehl. “Dados
prelimanares apontam uma possível ligação entre a COVID-19 e vaping. Dados
referentes à epidemia decorrente da Síndrome Respiratória Coronavírus no
Oriente Médio (MERS-CoV) que ocorreu entre 2012 e 2015, a qual possui aspectos
clínicos semelhantes aos do COVID-19, apresentam uma associação positiva entre
tabagismo e letalidade. Os indivíduos que foram infectados e eram tabagistas
apresentam taxa de letalidade de 37% contra 19% dos não tabagistas”, argumenta
a psiquiatra.
Para ela é razoável, portanto, se preocupar que a
função pulmonar comprometida ou a doença pulmonar relacionada à história do
tabagismo que podem colocar as pessoas em risco de complicações graves do
COVID-19. “O tabagismo é prejudicial para o sistema imunológico e sua
capacidade de resposta a infecções, tornando os fumantes mais vulneráveis a
doenças infecciosas. Os fumantes têm duas vezes mais chances de contrair
influenza do que os não fumantes e apresentam sintomas mais graves, enquanto os
fumantes também foram notificados por terem maior mortalidade no surto anterior
de MERS-CoV”, relata Alessandra.
Ela destaca ainda outro aspecto importante a ser considerado
nos tabagistas que diz respeito ao padrão comportamental do indivíduo de levar
a mão à boca e ao rosto, o que aumenta a possibilidade de contaminação. “Devido
ao isolamento social, como medida preventiva ao COVID-19, é comum que os
indivíduos se sintam mais ansiosos e/ou angustiados, o que aumenta a
necessidade e urgência em fumar. Por conseguinte, não tabagistas que residem
com tabagistas, durante o período de restrição ou isolamento social ficam mais
expostos à fumaça do cigarro, o que, secundariamente, aumenta o risco à saúde
desse familiar não fumante”, explica a psiquiatra.
A relação entre o tabaco e a letalidade da COVID-19
Tem sido observado em pesquisas científicas que
condições co-ocorrentes, incluindo DPOC, doenças cardiovasculares e outras
doenças respiratórias, pioram o prognóstico em pacientes com outros coronavírus
que afetam o sistema respiratório, como aqueles que causam SARS e MERS. De
acordo com os dados do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (China
CDC), a taxa de mortalidade de casos para COVID-19 foi de 6,3% para aqueles com
doença respiratória crônica, em comparação com um CFR de 2,3% no total.
Na China, 52,9% dos homens fumam, em contraste com
apenas 2,4% das mulheres; uma análise mais aprofundada dos dados emergentes do
COVID-19 da China pode ajudar a determinar se essa disparidade está
contribuindo para a maior mortalidade observada nos homens em comparação às
mulheres, conforme relatado pelo China CDC. Embora os dados até o momento sejam
preliminares, eles destacam a necessidade de mais pesquisas para esclarecer o
papel da doença subjacente e outros fatores na suscetibilidade ao COVID-19 e
seu curso clínico.
Alessandra esclarece que pacientes com condições
pulmonares já comprometidas podem estar em maior risco de complicações mais
graves do COVID-19. Especificamente, as pessoas que fumam crack, maconha, usam
opióides ou metanfetamina podem enfrentar um risco aumentado. “Além disso, o
uso crônico de opioides já aumenta o risco de respiração lenta devido à
hipoxemia, o que pode levar a complicações cardíacas e pulmonares que podem
resultar em overdose e morte. Existe a possibilidade de aumentar os riscos de
resultados adversos de COVID-19 nesses pacientes”, destaca.
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